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Liderança longeva: CEOs 50+ falam dos aprendizados e desafios do cargo

Enquanto o etarismo é pauta no mercado de trabalho, executivos contam que estão mais ativos do que nunca e longe dos estereótipos de idade

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Foto do author Ludimila Honorato
Atualização:

O momento é histórico. CEOs com mais de 50 anos têm o desafio de gerenciar quatro gerações no mesmo ambiente e lidar com as novas tecnologias e ferramentas de trabalho. Mas, por vezes, eles têm de encarar o etarismo, ou seja, a discriminação baseada em estereótipos relacionados à idade.

No auge da carreira, esses profissionais podem sofrer uma pressão para deixar o cargo. Porém, na contramão desse pensamento, eles se sentem mais ativos do que nunca, aptos a exercer suas funções e gerenciar uma empresa. E alguns fatores permitem esse cenário, como o aumento da expectativa de vida e a abertura do mercado de trabalho para contratar pessoas nessa faixa etária.

Aos 85 anos, Thomas Case segue ativo na liderança da empresa que fundou, a Pés Sem Dor Foto: Alex Silva/Estadão

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“Eu tenho uma enorme ambição para a empresa. Todos os dias são novos desafios, novas oportunidades e pressão por resultados”, diz Thomas Case, de 85 anos, fundador e CEO da Pés Sem Dor. Antes, ele fundou e gerenciou a empresa de vagas de emprego Catho por dez anos.

Assim como ele, outros três CEOs ouvidos pelo Estadão, na faixa de 50 a 70 anos, seguiram o caminho do empreendedorismo, tendo assumido esse cargo antes ou não. Mas ter um negócio próprio nessa fase da vida é apenas um dos caminhos.

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“Hoje, pessoas 60+ podem tranquilamente assumir posições no mercado, que está aberto para alguns segmentos onde falta experiência”, afirma o sócio e consultor sênior da ZRG Partners, Darcio Crespi.

Nesse momento, em vez de falar de um plano de carreira, ele destaca o modelo de projetos, em que as companhias buscam profissionais em nível de diretoria que já tragam uma experiência específica. “É uma expertise para estabilizar o lugar, estabelecer problemas específicos, trazer um conhecimento que falta no negócio. Com essa ideia, a limitação de idade foi caindo”, completa ele, que tem 70 anos.

Crespi avalia que cabe ao profissional também questionar o que o motiva, ter uma rede ampla de contatos para além da área em que atua e um olhar expandido para as oportunidades.

Darcio Crespi é sócio e consultor sênior da ZRG Partners Foto: Calão Tafner Jorge

É preciso entender, no entanto, que algumas concessões serão necessárias. Tanto as empresas têm de abrir espaço à pessoa madura quanto o profissional poderá concordar em atuar numa empresa de menor porte e, eventualmente, ganhar menos.

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“Alguns preferem fazer consultoria, dividir o conhecimento com várias empresas. Outros preferem operar. As pessoas ficam mais maduras e conscientes do que querem para vida e do que podem receber”, diz o especialista em recrutamento executivo. “Se fez uma boa carreira, pode entregar valor em outros tipos de empresa, mas com desafio interessante.”

No topo da liderança

A média de idade dos CEOs ao redor do mundo é de 53 anos, segundo a 19ª edição do estudo CEO Success, da PwC, que analisou as 2.500 maiores empresas de capital aberto do mundo de 2004 a 2018. O levantamento mostra que no ano 2000, um CEO ficava no cargo por oito anos ou mais, em média. Porém, na última década, o mandato foi de apenas cinco anos.

“Mesmo quando a vida do CEO se torna desagradável, brutal e curta, 19% de todos eles conseguem permanecer no topo por dez anos ou mais, com um mandato médio de 14 anos”, escrevem os especialistas da PwC.

“Alguns desses ‘corredores de longa distância’, normalmente fundadores de empresas ou visionários que transformaram suas organizações, permanecem por 20 anos e, em alguns casos, por muitos anos mais”, completam no documento.

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Eles apontam, ainda, que profissionais nesta posição por muito tempo geralmente trazem retornos mais altos para os acionistas do que aqueles que estão no posto há pouco tempo. No entanto, o desempenho médio daqueles tende a ser bom em vez de ótimo.

Para entender as visões desse perfil de profissional, o Estadão conversou com quatro CEOs nas faixas dos 50, 60, 70 e 80 anos de idade, que falaram sobre os desafios e aprendizados da carreira, o impacto da maturidade na forma como lideram e a relação com profissionais de outras gerações. Leia nos próximos capítulos.

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