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Salário mínimo de R$ 13 mil e tempo de lazer: brasileiros contam como é trabalhar em Luxemburgo

Funcionário deve ser focado e eficiente nas 8 horas de trabalho, mas não fica além da jornada e tem tempo para vida pessoal e lazer; salário é bom, mas custo de vida também é alto

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Foto do author Bruna Klingspiegel
Atualização:

Com o maior PIB per capita do mundo, Luxemburgo é um pequeno país no centro da Europa com forte tradição industrial e uma enorme presença de profissionais do mundo todo. Com pouco mais de 660 mil habitantes, no país vivem pessoas de mais de 170 nacionalidades, e cerca de 46% dos residentes são estrangeiros.

Hoje o país conta com o maior salário mínimo da Europa. Os valores diferem entre profissionais qualificados e não qualificados. No primeiro caso, a remuneração chega a € 3.009,88 e para o segundo grupo € 2.508,24 — um pouco mais de R$16 mil e R$13 mil, respectivamente. Veja aqui como encontrar um emprego no país. O salário é bom, mas os gastos também são altos.

Brasileiro reprovado na primeira vez insistiu e conseguiu

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A remuneração alta e as oportunidades de ascensão profissional foram alguns dos motivos que levaram o brasileiro Fábio Henrique Rocha, 33, a buscar uma vaga no país. Desde 2021, ele atua como gerente de auditoria na multinacional Ernst & Young na capital luxemburguesa.

Ele conheceu Luxemburgo por intermédio de um amigo e desde então começou a sonhar com a vida na Europa. Em 2019, teve sua primeira tentativa frustrada em um processo seletivo no país devido a uma pessoa local ser escolhida.

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Posteriormente, por meio desse amigo, conseguiu uma oportunidade de trabalho em auditoria em Luxemburgo. Fez o processo seletivo, com testes técnicos e entrevistas, e no fim foi selecionado pela empresa.

A adaptação e a forma com que os nativos lidam com o trabalho foi uma mudança importante. Se em São Paulo ele estava acostumado com a sobrecarga, trabalhando além do horário e aos finais de semana, a mudança fez com que seus sábados e o domingos se tornassem sagrados.

Fábio Henrique Rocha trabalha há 2 anos em Luxemburgo como gerente de auditoria na EY. Foto: Acervo Pessoal

“Quando comecei, estava determinado a mostrar serviço, então frequentemente estendia meu expediente. Até que um dia, meu superior me abordou e disse. ‘Fábio, você precisa parar por hoje. Não precisa exagerar. Vá descansar, volte para casa. Amanhã é um novo dia, o sol nascerá novamente e você continuará vivo”, conta Rocha ao comparar a realidade luxemburguesa com a concepção brasileira de trabalho duro.

Por conta disso, a eficiência é algo extremamente valorizada no país. A jornada oficial é parecida com a do Brasil, a diferença está na forma com que os luxemburgueses veem o profissional. No novo país, Rocha percebeu um ambiente colaborativo, separação clara entre vida pessoal e profissional, e maior foco e eficiência no trabalho.

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“As oito horas em que a pessoa está trabalhando, ela realmente está ali focada. Eles chegam e vão embora no horário certo, só levantam para comer, voltam, trabalham, vão embora e acabou”, explica.

Segundo ele, a alta qualidade de vida em Luxemburgo é sustentada não apenas pela boa remuneração, mas também pelo sistema de segurança social abrangente e pelas diversas oportunidades de trabalho no país.

Grandes empresas como Arcelor Mittal, Ferrero e GoodYear tem suas matrizes no país. Segundo o cônsul de Luxemburgo no Brasil Jan Eichbaum, a estrutura econômica do Luxemburgo é moldada principalmente pelo setor dos serviços, que por sua vez é impulsionado pelo desenvolvimento do setor bancário e financeiro.

Mora na Bélgica e chega em 20 minutos a Luxemburgo

Ao mesmo tempo em que o salário mínimo é alto, o custo de vida no país acompanha esse movimento. Isso resulta em um mercado de trabalho que se destaca pela presença significativa de trabalhadores transfronteiriços.

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No Brasil, o especialista em marketing Vitor Ponciano, 26, passava uma hora e meia no transporte para chegar ao escritório. Hoje em dia, ele mora na Bélgica e trabalha em Luxemburgo. Atravessa a fronteira dos dois países e chega ao trabalho em 20 minutos.

Assim como Ponciano, milhares de profissionais deslocam-se diariamente de França, Bélgica ou Alemanha para o seu local de trabalho no grão-ducado.

Segundo a Agência de Desenvolvimento de Emprego do país, quase um em cada dois trabalhadores desloca-se diariamente pela região, que oferece transporte público gratuito.

As experiências profissionais em agências de publicidade no Brasil fizeram com que Ponciano criasse um gatilho de pressão psicológica em determinadas situações do dia a dia de trabalho.

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Esse gatilho muitas vezes é acionado sem que ele perceba, como se fosse uma resposta automática a certos estímulos que remetem às demandas intensas e prazos apertados que costumava enfrentar nesse ambiente.

Vitor Ponciano mora a Bélgica e trabalha como gerente de marketing em uma startup de investimento em Luxemburgo. Foto: Acervo Pessoal

Por exemplo, quando surge a necessidade de entregar um projeto em curto prazo, mesmo que a situação não seja tão crítica quanto as que vivenciou no passado, Ponciano se vê imerso em um estado de urgência e ansiedade.

Seu corpo reage como se estivesse enfrentando os mesmos desafios extremos, mesmo que a situação real não exija tal intensidade.

“O dia vai passando e você vai analisando que as coisas não são tão urgentes. Eu não preciso virar a noite ou ficar igual a um louco para tentar entregar isso”, declara.

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Ele afirma que em Luxemburgo há menos pressão e um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

No Brasil, o trabalho é muitas vezes priorizado em excesso, enquanto em Luxemburgo as pessoas valorizam mais suas vidas pessoais.

Segundo Vitor, o ambiente de trabalho em Luxemburgo é mais relaxado e focado, o que contrasta com a pressão encontrada no Brasil.

Apesar da diferença na forma em que brasileiros e luxemburgueses encaram o trabalho, os profissionais que chegam ao país europeu costumam ser bem recebidos e valorizados por algumas competências específicas, como a adaptação e por “saber trabalhar”, explica o cônsul de Luxemburgo no Brasil, Jan Eichbaum.

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“O brasileiro possui uma habilidade incrível de adaptação, improvisação e competência social. Essas características tornam os brasileiros muito bem-vindos”, conta.

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