Mentoria e coaching aceleram amadurecimento profissional em diferentes fases

Enquanto a mentoria pode ser mais constante, um coach é geralmente acionado em situações específicas da carreira; serviços para mulheres buscam driblar síndrome do impostor

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Ludimila Honorato

Fazer uma transição de carreira, chegar à liderança ou resolver um dilema pontual são desafios em que uma ajuda é sempre bem-vinda. Nesse sentido, os processos de mentoria e coaching servem como um guia, contribuindo para o amadurecimento profissional. Contudo, por terem metodologias diferentes, costumam ser aplicados em momentos distintos da jornada, o que requer um bom entendimento de si e das propostas.

PUBLICIDADE

“O coaching, quando bem feito, aumenta a autoconfiança, a autoestima, o autoconhecimento e a capacidade da pessoa resolver questões de acordo com um novo repertório de perguntas, não de respostas”, explica Caroline Marcon, consultora organizacional e coach executiva. Ela diz que esse trabalho estimula o coachee (a pessoa que faz o coaching) a encontrar as próprias soluções para os problemas. “A gente faz com que a pessoa aprenda uma nova maneira de pensar e a resolver algumas questões internas, focado em determinado contexto profissional.”

Thais Pegoraro, sócia e líder da área de consultoria de liderança da EXEC, distingue que, na mentoria, “o mentor é alguém experienciado, com mais consistência na matéria de interesse do mentorado e vai guiá-lo nos melhores caminhos”. Geralmente, quem orienta trilhou um caminho que o outro quer seguir, teve desafios semelhantes e compartilha a experiência como forma de oferecer algumas respostas que podem ser adaptadas. “No coaching, há imparcialidade; na mentoria, tem a parcialidade do mentor.”

A coordenadora de gestão de talentos Carolina Vaz, de 31 anos, passou pelos dois processos. Ela buscou um coach no final da graduação em Psicologia, quando fazia estágio, mas não tinha certeza da efetivação. O objetivo era se preparar para outros processos seletivos e trainees. Mais recentemente, quando foi promovida ao cargo atual, voltou às sessões para receber apoio estratégico nessa transição.

Carolina Vaz passou pelos processos de mentoria e coachinge os vê como complementares. Foto: Rafael Prestes

O profissional também a guiou quando ela se inscreveu para o programa de mentoria Executivas do Amanhã, da EXEC, a fim de crescer dentro da empresa. “Busquei a mentoria com o objetivo de ter uma pessoa que passou por isso, para dividir aprendizados e trazer insights que poderiam me ajudar”, afirma Carolina, que teve Luiza Helena Trajano como mentora.

Publicidade

“A mentoria dá caminhos, o coaching me dá as melhores ferramentas para usar em pontos específicos, em desafios profissionais e pessoais também”, compara. Ela também viu na mentoria uma oportunidade de agilizar a caminhada rumo à liderança. “Acabei me formando com 27 anos, que eu considerei tarde. Queria muito essa aceleração para correr atrás do tempo que acho que me atrasei.”

Ferramentas

Carolina avalia que os dois formatos aceleram a maturidade profissional, mas com recursos distintos. O coach dela, por exemplo, a ajudou a diferenciar gestão de liderança na fase de transição de cargo e trouxe lucidez quando ela precisava lidar com conversas difíceis. Ele indicou um livro e a orientou no caminho. “Fui aplicando, praticando e vi muita efetividade.”

A especialista Caroline Marcon indica que todo profissional tenha um ou mais mentores ao longo da carreira, como um exercício de crescimento na carreira. Já o coach é para casos mais práticos e profundos. “Ele te leva do ponto A para o B de maneira mais impactante e não se faz isso o tempo todo, ninguém vive em coach.”

Independente dos processos escolhidos, é relevante ter um objetivo desenhado e comprometimento. “A sua disposição para as duas frentes é muito importante, porque dá trabalho, tem dever de casa. Não adianta se inscrever se você não vai se dedicar, senão o resultado não vem”, diz Carolina.

Publicidade

Incentivo

Quando fundou a Se Candidate, Mulher!, a empreendedora Jhenyffer Coutinho se propôs a trabalhar com a falta de autoconfiança das mulheres para se candidatarem a vagas de emprego. “É a síndrome da impostora. Ela consegue, mas não vê a luz no fim do túnel sozinha e às vezes precisa de um empurrão”, diz.

Esse ‘empurrãozinho’ é oferecido pela empresa por meio de uma jornada de aprendizado pessoal e de empregabilidade, com orientações autoconhecimento, currículo e entrevistas. Mentorias individuais e em grupo instruem a montar um perfil profissional nas redes e ter melhor desempenho em processos seletivos. Os públicos-alvo da plataforma são mulheres desempregadas e as que estão insatisfeitas com o trabalho atual. “Esse fato de não se candidatar não é só para vagas, mas promoção também”, observa Jhenyffer.

Jhenyffer Coutinho, criadora da startup de empregabilidade feminina Se Candidate, Mulher! Foto: ABStartups

Sobre fazer mentoria ou coaching, ela diz que depende da profundidade da situação. “Quanto mais complexa vai ficando, maior será a dedicação desse profissional te acompanhar. Hoje, tem grandes coaches de liderança com trabalho mais profundo, mas para a mulher desempregada, talvez a mentoria seja suficiente”, afirma.

Para ela, ter serviços como esses exclusivos para mulheres é também oferecer uma rede de apoio. “Nem sempre a mulher tem apoio em casa para empreender ou ser mais ousada na carreira. Às vezes, é na mentoria, no grupo de coaching que ela tem acesso a outras pessoas que têm o mesmo problema.” Thais Pegoraro, da EXEC, percebe o mesmo com o Executivas do Amanhã. “Elas falam da importância de ter mulheres, porque compreendem as dificuldades que passam, tem identificação de gênero e dos desafios sofrido.”

Publicidade

A coach executiva Caroline Marcon pondera. “O mais importante é que haja uma relação de confiança, de admiração. A questão de ser homem ou mulher, eu não deixaria em primeiro lugar. As mulheres tendem a se reconhecer mais nas histórias, mas tem de ter cuidado para não ter transferências das experiências.”

Democratização

No mercado de mentorias e coaching, há plataformas que buscam democratizar o acesso a esses profissionais e o fazem com flexibilidade e de forma contínua. É o caso da Todas Group, edtech que oferece aulas gravadas e encontros coletivos ao vivo com executivas C-level de destaque que construíram carreiras promissoras, como Rachel Maia, Camila Farani e Fiamma Zarife.

“Eu sempre atuei em cargos operacionais. No final de 2020, recebi um convite para atuar num cargo mais consultivo de vendas. Nesse momento, entendi que tinha de mudar meu pensamento, comportamento profissional e soube que era um passo para um cargo de liderança. Precisava desenvolver habilidades mais de soft skills”, conta Bárbara Ramos, de 27 anos, que subiu novamente de cargo e agora é coordenadora de trade marketing.

Foi quando ela descobriu e passou a fazer parte da comunidade do Todas Group, que também possibilita a troca de experiências entre as alunas. “É um ambiente confortável, todas estão a fim de ajudar, posso confiar nessa rede de apoio para tirar dúvidas que alguém já passou na prática.” Bárbara cita que participou de mentorias com prazos definidos, então os diferenciais do Todas é ter esse suporte contínuo e a qualquer momento.

Publicidade

Bárbara Ramos, coordenadora de trade marketing, usou a plataforma Todas Group para ter mentorias para a carreira. Foto: Cintia Modesto

Tatiana Sadala, cofundadora da plataforma, diz que a proposta é “conectar todas as mulheres que querem crescer, possibilitando acesso ao melhor do desenvolvimento de educação, mentoria e suporte em escala”. Para isso, o conteúdo disponibilizado segue 16 habilidades fundamentais indicadas em pesquisa com CEOs mulheres, como autoconhecimento e inteligência emocional. Tem um modelo de negócio para pessoas físicas e outro para empresas.

“Elas têm acesso a três pilares: metodologia proprietária de aprendizagem e conhecimento; tecnologia, que possibilita suporte e networking em escala, que conecta mulheres por afinidade e a uma rede de especialistas que respondem qualquer dúvida em até 48 horas; e o pilar de gamificação do conhecimento”, explica. Nesse último caso, conforme as alunas vão progredindo na jornada, ganham recompensas e premiações, como encontros mais exclusivos.

Há mentoras e coaches no rol de instrutoras e a empresária afirma que o serviço pode ser buscado em qualquer fase. “As 16 habilidades são essenciais e atemporais, fazem diferença para qualquer momento da carreira”, diz Tatiana. “Como estamos falando de desenvolvimento de liderança, muita gente acredita que não se encaixa, mas tudo começa pela nossa capacidade de liderar a nós mesmos.”

Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.