O índice de funcionários que pagam planos de saúde em suas empresas deu um salto em um ano. Em 2023, 40% pagavam parte das mensalidades. Em 2024, 54% passaram a pagar.
Os dados são de pesquisa da corretora Pipo Saúde. O estudo foi realizada digitalmente por meio de um questionário qualitativo, entre novembro e dezembro de 2023. Foram avaliadas 536 empresas de 17 setores, abrangendo 800 mil funcionários.
Também aumentou o valor pago pelos funcionários:
- 2023: funcionários pagavam 40% da mensalidade, em média
- 2024: funcionários pagam 55% da mensalidade
A pesquisa notou ainda um aumento no número de empresas que adotaram o modelo de coparticipação:
- 2023: 52% das empresas cobravam coparticipação
- 2024: 65% cobram coparticipação
Na coparticipação, o funcionário paga parte dos custos dos atendimentos e exames. Por exemplo, uma parcela do valor das consultas médicas.
O que causou o aumento
Segundo o responsável pelo estudo, Thiago Torres, cofundador e Chief Revenue Officer da Pipo Saúde, essa alta pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo o aumento na utilização de serviços de saúde após o fim da pandemia.
“O aumento foi resultado do momento desafiador que a saúde suplementar vem passando depois da pandemia, que represou os tratamentos médicos na época”, explica Torres. “A utilização dos serviços de saúde aumentou significativamente em 2022 e 2023, causando um rombo financeiro nas operadoras de saúde, que tiveram que reajustar os preços, impactando diretamente nos orçamentos das empresas que ofereciam esses benefícios”, completa.
Diante desse cenário, as empresas buscaram estratégias para continuar oferecendo o benefício e minimizar o reajuste que estavam sofrendo.
Entre as medidas adotadas, está incluir e aumentar a participação dos funcionários no pagamento do plano para assim, dividir a despesa com o próprio colaborador.
Esse modelo, especialmente comum em grandes companhias, onde 77% optam por ele, envolve os colaboradores pagando uma parte dos custos cada vez que utilizam o plano de saúde. Torres explicou que essa prática visa moderar o uso excessivo dos serviços de saúde, além de ajudar a evitar fraudes.
“A associação dos planos de saúde defende muito a coparticipação, e o máximo de coparticipação permitida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é de 50%. Nem toda empresa consegue arcar com 25% de ajuste anual do plano. Os diretores de RH relatam a mesma dificuldade há anos.
O que frequentemente acontece é rebaixarem e oferecerem planos mais básicos para os funcionários”, afirma João Baccarin, head of growth da Melvi Saúde, uma startup de marketplace para clínicas e consultórios.
“Entendemos que o modelo de coparticipação é bastante saudável, atuando como um agente moderador no uso para quando ele for necessário. Esse controle é essencial para a sustentabilidade do setor de saúde a longo prazo”, declara Torres.
Benefícios mais valorizados por funcionários
Em relação aos benefícios, pelo terceiro ano consecutivo, o plano de saúde permanece como o mais relevante (69,5%) no ranking de preferência dos funcionários.
Veja quais são as preferências dos colaboradores. segundo a pesquisa:
- Plano de saúde: 69,5%
- Home office: 9,9%
- Vale-alimentação: 4,9%
- Plano odontológico: 4%
- Vale refeição: 3,4%
- Previdência privada: 3%
- Seguro de vida: 2%
- Bem-estar mental: 1,1%
- Auxílio educação: 0,6%
- Bem-estar físico: 0,6%
- Auxílio farmácia: 0,2%
- Assistência pet: 0,2%
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