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Quais as profissões que mais devem ser afetadas por IAs como ChatGPT, segundo o próprio ChatGPT

Experimento da UFMA mostra quais profissões devem ser mais afetadas pela disseminação da IA no mundo do trabalho

Foto do author João Scheller
Atualização:

Com respostas avançadas e linguagem próxima dos humanos, não demorou para as pessoas começarem a se perguntar se softwares de inteligência artificial (IA) como o ChatGPT poderiam substituir suas profissões num futuro próximo. Para responder essa questão, o Laboratório de Convergência de Mídias da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) usou o próprio programa da OpenAI para analisar as profissões que mais seriam afetadas com o avanço da IA.

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Produtor de conteúdo, designer gráfico, engenheiro de software e analista de dados estão entre as profissões que mais devem ser impactadas com o avanço da IA generativa — nome dado à inteligência artificial que consegue, a partir de comandos do usuário, gerar novos conteúdos com base em dados anteriormente analisados -, segundo o próprio ChatGPT.

“O índice mostra a pressa que você deve ter em se atualizar”, explica o professor da UFMA Márcio Carneiro, responsável pelo experimento. Ele explica que o índice não representa quais profissões devem deixar de existir por conta da IA, mas sim quais ocupações mais devem ser afetadas pela sua disseminação. “Se o profissional não faz essa atualização, ele vai sentir o impacto, porque o outro profissional da mesma função vai se apropriar da tecnologia e terá esses ganhos de produtividade”, explica.

Os criadores do experimento salientam, porém, que ele não utiliza dados empíricos reais, sendo baseado exclusivamente nas avaliações feitas pela inteligência artificial. Eles utilizaram técnicas de prompt design, que se debruçam sobre a maneira de fazer perguntas à inteligência artificial para retornar as melhores respostas, para obter o retorno detalhado sobre as profissões que mais poderiam ser afetadas pela IA no futuro.

Índice mostra o nível de atenção que se deve ter com relação à disseminação da IA em diferentes profissões Foto: Rayner Peña R./EFE

Mudanças

Para Eduardo de Rezende Francisco, professor da FGV EAESP e chefe do departamento de Tecnologia e Data Science, as mudanças com a chegada da IA no mercado de trabalho se assemelham a outros momentos em que a tecnologia trouxe mudanças para o mercado de trabalho. “Ações humanas ou semiautomáticas dentro de grandes processos vão ser muito afetadas e têm grandes chances de serem substituídas por uma inteligência artificial”, explica, ao mencionar as mudanças trazidas pela calculadora no passado.

A diferença, porém, é velocidade das mudanças. Francisco estima que transformações profundas devem ocorrer no mercado de trabalho num universo de dois a seis anos, o que irá fazer com que o domínio de computação básica, como uso de e-mail e editores de texto e planilhas, não seja mais suficiente. Neste cenário, noções de programação e análise de dados devem ser cada vez mais requisitadas.

“Se um ou dois players num determinado mercado fizerem uma mudança disruptiva usando inteligência artificial, mostrando de fato que deu certo, em poucos meses, todos os outros players irão fazer”, afirma.

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Social

As mudanças trazidas pela IA, com seu impacto profundo na organização social e no futuro de diferentes profissões, traz a necessidade de criação de política públicas voltadas para a requalificação de diferentes profissionais, segundo os professores. “A humanidade como um todo vai ter que vencer um desafio de letrar digitalmente um contingente de pessoas que tinham um conhecimento, nenhum ou mínimo, sobre tecnologia”, afirma Francisco.

O Labcom da UFMA, por exemplo, tem tomado iniciativas nesse sentido, através do Inovacom, programa piloto de formação profissional para pequenas organizações — públicas, privadas ou do terceiro setor. O projeto busca ajudar na compreensão das mudanças trazidas pela IA no mundo do trabalho e dar treinamentos para que profissionais de diferentes áreas possam se utilizar de tecnologias já existentes no seu dia a dia.

“A gente apresenta a inteligência artificial para desmistificar um pouco e aí seguimos na organização para identificar onde é que ela poderia entrar gerando ganhos de produtividade”, explica o professor Márcio Carneiro.

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