Tédio no trabalho? Psicólogo americano dá 3 dicas para destravar o seu potencial

Em seu novo livro, o psicólogo organizacional Adam Grant afirma que conselho é melhor que feedback e que sucesso tem mais a ver com crescimento do que com vitórias

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Por Melinda Wenner Moyer
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - Em uma cultura focada intensamente no sucesso, é fácil se sentir um fracasso. Mas de acordo com o psicólogo organizacional Adam Grant, isso pode ocorrer porque estamos pensando sobre conquistas da maneira errada.

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Muitas pessoas pressupõem que as realizações estão intimamente ligadas à capacidade inata e, por isso, desistem de atividades que consideram desafiadoras.

Isso é um erro, escreve Grant em seu novo livro, “Hidden Potential: The Science of Achieving Greater”, em tradução livre, “Potencial Oculto: A Ciência de Alcançar Coisas Maiores”.

Grant conta anedotas sobre pessoas que realizaram coisas extraordinárias, apesar de inicialmente demonstrarem pouca aptidão - incluindo ele mesmo. O psicólogo se classificou duas vezes para o campeonato júnior de mergulho olímpico, embora, segundo ele, tenha sido terrivelmente desajeitado e por muito tempo não conseguisse tocar os dedos dos pés sem dobrar os joelhos.

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Enfrente o desconforto

Grant argumenta que o sucesso tem mais a ver com crescimento ao longo do tempo do que com vitórias. E uma das melhores maneiras de desenvolver habilidades é desafiar a si mesmo, diz ele.

“A sensação de que algo é desconfortável é um sinal de que você está prestes a aprender algo novo”, disse Grant, em entrevista. “Esse é um sinal ao qual não devemos apenas prestar atenção, mas também amplificar.”

Você deve ter ouvido falar que as pessoas aprendem melhor quando as aulas são adaptadas ao seu “estilo de aprendizagem”. Algumas pessoas podem ser aprendizes visuais, auditivos ou verbais, e assim por diante.

Em seu novo livro, o psicólogo organizacional afirma que as pessoas podem realizar funções extraordinárias sem necessariamente ter uma aptidão inicial. Foto: Pasi Salminen/Divulgação

Mas Grant apresenta pesquisas que sugerem que as pessoas nem sempre aprendem mais quando a informação é adaptada às suas preferências. O oposto pode até ser verdade: podemos crescer mais quando saímos deliberadamente da nossa zona de conforto.

Não há problema – até é bom – cometer erros ao longo do caminho, afirma Grant. Em seu livro, ele conta a história de um poliglota que mede seu progresso no aprendizado de um novo idioma pela quantidade de erros que comete todos os dias; ele pretende pelo menos 200.

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“A maneira de dominar conhecimentos e habilidades é usá-los à medida que os adquire”, ressaltou Grant. “Se você não fizer tentativas suficientes para cometer erros, será muito difícil progredir.”

Evite o tédio no trabalho

Embora devamos ter cuidado com o esgotamento, escreve Grant, é igualmente importante evitar o seu oposto, que ele chama de “bore out” [algo como tédio no trabalho] – a exaustão emocional que sentimos quando estamos cronicamente subestimulados.

Uma maneira de fazer isso, argumenta ele, é incorporar divertimentos e novidades em suas rotinas de aprendizagem. Em seu livro, Grant atribui a rápida melhora do jogador de basquete Stephen Curry após a faculdade a um treinador que enfatizava a variedade e os jogos em suas sessões de treinamento, em vez de exercícios repetitivos.

“Centenas de experimentos mostram que as pessoas melhoram mais rapidamente quando alternam entre diferentes habilidades”, pontua.

Quando você se sentir travado, também não deve bater a cabeça na parede. Faça uma pausa e trabalhe em outra coisa que você goste, diz.

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Ao despejar sua criatividade em outro copo, “muitas vezes você pode descobrir nova confiança e novas habilidades, e isso pode lhe dar um impulso que o ajudará na subida difícil”, comentou ele.

Conselho é melhor que feedback

Quando procuramos melhorar, muitas vezes pedimos feedback aos outros. Mas o feedback nem sempre pode ser útil, explica Grant, em parte porque se concentra no que fizemos no passado.

Quando certa vez pediu anotações após uma apresentação, Grant foi informado de que sua “respiração nervosa soa como a de Darth Vader”. O comentário foi “um curso intensivo de desmoralização por meio de críticas inúteis”, escreve ele.

Em vez disso, Grant aponta para uma pesquisa da Harvard Business School que descobriu que é mais útil pedir conselhos, que se concentra no que você pode fazer melhor no futuro. Além disso, os conselhos normalmente são formulados de forma positiva, mudando sua mentalidade para o que você pode fazer certo.

“O conselho que você pode dar aos outros geralmente é o conselho que você precisa seguir para si mesmo”, afirma Adam Grant. Foto: Nuthawut / Adobe Stock

Também tendemos a ter um melhor desempenho depois de darmos conselhos a outras pessoas, no que Grant chama de “efeito treinador”. Isso porque é mais provável que sigamos conselhos que já demos a outras pessoas, diz ele.

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Um estudo que ele cita concluiu que estudantes do ensino médio que foram designados aleatoriamente para dar conselhos motivacionais a estudantes mais jovens obtiveram notas melhores.

“O conselho que você pode dar aos outros geralmente é o conselho que você precisa seguir para si mesmo”, afirma Grant, que regularmente compartilha conselhos no Instagram e no X. “E às vezes você precisa ouvi-los em voz alta para que ressoem.”

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