Você é workaholic? 3 sinais de que está se importando demais com o trabalho

Trabalhar com algo que ama pode trazer propósito, satisfação e muitos benefícios, mas quando a dedicação ao trabalho ultrapassa os limites, as consequências são significativas

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Jayanne Rodrigues
Atualização:

Como saber quando a dedicação ao trabalho passa a ser um problema? Embora não exista um guia universal, especialistas apontam sinais de alerta, como dificuldade em desconectar, irritabilidade e desgaste nas relações pessoais. Também há comportamentos mais silenciosos que demonstram que o tempo voltado ao trabalho está afetando aspectos da vida profissional e pessoal.

O Estadão ouviu especialistas para ajudar a identificar o momento de buscar equilíbrio e reuniu dicas práticas para manter a produtividade sem comprometer o bem-estar.

Confira abaixo os principais sinais de que o trabalho pode estar consumindo você:

1. Não ter dia e nem hora para sair do trabalho

Segundo Antonella Satyro, CEO e fundadora da escola corporativa Líderes que Curam, os sinais começam de forma sutil. Por exemplo, você começa um dia trabalhando até mais tarde, depois trabalha em um sábado, depois em um domingo e assim por diante.

Publicidade

Aos poucos, atividades que antes traziam prazer, como hobbies ou encontros com amigos, começam a parecer menos importantes ou até desinteressantes. Você sente que, mesmo nos momentos de lazer, sua mente está presa ao trabalho.

Antonella Satyro, CEO e fundadora da escola corporativa Líderes que Curam

PUBLICIDADE

Com isso, a percepção sobre a quantidade de tempo dedicada ao trabalho e à vida pessoal se perde, e fica mais fácil cair na armadilha de bater metas a qualquer custo. É o que alerta Andréa Krug, psicóloga e especialista em liderança.

“O profissional começa a ter dificuldade em perceber os próprios limites (fisiológicos e psicológicos)”, aponta Krug.

2. Síndrome da abertura do programa Fantástico

Outro sinal envolve a popular “síndrome da abertura do Fantástico” (a música de abertura começa a tocar e instantaneamente o desânimo invade).

Esta sensação é um alerta familiar para muitos, explica Everton Lima, sócio da Felicistart, empresa especializada em felicidade e bem-estar corporativo. Embora a situação seja frequentemente tratada de forma cômica no Brasil, pode indicar algo mais sério.

Publicidade

De acordo com Lima, após um período prolongado de dedicação excessiva ao trabalho, é comum que a pessoa experimente uma sensação de desânimo.

Mesmo que as horas no trabalho pareçam uma contagem regressiva para o fim do expediente, muitos ainda se veem presos a tarefas intermináveis.

Sinais como insônia, irritabilidade, alimentação desregulada e consumo excessivo de álcool, muitas vezes justificados como recompensa, são comuns. Além disso, o isolamento social e a falta de tempo para atividades fora do trabalho indicam que algo está errado.

Everton Lima

Sintomas de que você virou um workaholic incluem dificuldade em desconectar, irritabilidade e desgaste nas relações pessoais. Foto: Valery/Adobe Stock

3. Distúrbios alimentares e dores no corpo

Sinais físicos também são evidências de algo desregulado, mas costumam ser confundidos com outras causas, deixando o excesso de trabalho como última suspeita. Distúrbios do sono, como insônia ou cansaço constante, alterações no apetite e dores no corpo, principalmente nas costas, devido à postura inadequada e falta de atividade física são sintomas que devem ser considerados.

Responder a e-mails e mensagens no meio da madrugada, medir desempenho pela quantidade de horas trabalhadas ou criticar colegas que cumprem o horário de saída são exemplos claros.

Andréa Krug, psicóloga e especialista em liderança

A especialista reforça que esses sintomas, se negligenciados, podem evoluir para condições mais graves, como problemas digestivos, crises de ansiedade, infarto e a síndrome de burnout.

Publicidade

Dados do Ministério da Previdência Social revelam que, em 2023, aproximadamente 145 mil trabalhadores foram afastados por transtornos mentais, um aumento de 45% em relação ao ano anterior.

PUBLICIDADE

Como identificar e o que fazer?

Em alguns casos, Antonella Satyro reforça que é possível identificar quando há um nível excessivo de dedicação ao trabalho seguindo alguns passos simples:

  • Observe seu cotidiano: os dias estão se tornando mais pesados e difíceis de enfrentar, mesmo sem grandes problemas no trabalho?
  • Registre suas emoções: comece a observar mudanças no seu estado emocional. Você tem se irritado com facilidade ou se sente desmotivado, mesmo após alcançar objetivos?
  • Preste atenção ao corpo: cansaço extremo e doenças recorrentes são sinais de alerta que não devem ser ignorados.
  • Avalie suas relações pessoais: notou desgaste nos relacionamentos, seja por falta de tempo ou porque está sempre mentalmente ausente?

Se essas situações descrevem sua rotina, pode ser o momento de buscar ajuda. A especialista Andréa Krug também sugere uma estratégia:

  • Considere que um dia de 24 horas pode ser dividido em três blocos de 8 horas cada: um para dormir, outro para trabalhar e outro para cuidar das atividades pessoais. Pergunte-se: sua rotina está muito diferente disso?

Na tentativa de reverter o quadro, uma das alternativas é organizar uma agenda com horários para trabalhar, dormir e realizar atividades prazerosas, orienta Krug.

Isso pode não ser tão simples para quem já está acostumado a trabalhar por muitas horas seguidas, porque as pessoas fazem tarefas do trabalho, como responder a e-mails no fim de semana, de forma automática, quase sem pensar.

Andréa Krug, psicóloga e especialista em liderança

Se ainda encontra dificuldade para dizer “não” ao longo do dia, passe a definir horários fixos para começar e encerrar o expediente.

“Dedique um tempo diário para atividades que te recarregam: pode ser caminhada, leitura, meditação, andar de skate ou jantar em família”, diz Antonella Satyro.

Outra mudança importante é aprender a delegar tarefas. De acordo com Satyro, durante o dia, vale criar pequenos intervalos para respirar, alongar-se ou apenas se desconectar por alguns minutos. Aos fins de semana, deixe o celular no modo silencioso por algumas horas.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.