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Workaholic saiu de moda? Profissionais, incluindo chefes, querem mais tempo para viver a vida

Para eles, qualidade de vida é trabalhar com equilíbrio e não colocar a ascensão profissional acima de questões pessoais

Por Amanda Fuzita
Atualização:

Profissionais de diferentes níveis hierárquicos, incluindo chefes, estão redefinindo suas prioridades no mercado de trabalho, apontam diferentes pesquisas.

Os dados mostram uma mudança significativa no cenário profissional, onde a crescente busca pela qualidade de vida, incluindo saúde física, mental e emocional, supera o tradicional foco de ascensão de carreira.

O Estadão ouviu profissionais de diferentes áreas para definirem na prática como é sua relação com o trabalho e a busca do equilíbrio.

O que dizem os profissionais?

Isabela Chaves, trainee na Ingredion Foto: Mário Sérgio Esteves

Hoje vivemos num momento muito bom. O trabalho híbrido traz um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, e prezo por isso. Eu consigo fazer exercício físico, me alimentar melhor e não fico 4 horas por dia no trânsito de São Paulo. É fundamental ter esse equilíbrio para rendimento muito melhor.

Isabela Chaves, trainee na Ingredion.

Thomas Firmani, executivo de vendas júnior da Plugify, fintech de soluções tecnológicas. Foto: arquivo pessoal

A galera da minha geração, entre os 20 e 25 anos, olha muito para uma qualidade de vida. O jovem não quer ser visto como uma referência de trabalho excessivo, e sim, por fazer seu trabalho e conseguir ter uma vida. A gente pensa na carreira, mas o sucesso que procuramos é mais o pessoal do que o profissional, porque no fim das contas o trabalho é uma parte da nossa vida, e não nossa vida uma parte do trabalho, afirma.

Thomas Firmani, executivo de vendas júnior da Plugify.

Vanessa Gonçalves, diretora sênior de logística na Ingredion. Foto: Mário Sérgio Esteves

Estamos nesse processo de aprender que qualidade de vida é a prioridade absoluta. Eu nunca vou privilegiar os workaholics, as pessoas que estão dedicando horas, que trabalham no final de semana, isso é uma coisa que eu não cultivo dentro da minha equipe. Eu penso que sucesso profissional está ligado a autonomia, a reconhecimento e a propósito.

Vanessa Gonçalves, diretora sênior de logística na Ingredion.

Karina Sayuri Shigueoka, trainee na Ingredion Foto: acervo pessoal.

Percebi que é possível crescer profissionalmente e manter uma vida pessoal saudável. Requisitos que valorizo muito: ter tempo para fazer atividade física, visitar a minha família e amigos são coisas de que não abro mão, tudo isso recarrega minhas energias para ser mais produtiva. Sei que haverá momentos em que será necessário me focar mais na vida pessoal ou mais na vida profissional, mas sempre investindo na saúde física e mental.

Karina Sayuri Shigueoka, trainee na Ingredion

Pesquisa mostra que qualidade de vida é prioridade

A pesquisa Carreira dos Sonhos, da Cia de Talentos, feita no ano passado, confirma essa tendência apontadas pelos jovens profissionais.

Nessa pesquisa ficou bem forte a questão da priorização de qualidade de vida. Para todos os públicos, qualidade de vida está em primeiro lugar

Danilca Galdini, Diretora de Insights da Cia de Talentos e responsável pela pesquisa.

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Anteriormente, o sucesso profissional era considerado a prioridade máxima por 67% dos 72.593 entrevistados em 2016. No entanto, os dados mais recentes mostram uma mudança significativa: agora, 56% dos respondentes apontam a qualidade de vida como a relevância número um, enquanto apenas 10% consideram trabalho e carreira como o mais importante.

O estudo adotou uma abordagem quantitativa, utilizando um formulário online, para mapear mudanças comportamentais em profissionais e identificar tendências entre diferentes estratos hierárquicos. Com 91.380 respondentes, o público-alvo incluiu estudantes universitários e profissionais graduados em todo o país.

Para Galdini, todas as últimas pesquisas, mostram que as pessoas estão repensando o papel do trabalho, de qual espaço que elas querem que ele ocupe em suas vidas.

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“Os profissionais em início de carreira, média gestão e alta liderança fizeram esse movimento, de repensar o trabalho, repensar o espaço que elas querem que ele ocupe, mas para quem está em início de carreira isso aparece com uma força um pouco maior”, afirma a diretora. “As pessoas esperam sim ter reconhecimento, trabalhar com propósito, ter uma remuneração justa, tudo isso continua, mas com esse olhar de que trabalho é uma parte da minha vida, e não pode ser a minha vida toda”, completa.

Outro aspecto destacado pela pesquisa é o aumento da satisfação pessoal entre os profissionais jovens.

Cerca de 77% deles afirmaram estar satisfeitos com seu próprio desempenho profissional, destacando uma mudança na percepção individual em relação ao trabalho e à carreira, evidenciando um crescente olhar interno em busca de propósito, estabilidade e conforto.

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