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Franquia tem a menor taxa de mortalidade entre as empresas

Porcentual de negócios do ramo que não ultrapassa o primeiro ano de atividade é de 3%; em tempo de crise, operação é mais segura

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Atualização:

Biazini e Ana Carolina, franqueador e franqueada da Didio Pizzas Foto: Estadão

Em sua trajetória de 22 anos, a rede Didio Pizzas já superou vários momentos de crise vividos pela economia brasileira. "Nesse cenário, as empresas começam a demitir. A instabilidade quanto à manutenção do emprego leva muita gente a pensar em investir em franquia, por ser um negócio mais seguro. Para os franqueadores, a crise tem esse lado positivo", diz o fundador da marca, Elídio Biazini.

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Estudo da Rizzo Franchise endossa a afirmação de que o investimento em franquia é mais seguro. Pela pesquisa, o porcentual de mortalidade dos negócios ao final do primeiro ano é de 26% na área de varejo, 23% entre pequenos negócios e 3% no segmento de franquias. Segundo Marcus Rizzo, mesmo os negócios incluídos nos 3% que estatisticamente morrem, tinham 100% de chance de dar certo. "Falta de capital de giro, delegar a operação para terceiros e a localização inadequada estão entre as principais razões para o fracasso", diz.

A instabilidade econômica não intimidou o casal Ana Carolina e Paulo José Martins, que até o meio do ano devem inaugurar uma unidade da Didio Pizzas. "Eu era analista de tecno vigilância em uma indústria farmacêutica. Deixei o emprego para colocar em prática nosso plano de montar um negócio", conta a farmacêutica.

Ana afirma que o casal optou por uma pizzaria por acreditar que esse tipo de negócio não é tão afetado pelos momentos de crise. "Na nossa opinião, todos gostam de pizza e em um momento ou outro acabam pedindo uma, e o fato de ser delivery é perfeito para quem quer gastar menos. Além disso, gosto muito de culinária", diz.

O casal pesquisou várias marcas e optou pela Didio pela seriedade de Biazini. "Ele nos mostrou de forma muito clara como é a operação e nos questionou várias vezes se realmente era isso o que queríamos. Nos apresentou o plano de negócio detalhando todo o investimento e destacou a importância de mantermos o capital de giro, pois é com esse dinheiro que faremos o negócio rodar." O franqueador diz que é importante avaliar o perfil dos interessados. "Uso uma ferramenta que identifica qual é o ponto fraco do candidato, para que ele seja melhor trabalhado nos 45 dias de treinamento."

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Diretor da D'pil, Marlon Sampaio Foto: Estadão

Diretor da rede D'pil, Marlon Sampaio salienta o quanto é importante auxiliar o franqueado na escolha do ponto. "Ele seleciona os lugares pelos quais tem interesse e juntos fazemos uma avaliação de mercado. Consideramos, por exemplo, o fluxo de pedestres. É interessante que seja uma avenida movimentada. A fachada tem de ficar voltada para a rua e se estiver localizada perto de um ponto de ônibus ou de uma lombada eletrônica, melhor ainda."

Desde fevereiro, a advogada Renata Swierginski está à frente de uma franquia da Clínica VS. "Deixei o escritório de advocacia sendo tocado por minha sócia, pois queria investir em uma área diferente. Fiz pesquisa e concluí que a área de beleza não sofre muito os reflexos da crise, já que as mulheres sempre dão um jeito de se arrumar."

Franqueada da Clínica VS, Renata Swierginski Foto: Estadão

Ela conta que não queria entrar na área de salão de beleza e escolheu a marca porque não há o concorrência em Porto Alegre, onde mora. "Oferecemos serviços de micropigmentação para o preenchimento e contorno de boca e olhos, e para a redução de calvície. Por meio de micropuntura, também reduzimos marcas de estrias e linhas de expressão. É um trabalho bem diferenciado", ressalta.

A empresária afirma que apesar da crise, o resultado está sendo bem satisfatório. "Acho importante investir, claro que é preciso tomar cuidado, analisar os riscos, mas temos de seguir em frente e não deixar de apostar no mercado."

O estudante de medicina Dermival Queiroz também escolheu 2015 para começar a empreender. Se tornou franqueado da Mr. Kids, que oferece máquinas para a venda de brinquedos. "Entrei no negócio com a expectativa de ter uma margem de lucro menor, por conta de estarmos vivenciando um período de crise. Ao mesmo tempo, acho que esta fase não vai se estender muito. Mas para minha surpresa, estou tendo um retorno muito bom e rápido", diz.

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'Cuidado com marcas que operam em vários formatos'

Sócio da Rizzo Franchise, Marcus Rizzo Foto: Estadão

Franquia é mesmo um investimento mais seguro? Sim, mas não existe nada absolutamente seguro. Em momentos de crise, o empreendedor deve ser ainda mais seletivo na escolha da marca e do ponto.

A definição da localização é responsabilidade da marca? Apesar de ser obrigação do franqueador, são poucos os que realmente têm essa preocupação. Esse cuidado deveria ser uma praxe entre os franqueadores, mas ainda não é. O franqueado jamais deve buscar um negócio para um ponto. Mas um bom ponto para um negócio pelo qual tem grande identificação.

E se o dono da marca não interferir na escolha do ponto? Isso pode indicar o grau de seriedade do empresário. O franqueador profissional usa técnicas específicas para fazer projeção de faturamento para o local. Também gasta um volume razoável de recursos com geoprocessamento. Esses estudos diminuem as chances de erro.

Shopping é uma boa opção? Eles costumam cobrar luvas pelo ponto, mas estão sendo atingidos violentamente pela crise e cada vez estão cobrando menos. Um cuidado a ser tomado é com o custo ocupacional. Uma franquia cuidadosa sabe que nenhum negócio resiste se tiver despesas ocupacionais acima de 10% do faturamento. Há casos em que o condomínio custa o dobro do valor do aluguel do ponto. Se o franqueado não questionar este custo, os shoppings fecham contrato sem mencioná-lo.

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Quiosque tem custo menor? Neste caso, o valor nominal do custo de ocupação é muito baixo mas incompatível com o faturamento do negócio, que também é baixo. Ao comparar o custo por m² do quiosque, verá que é duas ou três vezes maior do que o de uma loja no mesmo shopping. Quiosque só é uma boa quando o franqueador só opera nesse formato, é especialista em quiosque. É preciso ter cuidado com franquias que operam com lojas grandes, pequenas, médias e quiosques. Ninguém sabe tanto, sobre tantas coisas.

A demanda por franquia cresce em época de crise? Sim, porque a instabilidade gerada é muito grande e o caminho natural quando as pessoas se sentem ameaçadas é procurar um negócio próprio. Geralmente, elas estão em um momento emocional que as torna vulneráveis, por isso, devem ficar atentas e priorizar a razão e não a emoção.

Como se precaver na escolha da marca? A melhor maneira é conversar com quem já está operando e checar se as informações que recebeu sobre retorno, desempenho e lucratividade acontecem na prática. Avalie também o apoio que vai receber do franqueador antes da implantação, e se o treinamento cobre todas as áreas da operação.

 

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