O blog do Caderno de Oportunidades

Tecnologia avança na contabilidade e ajuda PMEs

Inteligência artificial pode fazer contador se tornar analista de dados e consultor

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Atualização:

Fernanda Rocha. Foto: Guima Ferreira e Luis Winther/divulgação

Com a tecnologia e a inteligência artificial (IA)avançando sobre vários setores da economia, não é de se estranhar que elas também chegassem à área de contabilidade - um setor que trabalha com números e cálculos. Seu uso está possibilitando aos contadores perder menos tempo com tarefas repetitivas e, com isso, exercer o papel de consultores de pequenas empresas, mais do que um simples guarda-livros.

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Contadora, Fernanda Rocha mantinha escritório contábil quando teve a ideia de desenvolver um software para que pudesse apresentar os dados das empresas de seus clientes de forma mais agradável. "Foi aí que tive a ideia de criar a Nucont."

Desde o início de 2017, ela tem como clientes os colegas de profissão, empresários contábeis, donos de escritórios de contabilidade. "Fornecemos tecnologia e suporte para que tenham relacionamento próximo com os clientes, entregando mais do que normalmente entregam."

Usando inteligência artificial o software ajuda os contadores a diagnosticar a saúde das empresas por meio de dados contábeis e financeiros. "Nosso software processa as informações e devolve um diagnóstico sobre a saúde financeira do negócio", afirma.

Fernanda diz que o produto oferece gestão mais precisa e eficiente, além de acelerar análises e diagnósticos. "Na prática, a tecnologia permite traduzir demonstrações contábeis por meio de gráficos e indicadores com mais cor e design."

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Segundo ela, com a ferramenta os contadores se tornam consultores de negócios, cumprindo um papel estratégico na gestão das empresas.

Com um ano e meio de mercado, a Nucont partiu de zero para 40 funcionários e atende 540 escritórios de contabilidade, que entregam informações gerenciais para 3,5 mil empresas.

"Nossa expectativa é, até o final do ano, triplicar o número de clientes e o faturamento, alcançando R$ 3,5 milhões neste ano. Devemos fechar 2018 com 80 funcionários, atingindo 1,5 mil contadores, que juntos atendem cerca de 10 mil empresas."

Precisão

Doutor em engenharia da computação e docente de ciências contábeis na Universidade Anhembi Morumbi, Everton Knihs diz que os contadores devem estar abertos ao uso das novas tecnologias para que forneçam informações mais precisas e exerçam o papel de consultores de seus clientes.

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Everton Knihs. Foto: arquivo pessoal

Já a coordenadora do bacharelado em ciências contábeis do Centro Universitário Senac, Dimitra Alectoridis, frisa a importância de que ao adotar um software de gestão financeira, o pequeno empresário tenha o apoio de um profissional contábil responsável por interpretar os números corretamente.

"Tendo os dados distribuídos da maneira correta, respeitando os princípios da contabilidade, e com a ajuda do contador, essas ferramentas podem sim gerar benefícios de análises ao empresário."

Fundador da São Lucas Assessoria Contábil, Leandro Bueno lembra do tempo em que a extração de dados de uma empresa na forma de indicadores levava cerca de 40 dias.

"Com o Excel, o trabalho passou a ser feito em 25 dias. Agora, com os softwares que integram dados das empresas com os escritórios de contabilidade, isso é feito, praticamente, em tempo real." Bueno atende pequenas e médias empresas.

Na mesma linha que Fernanda, diz que o empresário que tem acesso aos números pode analisar o passado e se antecipar aos problemas, identificando se o erro está no preço de venda, na margem de contribuição, em seu pró-labore etc.

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A consultoria contábil e fiscal Epicus tem 110 clientes. "Trabalhamos com informação física com menos de 10% deles, os demais têm sistema integrado. Se não fosse assim, precisaria ter ao menos mais cinco funcionários e a qualidade da informação não seria tão boa", diz o CEO, Sérvulo Mendonça, que emprega 22 funcionários.

Integração

Ele está no mercado há 22 anos, desde quando não havia tecnologia para agilizar o trabalho. "Perdia-se muito tempo inserindo informações. Hoje, com os mecanismos de integração e importação de dados, a inserção manual de informações é mínima e sobra tempo para fazer análises e identificar desvios, rupturas de conceito etc."

Mendonça, assim como Bueno, tem dificuldade para conscientizar clientes a respeito do uso de softwares. "O pessoal mais antigo não faz planilha, não tem controle. É uma questão cultural. Alguns até tentam se adaptar, mas eles têm dificuldade de lidar com tecnologia e não dão continuidade."

Mesmo assim, tenta esclarecer os clientes quanto à adoção de software para aprimorar a gestão. "Com a integração de dados posso prestar serviço de consultoria mais eficiente, porque vejo as operações financeiras automaticamente."

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Fundador e CEO da Omiexperience, Marcelo Lombardo também desenvolveu software que proporciona transformação digital às empresas contábeis a partir da organização e integração dos dados dos clientes. "O contador ganha, no mínimo, 70% de eficiência quando o cliente usa um sistema integrado com o escritório."

Marcelo Lombardo. Foto: Thiago Correia/Divulgação

Lombardo estabelece parceria comercial com escritórios de contabilidade. "Nossa força comercial aborda os clientes indicados pelo contador para mostrar os ganhos que a ferramenta proporciona", conta.

Ele também ressalta o fato de as pequenas empresas trabalharem de forma desorganizada, ainda na fase do papel e lápis. "Algumas usam planilhas Excel, mesmo assim, as informações são passadas de forma desorganizada e fragmentada, e o contador não tem base para ajudá-las de forma consultiva."

Segundo ele, o sistema de gestão online Omie tem integração com mais de 70 softwares diferentes. "Dez deles dominam 90% do mercado."

Lombardo afirma que empresas muito pequenas, que não têm capacidade de pagar a mensalidade de R$ 227, podem usar o software Omiecity gratuitamente. "A transação para habilitar a ferramenta é feita via contador, pois queremos valorizar o profissional que pode ajudar as empresas a crescerem."

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Atualização

A professora Dimitra, do Senac, acrescenta que os fabricantes desses softwares precisam ficar atentos às atualizações das normas internacionais de contabilidade e da legislação vigente.

Dimitra Alectoridis. Foto: Fabiano da Silva Santos/Divulgação

"As mudanças têm ocorrido com rapidez e essas empresas devem se manter atualizadas no âmbito do conhecimento teórico, para evitar que os softwares fiquem defasados", alerta.

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