O ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e ex-chefe do Conselho de Economia da Casa Branca Lawrence Summers disse ontem que as críticas ao modelo de estímulo que vem sendo adotado pelos EUA, como a nova rodada de relaxamento monetário quantitativo do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), chamada em inglês de QE3, devem ser discutidos no âmbito do G-20. Questionado sobre a crítica feita hoje pela presidente Dilma Rousseff ao mecanismo, em discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, Summers disse que não teve oportunidade de acompanhar o pronunciamento, mas defendeu os esforços dos EUA para emergir da crise que vem enfrentando."Os EUA têm enfrentado um enorme desafio de crescimento econômico nos últimos tempos e a perspectiva de recuperação das economias no futuro depende também da economia americana", disse Summers, durante coletiva de imprensa após participar ontem do Global Agribusiness Fórum, em São Paulo.Ao ser perguntado sobre o recente desentendimento entre Brasil e Estados Unidos relacionado a medidas consideradas protecionistas, Summers respondeu que o protecionismo é "sempre um erro". "Historicamente, quando crescimento cessa, o protecionismo vem à tona e é um grande erro para todos", afirmou. China. Summers disse que embora nos últimos anos a produtividade tenha permitindo uma tendência de baixa nos preços dos recursos naturais, a trajetória tende a ser de alta nos próximos 20 anos, o que significará um desafio para países como a China. "A China hoje está presente em muitos países e em muitos setores. Esse envolvimento não é altruísta, mas é parte da preocupação com sua segurança alimentar e da busca por acesso a preços atraentes. Algumas atividades são um desafio para a política, mas esse impulso dos chineses é racional", disse.Segundo ele, a "fortaleza" para essa demanda serão países como os EUA e o Brasil, que são ricos em recursos naturais. No caso da África, embora seja uma região ainda muito carente, também tem recursos abundantes, especialmente em mineração.Summers disse ainda que não há país mais importante para o futuro da produção agrícola do que o Brasil. Para ele, o Brasil e os EUA são parecidos. "Temos tradição colonial, grandes extensões de terras, recursos naturais extensos e uma população que cresce muito"./BIANCA RIBEIRO
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