Questões técnicas, políticas e humanas. Tudo junto e misturado com o objetivo de criar pontes e empatia para que a sociedade enfrente de verdade as mudanças climáticas. É nesse tom que Kim Campbell, ex-primeira-ministra do Canadá, apresentou no Estadão Summit ESG 2024, nesta quinta-feira, 26, no Teatro B32, em São Paulo, a importância da COP-30, reunião climática da ONU que será realizada em novembro de 2025 na cidade de Belém, no norte do Brasil.
“O planeta flerta com o ponto sem volta. O corte do uso de combustíveis fósseis é urgente. Assim como as discussões sobre adaptação e sobre formas de financiar os países menos desenvolvidos a enfrentar a crise climática”, afirmou Campbell.
Leia também
Apesar de o ponto de não retorno estar próximo — o que pode ser atingido se o aumento da temperatura média do planeta chegar a 1,5°C —, a dirigente internacional, que também preside o Clube de Madri, pensa que ainda há tempo de criar conexões entre a sociedade e a saúde do planeta. “Existem exemplos interessantes, em pequena escala ainda, é verdade, como pequenas ilhas da Escócia que estão usando apenas eletricidade limpa como fonte de energia”, disse Campbell.
Na tentativa de impulsionar uma economia verde no Brasil, o governo federal também busca avançar com o tema.
Carina Vitral, gerente de projeto da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda para Transformação Ecológica, explicou: “É o papel do Ministério da Fazenda oferecer instrumentos financeiros, administrativos, fiscais, creditícios, regulatórios e de monitoramento que possam fazer a rota da economia girar em outra lógica, em outro modelo, um modelo mais sustentável e inclusivo. Aqui, a gente teve no mês passado a assinatura do Pacto dos Três Poderes pela Transformação Ecológica, que visa apontar para esse novo enfoque”.
Na capital paulista, segundo Armando Júnior, secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Cidade de São Paulo, a questão ambiental também vem ganhando protagonismo.
Uma das medidas recentes, segundo o representante da gestão Ricardo Nunes, é a desapropriação de aproximadamente 11% do território da cidade para a implementação de parques e unidades de conservação em 32 áreas hoje privadas. A medida prevê a indenização dos proprietários e um investimento de R$ 750 milhões.
Os espaços estão principalmente nas bordas da cidade, como nos entornos da Cantareira e dos mananciais e na região de Parelheiros.
“A questão ESG não é uma novidade, não é uma moda, nem uma tendência. É uma necessidade. O grande desafio da nossa era”, afirmou, durante a abertura do Estadão Summit ESG, Erick Bretas, CEO da S/A O Estado de S. Paulo.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.