O diagnóstico está dado. Assim como ocorre com o clima do planeta, que está sob ameaça, a destruição da biodiversidade brasileira e mundial também está em pauta. Enquanto o debate ESG emerge de forma sistemática em eventos e fóruns, na ponta da cadeia, na floresta, os desafios ainda são enormes.
“O Brasil e o mundo estão perdendo muitas espécies conhecidas e desconhecidas, além dos serviços ecossistêmicos chaves como proteção à água e polinização”, afirmou Rodrigo Spuri, diretor de Conservação da The Nature Conservancy (TNC) Brasil, no momento Talks no Estadão Summit ESG 2024, nesta quinta-feira, 26, no Teatro B32, em São Paulo. Para o executivo do terceiro setor, não é exagero afirmar que hoje a crise da perda da biodiversidade é tão grave como a climática.
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Sem abelhas, por exemplo, como agentes fundamentais para fecundar plantas de interesse comercial, boa parte das culturas entrará em transe, além de viários tipos de negócios bioeconômicos, que buscam sobreviver a partir da floresta em pé.
“A nossa indústria, que é de meio porte, consegue ajudar na proteção da natureza por meio das nossas cadeias de produção”, afirma Edmond Aziz Buarque Filho, diretor-presidente da Tobasa Bioindustrial de Babaçu S/A.
A indústria, criada em 1968, evoluiu tecnologicamente ao longo de décadas e, hoje, é uma das maiores produtoras do mundo de carvão ativado a partir do coco do babaçu. A partir de um consórcio entre palmeiras nativas de babaçu, e a criação de gado, a cadeia de produção no Tocantins gera impactos ambientais e sociais. “Se tivesse que deixar uma mensagem, inclusive com a COP-30 no horizonte, seria essa de fazer com que os médios negócios da bioeconomia fossem cada vez mais estimulados”, afirma Aziz.
Em outras frentes, como ocorre com a Bracell, produção e proteção à floresta natural também andam lado a lado. “Na nossa iniciativa 1 para 1, a ideia é preservar um hectare de floresta para cada um hectare de área plantada” afirma Márcio Nappo, vice-presidente de Sustentabioidade da Bracell. A meta, segundo o executivo, é atingir a proporcionalidade total em 2025.
Apesar de todos os avanços do setor privado, o potencial brasileiro com a bioeconomia é pífio, segundo Daniel Vargas, professor da FGV, o que significa que há muito para progredir.
“Por volta de 0,2% da participação brasileira no mercado global é consequência de produtos da floresta, como o açaí”, afirma o pesquisador. Um índice que, inclusive, é menor do que o da Bolívia.
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