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Summit Imobiliário Brasil 2022: Investimento em sustentabilidade garante lucro e futuro para o setor

Companhias do mercado imobiliário e da construção civil se movimentam para implantar ações da agenda ESG

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Por Redação

O fato de o segmento da construção civil e do setor imobiliário contribuírem com aproximadamente 40% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil já obriga as empresas do setor a ter um plano robusto voltado para a prática ESG. Além disso, um marco regulatório abrangente sobre o tema também está em vias de ser criado. O que deixa o tema ainda mais na berlinda. “Não é simplesmente fazer alguma coisa. Tenho de fazer algumas coisas porque eu sou corresponsável”, afirmou Luciana Arouca, diretora de Sustentabilidade da consultoria imobiliária JLL.

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No entanto, independentemente de o contexto gerar uma dependência a favor do ESG nas empresas, existem também, em paralelo, resultados palpáveis que podem ser atingidos no futuro, segundo os especialistas, que se reuniram em uma das sessões do Summit Imobiliário Brasil 2022, uma parceria do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis (Secovi-SP) com o Estadão. O evento ocorreu entre os dias 22 e 23 deste mês.

“Podemos, por exemplo, falar de energia renovável. Ainda é caro, a depender do ativo, da operação e do portfólio da empresa. Mas você pode ter uma conta de payback. Tudo envolve um processo, um planejamento, e existem vários estágios. É possível fazer um estudo de quanto investimento será preciso, e em quanto tempo haverá um retorno”, explicou Luciana, sobre o fato de a empresa optar por trocar fontes de energia fóssil por outras que causam menos impacto sobre o clima.

Indicadores financeiros também ajudam a corroborar a tese de que investir em ESG gera retorno econômico, segundo Marcella Ungaretti, sócia e Head de Research ESG da XP. “É só compararmos a performance de índices compostos pelas companhias posicionadas nessa agenda ESG versus os seus benchmarks. E, trazendo para o Brasil, é possível fazer isso entre o Ibovespa e o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, criado em 2006. Existe uma diferença a favor do segundo de aproximadamente 20 pontos porcentuais. Claro, estamos olhando para trás e isso não é garantia de que olhando para frente a trajetória vai se manter, mas acreditamos que sim.”

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Posição

Para a executiva da XP, as companhias que estão bem posicionadas nessa agenda tendem também a trazer melhores retornos. Porque elas, no longo prazo, poderão capturar melhores oportunidades, além de mitigar riscos.

Marcella Ungaretti, sócia e Head de Research ESG da XP; indicadores corroboram tese de que investir em ESG gera retorno econômico, segundo a executiva.  Foto: Marcelo Chello/Estadão

Luciana, da JLL, citou mais um retorno importante para as empresas que levarem adiante os investimentos sérios em aspectos de governança, meio ambiente e amadurecimento social. “Pesquisas mostram que, em 2029, por volta de 70% a 72% da força de trabalho será preenchida pela geração Milênio, pessoas preocupadas com a temática ESG.” Portanto, avaliou a especialista, as empresas alinhadas com as práticas ESG terão mais chances de reter os grandes talentos do mercado.

Até a curva de aprendizado de um novo funcionário voltar ao estágio que quem deixou a empresa estava, gastou-se mais tempo e dinheiro. “Não se pode negar que sim, investir em ESG dá um retorno que existe de fato, não é algo apenas intangível”, afirma Luciana.

A diretora Jurídica e Compliance Officer da Setin Incorporadora, Márcia Bonilha Novo, lembrou que a discussão agora em alta, sobre o custo do investimento em ESG, pode ser comparada ao que no passado se falava sobre a montagem dos sistemas de compliance nas empresas voltados, por exemplo, para identificar práticas de corrupção. “Lembro que havia um artigo que falava assim: se você acha que (comprar um sistema de) compliance é caro, imagina sem ele. E o mesmo, agora, é válido para o ESG”, disse Márcia.

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Canteiro de obras

No quesito ambiental, dentro dos preceitos da sigla ESG, as principais incorporadoras do Brasil estão atuando na tentativa de baixar os resíduos sólidos gerados na etapa da construção dos empreendimentos. A questão do lixo, ainda mais em um país que convive com 3 mil lixões, é central para a melhorar o meio ambiente urbano das cidades brasileiras. Atualmente, pouco mais de 2% dos resíduos passam por reaproveitamento no Brasil.

“Nos nossos canteiros, hoje, só 3% dos resíduos acabam indo para aterros. Todo o aço que usamos, por exemplo, já é produzido de forma sustentável”, afirmou Angel Ibañez, diretor de Suprimento e ESG da Tegra Incorporadora.

Preocupação semelhante, afirmou Roberto Pastor Júnior, diretor técnico da Trisul, existe nas obras que a empresa paulistana faz. “Por volta de 85% dos resíduos gerados dentro dos canteiros das obras voltam para os fabricantes”, explicou o executivo da construtora. Processo que alimenta a chamada economia circular, uma vez que parte dos resíduos coletados podem ser usados novamente nas linhas de produção como matéria-prima.

“E hoje, desde que você faça isso a partir da negociação com os fornecedores das obras, é possível desenvolver projetos de reaproveitamento dos resíduos mesmo no interior, em cidades como Santos e Araraquara onde também atuamos”, afirmou Pastor Júnior.

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Como parte da solução, e não do problema, cabe às próprias construtoras, segundo Ibañez, estimular com toda a cadeia de produção as práticas ambientalmente corretas. Sob o risco de tudo permanecer como está. “Temos o papel de incentivar a reutilização dos resíduos, independentemente da cidade”, afirmou o executivo da Tegra.

Saiba mais

• O que é o ESG

ESG é a abreviação de Environmental, Social and Governance, sistema utilizado para medir as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa.

• Por que é relevante

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Além do aspecto econômico-financeiro, o tema tem tudo a ver com investimento, pois está relacionado à expectativa de um futuro sustentável. Além disso, uma empresa com boas práticas corre menos risco de sofrer sanções.

• Surgimento

Embora o tema tenha se popularizado nos últimos anos, o movimento não é tão atual. A sigla urgiu oficialmente em 2005, em uma conferência liderada por Kofi Annan, então secretário-geral das Organização das Nações Unidas (ONU), que resultou em um relatório intitulado Who Cares Win (Quem se importa ganha, em tradução livre).

• Retorno

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Ao aderir às práticas ESG, as empresas buscam lucratividade, melhorar sua imagem e reduzir riscos de sofrer sanções ambientais, por exemplo.