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Startups do setor imobiliário ratificam momento de transição no pós-pandemia

Conceito de morar e trabalhar muda depois de crise sanitária, mas mercado ainda não está sedimentado

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Por Redação

No atual momento, não é possível analisar tendências do comportamento totalmente deslocado do que todos viveram na pandemia. No caso específico do mercado imobiliário, isso ganha ainda mais peso. Afinal, muitos ainda estão ressignificando o conceito de morar, segundo empreendedores e empresários do setor reunidos no Summit Imobiliário Brasil 2022. Em um período fluído, algumas certezas propagadas na crise sanitária podem nem ficar mais de pé em um período curto de tempo.

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“Essa é uma questão importante. Nós não voltamos ao normal. Por um lado, tivemos algumas mudanças de comportamento e, por outro, dúvidas profundas também continuam a existir. A questão do escritório tem bastante a ver com isso. Nós, que somos uma empresa de tech, podemos ser um exemplo. A gente tinha um escritório grande na região da Bela Cintra, e mesmo voltando ao normal, o escritório está vazio”, afirmou Marcelo Dadian, vice-presidente de Novos Negócios do ZAP Mais.

Ele lembrou que permitiu que as pessoas usassem o espaço como um hub, para encontros e reuniões com a equipe. “Antes, quando você falava que estava fora de São Paulo, no zoom, pegava até mal. As pessoas perguntavam se estava de férias. Mas, agora, é tranquilo dizer que está trabalhando em outro lugar. Talvez isso seja o novo normal, essa intimidade que as pessoas fizeram pelo zoom, com os filhos aparecendo, o cachorro latindo”, disse Dadian, para quem as pessoas, agora, entendem que querem morar com mais conforto, perto da família. “Tudo indica que é uma mudança cultural.”

Inteligência artificial

As várias startups que investem em tecnologia e inteligência artificial para entender as novas demandas dos clientes residenciais também estão captando alguns movimentos rotulados como novos.

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Entre eles, segundo Fábio José Riccó, da Spaceflix, empresas de aluguel de móveis residenciais, o fato de que vem aumentando, por parte das próprias empresas, o gasto em forma de benefício, com a melhoria da infraestrutura na casa dos funcionários.

“O gestor começar a fazer as contas e perceber um dia de home office dos funcionários equivale a 20% menos de ocupação do escritório. Dois dias, 40%. De um lado tem a redução do custo e de outro também há o aumento da felicidade do funcionário como várias pesquisas demonstram. Não vemos ainda tendências claras, mas diferentes geografias, segmentos e nível de maturidade da empresa para decidir por diferentes modelos. Mas vemos com muita clareza essa transferência do valor que era gasto na ocupação do escritório para a casa do funcionário, em forma de benefício. Seja com infraestrutura, rede, Wi-Fi ou decoração”, afirmou Riccó.

Escritório vazio em meio à crise da covid-19; mesmo com retomada pós-pandemia, mudanças estabelecidas durante o isolamento social permanecem e espaços continuam vazios.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Em contrapartida, entre 2021 e 2022, a Spaceflix registrou uma queda de 38% para 27% no faturamento com aluguel de mobiliário para home office. “Isso pode ser por várias coisas. As pessoas podem ter mudado para outros locais ou então as empresas estão contratando mais fora de suas sedes, uma vez que esses dados são válidos para a Grande São Paulo”, explicou.

Nova frente

Independentemente das nuances que existem nos processos individuais de escolha por morar bem, com qualidade de vida, Daniel Alves, cofundador da Arquiteto de Bolso – empresa que por meio de sessões totalmente onlines, cobradas por hora, procura democratizar o acesso à arquitetura e ao design de interiores –, consegue perceber uma tendência clara no setor residencial hoje.

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“Estamos vendo uma transição. Se antes as pessoas estavam de fato prestando atenção ao entorno, nas suas necessidades externas, agora existe algo mais genuíno e íntimo ligado ao desejo de morar. Não falamos mais de design de interiores, mas de design de vida. Tudo que colocamos no ambiente impacta a pessoa”, explicou.

De acordo com ele, a casa agora precisa ser a brinquedoteca da criança, a escola do adolescente, o escritório do adulto e ainda ser o bar e restaurante no momento do lazer. “É uma nova forma de olhar para o morar. Tudo o que será feito agora será muito mais voltado à necessidade do indivíduo do que à necessidade da arquitetura.”

Segundo o empreendedor, a empresa já reformulou 35 mil ambientes em 12 países. As sessões de duas horas, para ambientes de até 20 metros quadrados, começam em R$ 149. “Milhões de pessoas não têm acesso a fazer uma reforma com ajuda de um profissional”, disse Alves.

O que faz cada startup

• Arquiteto de Bolso

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Por meio de sessões online curtas de até duas horas, o cliente tem acesso a um profissional para ajudá-lo no projeto de reforma de um espaço com até 20 metros quadrados. As conversas são feitas por mensagens de texto ou áudio. Planos para espaços maiores também podem ser contratados. No final de sessão, uma lista de fornecedores parceiros também é enviada para o cliente para que ele possa escolher a opção que lhe convier.

• Spaceflix

A empresa é especializada em aluguel de móveis tanto para casa quanto para escritórios. No catálogo, existem até opções de berço e outros tipos de móveis para quartos de bebês. Além da entrega, a equipe também instala a mobília escolhida. O cliente paga uma mensalidade por mês referente ao produto que escolheu, como uma assinatura.

• Griffon

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A startup promete acompanhar o cliente desde a escolha do lote, passar pelo financiamento da obra, e entregar a casa escolhida – existem modelos básicos que podem ser personalizados – em até 150 dias. A um custo 10% menor em relação ao preço de uma construção convencional.