BRASÍLIA – Em roadshow em Londres, onde participa do processo de privatização da Sabesp, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirma que a procura pelas ações remanescentes da companhia supera em quase quatro vezes o valor ofertado pelo governo paulista.
“Já tem mais de R$ 30 bilhões de ordem para um espaço de R$ 8 bilhões”, disse Tarcísio ao Estadão. “Impressionante a procura de investidores internacionais e locais. Teremos um book (livro de oferta de ações) de muita qualidade.”
Nesta segunda-feira, 1º, começou a reserva de investidores interessados na compra de 17% das ações remanescentes da privatização da companhia. Na sexta, 28, a Equatorial foi o único ofertante para a compra de 15% de ações da companhia. O valor foi de R$ 67 por ação, inferior ao praticado atualmente na B3.
Apesar do deságio, Tarcísio afirma que a operação foi bem sucedida. “A questão do deságio é em relação ao preço de tela hoje. Mas quanto a empresa valorizou desde o início do processo de privatização? Em maio do ano passado, o valor da ação era R$ 44. O desconto em relação ao valor de tela é natural”, disse.
Segundo o governador, a Equatorial não está adquirindo o controle da companhia, uma vez que, como investidor de referência com 15% das ações, terá participação inferior à do governo paulista (18%) – o controle será pulverizado.
“Controle gera prêmio. Ela não terá o controle”, afirmou Tarcísio. “Ela tem que se submeter à governança, anuir ao acordo de investimento e não pode vender ação por 5 anos. Então o desconto em relação ao valor de tela é normal”.
O valor oferecido pela Equatorial e a presença de apenas um interessado levou parte dos analistas a entenderem que havia pouco interesse pela Sabesp no mercado. Tarcísio afirma que a valorização das ações tanto da Sabesp quanto da Equatorial nesta segunda-feira – ambas com valorização acima de 4% – indicam que o mercado teve outra leitura.
“O livro (de oferta de ações) ficou coberto no primeiro dia. Os investidores fazem ordens já depois das nossas reuniões. Tremenda procura”, disse Tarcísio.
Segundo ele, a expectativa do governo paulista era de arrecadar R$ 10 bilhões com a privatização e, ao final, a arrecadação ficará em R$ 15 bilhões. “Será a maior do ano no Brasil e a quinta maior do mundo”, afirmou. “O Estado já ganha na valorização forte que teremos com as ações. Em pouco tempo, os 18% que temos valerão mais que os 32% que estamos vendendo”.
O governo paulista tinha 50,3% das ações da companhia de abastecimento e, ao fim da operação, ficará com 18%.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.