Tarcísio reúne descontentes e se torna ‘fiel da balança’ da reforma tributária; veja bastidor

Alterações propostas por governador paulista têm apoio de MG e Rio; setores creem que Tarcísio ajudará a adiar votação

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Atualização:

BRASÍLIA - O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) se transformou no fiel da balança das negociações da reforma tributária, ao tomar para si a tarefa de formular propostas que podem alterar o texto final do relator na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Nesse esforço, Tarcísio conta com o apoio de setores econômicos críticos à mudança, como o de serviços, e também de governadores de peso eleitoral, como o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e o do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

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O governador desembarca em Brasília nesta terça, 4, para acompanhar a reta final das negociações. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) mobilizou os líderes partidários a reunir deputados em Brasília e já começa a “contar votos” pela reforma. No sábado, Tarcísio se reuniu por quatro horas com Aguinaldo Ribeiro.

Um importante observador em Brasília afirmou que Tarcísio “já é o fiel da balança” da reforma e “se sentou à mesa grande da negociação”.

Tarcísio lidera ofensiva com setores que querem adiar a votaçãoda reforma e é crítico a pontos específicos, mas diz que é favorável à proposta. Foto: Fernando Nascimento/Governo de SP

Ainda que tenha apresentado uma série de mudanças, Tarcísio assumiu uma posição distinta da de Ronaldo Caiado (União-GO), que desde a semana passada assegurou ser contrário à reforma. Os aliados do governador de São Paulo dizem que ele não deverá se posicionar contra, até pela pressão exercida pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) em prol da votação.

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Entre petistas e bolsonaristas, a avaliação é que Tarcísio entoa um discurso dúbio, que ora parece favorável e ora é contra a reforma, com o objetivo de manter a simpatia de setores da direita, desorganizada com o encolhimento de Jair Bolsonaro (PL), e que não deseja ver ganhos eventuais para o governo Lula. A dubiedade também se explica pela proximidade do governador com Gilberto Kassab, presidente do PSD, que no âmbito federal é aliado do governo.

“Tarcísio defendeu a PEC, disse que aprova 90% da reforma. Acho que vai dar certo”, disse o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), autor da proposta de emenda constitucional que iniciou a discussão sobre a atual reforma, após o jantar no Bandeirantes, na noite de domingo, 2.

Como mostrou o Estadão, Tarcísio sugeriu mudanças em três pontos principais, entre os quais a divisão do bilionário Fundo de Desenvolvimento Social, a ser bancado pela União, pedindo que a repartição seja feita de acordo com o número de atendidos pelo Bolsa Família. Nesse quesito, Minas Gerais apoia integralmente a posição paulista, assim como boa parte dos governadores do Sul e Sudeste.

Tarcísio também deseja alterar a configuração e as atribuições do Conselho Federativo, órgão que será o responsável pela arrecadação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a ser criado na reforma para unificar o ICMS (estadual) e o ISS (municipal). O governador propôs que os votos dentro do comitê levem em consideração o peso populacional de cada Estado e município, o que daria vantagem a São Paulo.

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Em entrevista nesta segunda-feira, 3, em São Paulo, o governador, porém, sublinhou que é a primeira vez que São Paulo se coloca a favor da reforma. “Nunca isso aconteceu”, disse ele, ao fazer uma referência indireta ao histórico de tentativas frustradas de aprovação da proposta, em que o Estado sempre se colocou como contrário.

O governador disse que São Paulo “topa” perder parte da arrecadação com a mudança da tributação do novo imposto da origem (onde o bem ou serviço é produzido) para o destino (onde é consumido), mas ponderou que a votação não pode ser feita de forma açodada e que há pontos de preocupação a serem negociados.

Para Tarcísio, o fim da guerra fiscal será benéfico para o Estado no médio e longo prazo. Ele citou, entre os pontos pacíficos da proposta, a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual – um federal e outro dos Estados e municípios –, uma base ampla e transição federativa (para o destino)”.

Adiamento

No entorno dele, na administração paulista, e também entre representantes do setor privado, a visão é que Tarcísio vem reunindo críticos com o objetivo final de ganhar terreno e empurrar para mais adiante a votação.

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Na semana passada, representantes do setor de serviços estiveram com Tarcísio e saíram do encontro convencidos de que o governador ajudará a atrasar a votação, como eles desejam, apesar da pressão de Lira junto aos líderes partidários.

Em São Paulo, em um aparente recado a Lira, Tarcísio afirmou nesta segunda-feira que cada parlamentar na votação “tem que saber exatamente o que vai votar” e pediu para que os deputados “não votem simplesmente pela orientação da liderança (do partido)”.

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