Nesta quarta-feira, 12, está prevista a entrada em vigor de uma tarifa de 25% sobre todo o aço e o alumínio, de todo o mundo, vendido aos Estados Unidos. Dados os últimos movimentos de idas e vindas de Donald Trump em relação às tarifas impostas ao México e ao Canadá, ninguém tem certeza absoluta se essas tarifas passarão a valer mesmo. E, se passarem, por quanto tempo.
Trump tem provocado enormes incertezas mundo afora com suas idas e vindas em relação às taxas sobre importações. Isso já vem se refletindo nos mercados financeiros, que nesta segunda-feira, 10, operam em queda, principalmente nos Estados Unidos. Para analistas, essas medidas podem provocar inflação e acabar levando os Estados Unidos a uma recessão. E, em entrevista à Fox News, divulgada neste domingo, 9, Trump se recusou a descartar a possibilidade de que suas políticas causariam uma recessão.
O grande problema para países, empresas, investidores e toda a economia global é a turbulência que o vai e volta de Trump provoca. Fica até difícil acompanhar o que realmente entrou em vigor e o que ficou apenas nas palavras do presidente americano, no que se refere às tarifas. A tabela abaixo mostra como está esse cenário hoje:
Na prática, o que realmente Trump fez até agora foi elevar as tarifas das importações chinesas — 10% em fevereiro e mais 10% agora em março.
As tarifas de 25% sobre os produtos mexicanos e canadenses até entraram em vigor no dia 4 de março, mas boa parte foi suspensa dois dias depois, por 30 dias.
O que está por trás disso? Não está muito claro para ninguém. Trump tem dito que quer a volta das fábricas para os Estados Unidos, com a consequente geração de empregos que elas trariam. Mas é difícil pensar que isso seria algo assim tão simples. Entre outras coisas, a mão de obra americana é muito mais cara que a de outros países, principalmente na Ásia, e produzir nos EUA seria muito mais caro para qualquer empresa.

Segundo reportagem publicada pelo The New York Times na semana passada, “quando Trump determina as tarifas e depois as retira por mais ou menos um mês, os líderes mundiais telefonam para defender seu caso, um pouco como se fossem Estados vassalos apelando para uma potência maior. Os CEOs também telefonam, deixando claro que é com Trump que você precisa lidar se estiver trazendo peças de automóveis do Canadá ou chips da China”.
“E o presidente responde, como se estivesse concedendo indultos, embora não perdões. Se, em uma presidência normal, as tarifas são debatidas por camadas de especialistas e assessores, e seu impacto potencial é avaliado com cuidado, na Casa Branca de Trump as determinações são parte capricho, parte trama, parte ressentimento. As explicações sobre o que desencadeou a imposição de tarifas mudam, e as decisões de adiá-las ou suspendê-las não são acompanhadas de justificativas detalhadas. O próprio Trump diz que toma a decisão com base em suas últimas conversas.”
As retaliações contra esse movimento, claro, já começaram. Nesta segunda-feira, a China começou a cobrar uma tarifa extra sobre produtos agrícolas dos EUA. Essas taxas chinesas incluem uma cobrança de 15% sobre produtos como frango, trigo e milho, além de 10% sobre produtos como soja, carne suína, carne bovina e frutas.
O governo chinês também disse que estava impedindo 15 empresas americanas de comprar produtos chineses, a menos que fosse concedida uma permissão especial, incluindo um fabricante de drones que abastece as forças armadas americanas. E disse que estava impedindo outras 10 empresas americanas de fazer negócios na China.
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Também nesta segunda-feira, o primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, e o ministro da Energia local, Stephen Lecce, anunciaram que a província canadense impôs uma sobretaxa de 25% sobre toda a eletricidade vendida aos EUA. A medida faz parte das retaliações contra as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos canadenses.
“As tarifas de Trump são desastrosas para a economia dos Estados Unidos. Elas tornam a vida mais cara para as famílias e empresas americanas. Até que a ameaça das tarifas desapareça de vez, Ontário não vai recuar”, afirmou Ford. O premiê ainda alertou que a sobretaxa poderá ser aumentada caso o governo dos EUA “escale ainda mais” a guerra comercial.
Além das medidas já oficialmente anunciadas, Trump também já ameaçou taxar as importações da União Europeia e da Rússia.
Ainda não é possível saber se essa disputa tarifária aberta por Donald Trump em algum momento beneficiará os Estados Unidos. Mas uma coisa fica a cada dia mais clara: o mundo econômico que conhecíamos até agora provavelmente ficou para trás. /Com The New York Times