Desemprego fica em 7,9% no trimestre encerrado em julho, menor patamar para o período desde 2014

Número de desocupados ficou em 8,5 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE

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RIO - A taxa de desemprego no País desceu a 7,9% no trimestre encerrado em julho, a mais baixa para esse período do ano desde 2014, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta quinta-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O resultado evidencia um mercado de trabalho aquecido, com aumentos tanto no número de pessoas trabalhando quanto no de quem está disposto a trabalhar, avaliou a economista Claudia Moreno, C6 Bank.

“Na nossa visão, o segundo semestre deste deve ser marcado por uma desaceleração mais acentuada nos dados de atividade (econômica). No entanto, essa perda de fôlego não deve ser suficiente para puxar a taxa de desemprego para cima. Tanto o aumento real habitual quanto o desemprego baixo devem dificultar a desaceleração da inflação de serviços”, frisou Moreno.

Número de pessoas ocupadas chegou a 99,3 milhões Foto: Carl de Souza/AFP

A trajetória de redução na taxa de desocupação no mercado de trabalho em julho foi mantida graças a uma geração de vagas, e não por uma desistência na busca por um emprego, corroborou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Em apenas um trimestre, mais 1,303 milhão de pessoas passaram a trabalhar, totalizando 99,334 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 573 mil brasileiros deixaram o desemprego. A população desempregada — pessoas que buscavam efetivamente uma vaga — desceu a 8,522 milhões, menor patamar desde 2015.

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“Houve crescimento importante da população ocupada nesse trimestre. De fato, há uma melhora da ocupação”, ressaltou Beringuy. “A queda na taxa (de desocupação) não foi por queda na busca por trabalho, mas principalmente pela melhora no quadro da ocupação.”

O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 349 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,878 milhões fora da força de trabalho. Embora a população inativa permaneça superior à existente em 2019, no pré-pandemia, o IBGE ressalta que as medidas de subutilização da força de trabalho mantêm tendência de queda.

“Esperamos que a melhoria do mercado de trabalho desacelere nos próximos trimestres”, ponderou o diretor de pesquisa macroeconômica do banco Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, em relatório.

Ramos menciona a expectativa de desaceleração na atividade econômica, mas também um possível impacto de um retorno ao mercado de trabalho de inativos em situação de desalento.

Ainda falta trabalho no País para 20,330 milhões de pessoas, mas a taxa composta de subutilização da força de trabalho desceu a 17,8% no trimestre até julho, a menor para o mês desde 2015. O indicador considera todos os que buscam emprego, os que trabalham menos horas do que gostariam ou poderiam, e os desalentados, ou seja, pessoas que não estão em busca de emprego por acreditarem que não conseguiriam uma oportunidade, mas que estariam disponíveis para trabalhar.

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A população subutilizada encolheu em 642 mil pessoas em um trimestre. O total de desalentados diminuiu em 108 mil, descendo a 3,661 milhões no trimestre, o menor contingente desde 2016.

“As medidas de subutilização vêm recuando assim como a taxa de desocupação”, disse Beringuy.

Nove das dez atividades econômicas abriram postos de trabalho no trimestre encerrado em julho.

Em relação ao trimestre terminado em abril, houve geração de vagas na indústria (94 mil), alojamento e alimentação (31 mil), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (296 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (593 mil), construção (57 mil), outros serviços (41 mil), comércio (65 mil), serviços domésticos (178 mil) e agricultura (58 mil).

O único setor com demissões foi o de transporte e armazenagem (-80 mil).

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Massa de renda recorde

Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia subiu a um recorde de R$ 286,872 bilhões. O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 0,6% na comparação com o trimestre até abril, R$ 19 a mais, para R$ 2.935.

O fenômeno é resultado de um mercado de trabalho com mais pessoas ocupadas, acompanhado de uma manutenção da renda do trabalhador, justificou.

“Temos crescimento da ocupação e estabilidade no rendimento”, disse Beringuy. “A gente está tendo um movimento satisfatório da população ocupada. Algumas atividades, que antes vinham registrando perda de trabalhadores, começam a sinalizar uma pequena recuperação. Então isso é um fato importante.”

Segundo Adriana Beringuy, embora venha crescendo o trabalho informal, que, de modo geral, reúne trabalhadores com menores rendimentos, a renda média não está sendo puxada para baixo.

“O crescimento da informalidade não está se manifestando em queda do rendimento”, frisou Beringuy. “A manutenção do rendimento médio real e do crescimento do número de trabalhadores, é que explica esse crescimento da massa de rendimento.”

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Para o economista André Perfeito, a massa recorde de salários em circulação na economia reitera que o Brasil terá um Produto Interno Bruto (PIB) mais forte neste ano do que o estimado anteriormente.

“Este valor reitera nossa projeção de PIB em 2,5% em 2023 e deve forçar revisões em outras casas”, afirmou Perfeito, em comentário.

Correções

O texto publicado anteriormente informava que a taxa de desemprego era a menor desde o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2015, conforme o comunicado do IBGE. A informação foi retificada pelo instituto: na verdade, trata-se do menor patamar para os trimestres encerrados em julho desde 2014.

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