Taxa de desemprego fica em 8,5% em abril e atinge 9,1 milhões de pessoas, segundo o IBGE

Número ficou abaixo do projetado pelo mercado, de 8,7%; no trimestre encerrado em março, desemprego era de 8,8%

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Foto do author Cícero Cotrim
Atualização:

RIO - A taxa de desemprego no País desceu de 8,8% no trimestre terminado em março para 8,5% no trimestre encerrado em abril, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O resultado foi o mais baixo para esse período do ano desde 2015, ficando aquém da expectativa de especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma taxa mediana de 8,7%.

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o desemprego abaixo do esperado indica que a atividade econômica pode se manter mais forte no segundo trimestre, o que sugere uma nova rodada de revisões para cima nas expectativas do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023.

“No final, as expectativas podem caminhar para um crescimento entre 1,5% e 2%. Esse ainda não é o cenário básico, mas já é mais provável do que um PIB abaixo de 1%, como se esperava no início do ano”, diz o economista, que prevê crescimento de 1,3% para o PIB deste ano. No último relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, economistas indicavam uma expansão mediana de 1,26% para a atividade econômica em 2023.

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Contingente de pessoas ocupadas teve leve recuo em relação ao trimestre anterior Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Vale destaca que há elementos positivos que devem ajudar a economia este ano, como a provável aprovação do novo arcabouço fiscal, a possibilidade de manutenção das metas de inflação em 3% e o avanço da reforma tributária na Câmara. Esses fatores devem ajudar a ancorar as expectativas de inflação e, com isso, abrir espaço para um corte da taxa básica de juros, a Selic, no segundo semestre.

Os resultados do mercado de trabalho em abril impõem viés de baixa à projeção de taxa de desemprego de 9% no fim de 2023, informou o Itaú Unibanco, em relatório. O banco calcula que a taxa de desocupação recuou de 8,3% no trimestre até março para 8,1% no período até abril, se descontadas as influências sazonais. Após a divulgação da Pnad, o C6 Bank já reduziu sua projeção para a taxa ajustada de desemprego ao fim de 2023, de 8,7% para 8,5%.

Na comparação com o trimestre anterior, terminado em janeiro, houve ligeira piora no desemprego no trimestre terminado em abril: a taxa de desocupação estava em 8,4%. O País ainda tem 9,095 milhões de desempregados. Em um trimestre, 605 mil pessoas perderam suas ocupações, mas apenas 101 mil delas passaram a buscar um emprego. A população inativa, que não trabalha nem procura uma vaga, cresceu em 885 mil pessoas.

O mercado de trabalho mostrou uma redução sazonal na ocupação no trimestre até abril, mas o esperado aumento na busca por uma vaga não ocorreu, avaliou Alessandra Brito, analista da Pnad Contínua no IBGE. A desistência de buscar uma oportunidade entre as pessoas que perderam seus trabalhos não foi motivada por desalento em relação às condições de empregabilidade da economia. A população inativa cresceu engrossada por uma fatia de pessoas que fizeram uma opção pessoal de não querer trabalhar ou por não estarem disponíveis para assumir uma vaga.

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“Pode ter influência de auxílios (transferências de renda do governo)”, confirmou Alessandra Brito.

No trimestre até abril, faltou trabalho para 20,972 milhões de brasileiros, o equivalente a 533 mil subutilizados a menos em apenas um trimestre. A taxa de subutilização da força de trabalho desceu de 18,7% no trimestre até janeiro para 18,4% no trimestre até abril.

“A procura (por trabalho) não aumentou estatisticamente como era esperado pela questão sazonal, e não parece ser por desânimo em relação ao mercado de trabalho, porque as medidas para esse tipo de fenômeno reduziram”, observou Brito.

A tendência de aumento da população inativa já ocorre há alguns trimestres. No entanto, a população desalentada — que não trabalha nem busca uma vaga por acreditar que não encontraria uma oportunidade, por exemplo — vem diminuindo. O Brasil registrou 3,769 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em abril, 192 mil desalentados a menos em relação ao trimestre encerrado em janeiro. Em um ano, 682 mil pessoas deixaram a situação de desalento.

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“O contexto marcado por um contingente relativamente menor de pessoas desocupadas está associado ao não-retorno de pessoas mais velhas ao mercado de trabalho, após numerosa emissão de aposentadorias por idade e tempo de contribuição no último ano. Não se descarta, ainda, o potencial desincentivo à busca efetiva por uma ocupação por parte dos inativos, em meio à ampliação do piso previdenciário e de programas assistenciais de transferência de renda no País. Até o fim de 2023, a taxa de desocupação deve exibir ligeiro crescimento na margem dessazonalizada, frente à desaceleração da atividade econômica, porém, mantendo-se em patamar historicamente reduzido”, avaliou Lucas Assis, analista da Tendências Consultoria Integrada.

A geração de vagas mostrou retomada “muito forte” ao longo de 2022, lembrou Alessandra Brito, do IBGE. Passado esse momento de recuperação da ocupação no pós-pandemia, o mercado de trabalho parece ter estabilizado, mantendo a taxa de desemprego na casa dos 8%, nos patamares mais baixos desde 2015, observou Brito.

Com menos pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia encolheu em R$ 2,044 bilhões em um trimestre, para R$ 278,821 bilhões. No entanto, a massa salarial ainda é R$ 24,372 bilhões maior do que há um ano.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma redução real de 0,1% na comparação com o trimestre até janeiro, R$ 3 a menos, para R$ 2.891. Em relação a um ano antes, a renda subiu 7,5%, R$ 201 a mais.

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