Tebet: temos plano A, B, C e D na revisão de gastos, e medidas de arrecadação estão se esgotando

Ministra também defendeu revisão de gastos tributários e disse que a ‘renúncia fiscal pode ser responsável pela derrocada do Brasil’

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Foto do author Iander Porcella

BRASÍLIA - A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta quarta-feira, 12, que tem planos “A, B, C e D” para a revisão de gastos públicos. Ela ponderou que essa é a etapa mais difícil do ajuste fiscal nas contas do governo.

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No entanto, as medidas de aumento de arrecadação, que até agora têm estado no centro da política econômica do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estão se esgotando, segundo a emedebista.

Um exemplo apontado por Tebet para mostrar que é preciso entrar na agenda de revisão de gastos, já que as medidas de arrecadação estão acabando, foi a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que não há “plano B” para compensar a desoneração da folha de pagamentos após o Congresso devolver a medida provisória (MP) que limitaria o uso de créditos de PIS/Cofins por empresas.

“Como o próprio ministro Haddad falou, não tem plano B em relação à desoneração. Isso significa que as fontes de novas receitas estão se esgotando. O lado bom disso é que vamos ter de acelerar a esteira da revisão de gastos”, disse a ministra, a jornalistas, após participar de audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso.

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Tebet afirmou que é preciso 'realinhar e requalificar' os gastos públicos Foto: Washington Costa/MPO

Segundo Tebet, é preciso “realinhar e requalificar” os gastos públicos. “Temos plano A, plano B, plano C e plano D na revisão de gastos, porque ela mal começou. E ela mal começou, não é por outra razão e ninguém esconde isso, é o trabalho mais difícil de se fazer, é complexo e envolve deliberação do Congresso Nacional”, afirmou.

A titular do Planejamento elencou medidas de aumento da receita que foram propostas pelo governo e aprovadas pelo Congresso, como a tributação de fundos de alta renda e das apostas esportivas, mas reforçou que esse cardápio está no fim. “É preciso tributar o andar de cima e isso nós fizemos. (Mas) está se esgotando pelo lado da receita.”

Como havia dito na audiência, Tebet voltou a afirmar que não defende a desvinculação das aposentadorias da política de valorização do salário mínimo e acrescentou saber que as desvinculações de benefícios não são pauta de Lula e do PT.

A ideia, segundo ela, é “modernizar” outras vinculações, como do Benefício de Prestação Continuada (BPC), do seguro-desemprego e do abono salarial. Essas medidas, contudo, só serão anunciadas quando estiverem “amadurecidas”, já que precisam passar pela Junta de Execução Orçamentária (JEO) e pelo crivo de Lula.

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“Eu sou favorável a colocar os números na mesa e discutir. O que podemos modernizar em relação aos benefícios trabalhistas e previdenciários, à luz da discussão da valorização do salário mínimo”, disse a emedebista.

Tebet também defendeu a revisão de gastos tributários. “A renúncia fiscal no Brasil está insustentável. Ela pode ser responsável, se não fizermos nada, a médio prazo, não é nenhuma sangria desatada neste momento, pela derrocada do Brasil”, declarou.

Ao ser questionada sobre reações negativas do mercado ao que defende o governo, Tebet citou uma fala de Lula que impactou negativamente os ativos financeiros e defendeu o presidente. O petista afirmou que o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit público sem comprometer a capacidade de investimento público, o que foi lido no mercado como descompromisso com o corte de gastos.

“Eu, mesmo sem estar lá, entendi perfeitamente a fala do presidente Lula. Não foge nada do que está acontecendo, quando ele diz o seguinte: olha, o Brasil vai crescer porque os juros estão caindo”, disse. “O Brasil se endivida com base na taxa Selic. Então, quanto mais baixa a taxa de juros, menos o Brasil se endivida e mais rápido a gente alcança o equilíbrio da dívida em relação ao PIB”, emendou a ministra.

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