Há dez anos, bancos sem agências eram impensáveis. As opções de crédito limitavam-se a cinco ou seis empresas, onde precisávamos ir pessoalmente, pegar filas e esperar por aprovação. Pelo difícil acesso, muita gente passava a vida inteira fora do sistema bancário. Se negativados, “deixavam de existir” nesse contexto, impedidos de fazer movimentações, mas não paravam de consumir. Impossível viver em sociedades como a nossa sem necessidades de consumo. Pediam a terceiros para parcelar compras e fazer empréstimos. Cenário que as fintechs tornaram missão solucionar.
As respostas vieram em forma de cartão pré-pago, com saldo carregado por boleto e uso como débito – vinculado ou não a uma conta bancária. Também o Buy Now, Pay Later, versão moderna dos carnês, com rápida aprovação do consumidor por consulta de dados. Já o Open Finance, que permite ao cliente decidir a qual banco se associar, com melhores condições de produtos e taxas, e o Pix, aderido por 150 milhões de brasileiros, foram demonstrações de que o Banco Central apoia essa evolução.
Tamanho é o resultado que, nos últimos cinco anos, o número de contas bancárias mais que dobrou. Em 2018, eram em média 2,4 por brasileiro. Ano passado, 5,2. Em 2019, 29% da população adulta estava desbancarizada. Em 2022, a parcela foi reduzida para 13,5%.
Além da agilidade no atendimento, os baixos encargos são os principais benefícios da “era fintechs”. A tecnologia possibilita redução de custos operacionais, que não são repassados ao usuário. Isso somado à conveniência de ter o banco na palma da mão e maior possibilidade de escolha são alguns motivos que explicam o fenômeno.
E os números ainda podem subir, a depender de Banking e Card as a Service, que transformam qualquer empresa em banco ou emissor de cartão, como mercados, lojas e, recentemente, até times de futebol, com contas que fazem tanto quanto ou mais que as tradicionais. Já os cartões podem ser totalmente personalizados, com a marca da empresa e funções de crédito, débito ou pré-pago. A segurança é garantida pela fintech que fornece a infraestrutura.
Essa mudança de mindset traz ao consumidor todo o controle, liberdade que demanda responsabilidade. Espírito empreendedor e coragem o brasileiro já tinha e, agora, tem a tecnologia. O que falta para atingirmos nosso potencial é somente acesso à informação. Alcançado isso, todas as portas estarão abertas para nós.
*É CEO da Ewally
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