O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, pediu ontem desculpas pelas panes do Speedy, serviço de banda larga da empresa. "A gente reconhece que tem problemas, e publicamente pede desculpas", afirmou Valente. O serviço ficou fora do ar para muitos assinantes do Estado de São Paulo na tarde e na noite da última segunda-feira. "É algo que não gostaríamos que tivesse acontecido, e que causa transtornos", disse o presidente da Telefônica, que participou ontem, em São Paulo, do evento de tecnologia "O futuro agora", organizado pela Telequest. De acordo como executivo, a pane foi causada por um descompasso entre a velocidade dos investimentos em capacidade e o ritmo de crescimento da demanda pelo serviço de banda larga da companhia. "É uma situação que decorre do crescimento do serviço, que é muito acelerado, e exige tolerância por parte de todos." Ele destacou que a Telefônica tem a segunda maior rede de banda larga do País, depois daquela formada pela compra da Brasil Telecom pela Oi, com 2,7 milhões de clientes. Este ano, a Telefônica planeja investir R$ 750 milhões em sua rede de banda larga. Em 2008, foram R$ 500 milhões. "A rede está sendo ampliada, com novas técnicas de proteção e redundância", explicou Valente. "A demanda é muito grande e as vendas continuam fortes, apesar de terem caído um pouco desde dezembro, por causa da redução nas vendas de computadores." No começo de abril, o Speedy havia sofrido outra pane, ficando instável por vários dias. Naquela ocasião, a Telefônica apontou a ação de criminosos virtuais como a causa do problema. Dessa vez, Valente não falou de hackers: "Até agora, não temos nenhuma evidência de ataque externo". Ele acrescentou que está para sair um laudo sobre os motivos do problema do mês passado, feito pelo CPqD (ex-centro de pesquisa da Telebrás). A empresa vai divulgar essas explicações detalhadamente quando o laudo estiver pronto. Apesar de a empresa não ter culpado ataques externos dessa vez, os problemas do começo da semana foram muito parecidos com os do mês passado. Ela enfrentou instabilidade em seus servidores de nome de domínio (DNS, na sigla em inglês). Essas máquinas transformam os nomes de sites digitados pelos usuários em endereços numéricos usados pelo protocolo de internet, responsável pelo funcionamento da rede mundial. A pane afetou a navegação na internet, mas não outros serviços. "O usuário que estava falando no Skype, por exemplo, não teve problema", afirmou o presidente da Telefônica, referindo-se ao serviço de telefonia via internet, que não depende da conversão de nomes de sites em endereços de rede. Como no mês passado, a Telefônica se comprometeu a reembolsar os clientes pelas horas fora do ar. A empresa identificou três períodos de instabilidade na segunda-feira: das 12h30 às 14h55, das 16h15 às 18h e das 20h30 às 23h40, com retorno parcial às 21h05. Alguns clientes, no entanto, reclamam de problemas em períodos maiores que esses. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prometeu investigar a pane e o Procon-SP notificou a empresa para explicar as falhas. Em julho de 2008, o Speedy sofreu um grande apagão, que deixou os clientes sem serviço por 36 horas. Naquela ocasião, o problema foi diferente: no lugar dos servidores de nome de domínio, a empresa teve interrompida sua rede MPLS ( Multiprotocol Label Switching), tecnologia que melhora a confiabilidade das comunicações via internet, principalmente para serviços que exigem transmissão de mensagens em tempo real, como voz e vídeo. Valente afirmou que o tráfego de internet dobra a cada dois anos. "Talvez a gente não esteja tendo tempo para fazer as ampliações na velocidade desejada", disse o executivo. "E não falo só da Telefônica, mas também de outras empresas."
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