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The Economist: A promessa de Donald Trump de uma era de ouro para o petróleo é fantasiosa

Não há muito que ele possa fazer para impulsionar os combustíveis fósseis ou controlar a energia limpa

Por The Economist

“Vamos perfurar, perfurar, perfurar!” Assim trovejou Donald Trump em seu discurso em 19 de julho na Convenção Nacional Republicana, onde aceitou a nomeação de seu partido como candidato presidencial. Encorajado por aplausos entusiasmados, ele se empolgou com o tema, prometendo aumentar a produção doméstica de combustíveis fósseis para “níveis que ninguém jamais viu antes”, tornando os Estados Unidos tão “dominantes em energia” que “irão suprir o resto do mundo”.

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Trump está cortejando assiduamente os chefes do petróleo. Em abril, ele convidou um grupo deles para Mar-a-Lago, seu clube privado na Flórida, e prometeu acabar com o que eles veem como regulamentações onerosas do presidente Joe Biden para a indústria se retornasse ao Salão Oval. Ele pediu apenas que eles contribuíssem com US$ 1 bilhão para sua candidatura à reeleição, argumentando que o valor seria uma pechincha em comparação com a diferença que receberiam com impostos mais baixos e regras mais flexíveis.

Trump e sua equipe estão ansiosos para libertar a indústria petrolífera americana e desfazer a pauta de energia limpa de Biden. Seus apoiadores invocam vastas reservas de petróleo inexploradas no Alasca e no Golfo do México que jorrariam se a bota verde fosse removida da garganta do setor. Robert O’Brien, que atuou como conselheiro de segurança nacional durante a presidência de Trump, sugere que “os Estados Unidos poderiam estar produzindo milhões de barris a mais por dia”. No entanto, os planos da equipe de Trump provavelmente serão muito menos consequentes para a energia americana, tanto marrom quanto verde, do que eles fazem parecer.

The Economist: Vitória de Trump em novembro pode fazer surpreendentemente pouco para desacelerar a mudança dos EUA em direção à energia limpa Foto: Alex Brandon/AP

Os petroleiros americanos há muito reclamam de Biden e provavelmente têm reservas semelhantes em relação a Kamala Harris, a vice-presidente e quase certa candidata democrata para a eleição presidencial de novembro, depois que Biden se retirou da disputa em 21 de julho. Sua realização legislativa marcante, o Ato de Redução da Inflação (IRA), para o qual Harris deu o voto de desempate no Senado, busca explicitamente encorajar o uso de energia de baixo carbono por meio de enormes subsídios para tecnologias verdes.

Biden também regulamentou as emissões de metano da indústria de combustíveis fósseis, um potente gás de efeito estufa, e em janeiro suspendeu a aprovação de licenças para exportar gás natural liquefeito (GNL), enfurecendo os patrões. O American Petroleum Institute, uma associação comercial, condenou um “ataque regulatório”. Um lobista em Washington reclama que a Casa Branca faz a indústria do petróleo se sentir como se ela fosse “indesejada hoje e prestes a se tornar ainda mais indesejada daqui para frente”.

No entanto, apesar de todas as reclamações, a indústria de combustíveis fósseis dos Estados Unidos se saiu notavelmente bem sob Biden. A produção de petróleo e gás no ano passado foi maior do que em qualquer momento durante o mandato de Trump. O governo de Biden emitiu mais licenças para perfuração durante seus primeiros três anos do que o de Trump. As exportações dispararam. No ano passado, o presidente aprovou Willow, um projeto de petróleo de US$ 8 bilhões no Alasca, contestado por ambientalistas. Os lucros e dividendos das gigantes do petróleo dos Estados Unidos aumentaram sob Biden. O Índice Dow Jones de Petróleo e Gás dos EUA, que rastreia o valor de mercado da indústria, caiu sob a supervisão de Trump, mas mais que dobrou sob a supervisão de Biden, ajudado por um aumento nos preços.

Um especialista em energia que aconselhou ex-presidentes republicanos reconhece que “nenhuma política federal restringe significativamente a produção de curto prazo” de petróleo ou gás natural, e não vê “nenhuma opção que permita que a produção de petróleo e gás aumente” muito mais do que o mercado teria ditado. Harold Hamm, um bilionário do xisto e fervoroso apoiador de Trump, declarou recentemente que a indústria está “produzindo tudo que podemos”.

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A longo prazo, a hostilidade sustentada de um futuro presidente democrata poderia teoricamente diminuir o investimento nos recursos de petróleo e gás dos Estados Unidos, mas tais políticas não estão em evidência. A coisa mais próxima é a pausa nas licenças de exportação de GNL. Essa medida em um ano eleitoral, no entanto, foi suspensa por um juiz federal no início deste mês e parece improvável que sobreviva.

Perfurar, quem sabe, um pouco

Em última análise, o investimento no negócio do petróleo “depende dos equilíbrios globais de oferta e demanda e do apetite dos investidores”, diz Kevin Book, da ClearView Energy Partners, uma empresa de pesquisa de energia. O fator mais importante que afeta esses equilíbrios não é a Casa Branca, mas a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, o cartel do petróleo que define cotas de produção para administrar os preços do petróleo bruto.

Além disso, é Wall Street, não o governo americano, que molda como as grandes empresas de petróleo ajustam seus investimentos de acordo com a oferta e a demanda. Desde o estouro da bolha do xisto, um período de expansão imprudente após a crise financeira durante a qual os vaqueiros da indústria queimaram cerca de US$ 300 bilhões em dinheiro, os investidores têm procurado controlar os chefes do petróleo. A Rystad Energy, outra empresa de pesquisa, caracteriza a mentalidade predominante no setor de xisto como “disciplina de capital persistente”. Não está claro o quanto um novo presidente mudaria essa atmosfera.

Uma vitória de Trump em novembro também pode fazer surpreendentemente pouco para desacelerar a mudança dos Estados Unidos em direção à energia limpa. Embora Trump tenha prometido revogar o IRA, que ele chama de “novo golpe verde”, ele provavelmente não conseguirá fazê-lo, argumenta Neil Auerbach, do Hudson Sustainable Group, que investe em energia limpa. Cerca de quatro quintos de seus benefícios vão para os distritos congressionais republicanos.

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Além disso, apesar de toda a hostilidade a Biden, as indústrias marrons estão tão interessadas em subsídios quanto as verdes. Dan Brouillette, que serviu como secretário de energia no governo de Trump e agora dirige o Edison Electric Institute, uma associação para as concessionárias de energia do setor privado dos Estados Unidos, prometeu defender o IRA. Um lobista de petróleo e gás diz que seus clientes, que se beneficiam dos subsídios da lei para produção de hidrogênio e tecnologias de captura de carbono, “debaterão até o limite” para impedir sua revogação.

Máquina verde

Um segundo governo Trump ainda poderia desacelerar a virada sustentável da economia americana ao mexer com regulamentações e abandonar metas de descarbonização, observa a Wood Mackenzie, mais uma empresa de pesquisa em energia. Ela avalia que os EUA estão a caminho de investir US$ 7,7 trilhões em energia de baixa emissão de carbono entre 2023 e 2050, e espera que esse valor caia para US$ 6,7 trilhões se Trump retornar à Casa Branca. Isso não é bem-vindo, dado que os EUA provavelmente precisam de mais perto de US$ 12 trilhões de investimento para atingir emissões líquidas zero até 2050; mas dificilmente determinaria a morte das indústrias verdes dos EUA.

A análise da Wood Mackenzie é anterior à saída de Biden da corrida presidencial. Kamala Harris pode ter instintos mais verdes do que seu chefe; durante sua breve candidatura presidencial há quatro anos, ela expressou apoio à proibição do fracking (embora tenha revertido sua posição após se juntar à chapa de Biden). Como Harris mira em eleitores mais jovens, ela provavelmente “promoverá a ambição climática”, avalia Book, da ClearView. No entanto, ela não fez nenhuma nova promessa de expandir os esforços de redução nas emissões de carbono.

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Não importa o que aconteça em novembro, a economia de baixa emissão de carbono dos Estados Unidos ganhou um impulso próprio. Mesmo sem subsídios, adicionar energia à rede com uma fazenda solar é mais barato hoje em dia do que fazer isso com uma nova usina movida a carvão. Mais de 90% da capacidade adicional de geração de energia que entrará em operação nos Estados Unidos este ano será livre de emissões de carbono. Grandes clientes comerciais, como os gigantes da tecnologia, que precisam de quantidades cada vez maiores de energia para seus data centers, assumiram compromissos públicos para reduzir suas emissões líquidas a zero. A NextEra Energy, uma concessionária sediada na Flórida que é uma das maiores desenvolvedoras de energia limpa do mundo, tem o compromisso de investir cerca de US$ 100 bilhões em energia solar, eólica, baterias e transmissão até 2027, independentemente de quem ganhar a Casa Branca.

Mary Landrieu, uma ex-senadora democrata pela Louisiana, rica em energia, gosta de dizer que “não se pode fazer nossa siderúrgica funcionar com moinhos de vento ou painéis solares”. No entanto, ela está convencida de que, nos anos desde que Trump deixou o cargo, a indústria de petróleo e gás “atingiu um ponto de inflexão na adoção de um futuro de baixas emissões de carbono”. Até mesmo os fósseis, ao que parece, podem mudar./TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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