Alemanha tem o primeiro déficit comercial em 30 anos

Balança comercial ficou negativa em 1 bilhão de euros em maio; queda das exportações e aumento de custos das empresas são algumas das razões para o resultado

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Por Alexander Weber e Kristian Siedenburg
Atualização:

BERLIM — Pela primeira vez em mais de três décadas, a Alemanha registrou um déficit comercial mensal, o que é o mais recente sinal de que a maior economia da Europa enfrenta problemas com as cadeias de suprimento e com preços recordes de energia ligados à guerra da Rússia na Ucrânia

As exportações têm sido o motor econômico na Alemanha há anos, mas o forte aumento no preço da energia, impulsionado pelas medidas da Rússia para restringir a quantidade de gás natural fornecido à Europa, elevou o preço dos produtos fabricados na Alemanha. 

Porto de Hamburgo, na Alemanha; país registrou déficit pela primeira vez desde 1991 Foto: Fabian Bimmer/Reuters

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As exportações em maio caíram 0,5%, enquanto as importações subiram 2,7%, deixando uma diferença de 1 bilhão de euros, ou cerca de US$ 1 bilhão, segundo dados divulgados pelo Federal Statistics Office nesta segunda-feira, 4. 

Foi a primeira vez que as importações superaram as exportações desde 1991, um ano após a reunificação da antiga Alemanha Oriental socialista com a Alemanha Ocidental capitalista. 

A reversão repentina pode sinalizar fraqueza em partes da economia alemã, onde um em cada quatro empregos depende das exportações. A dependência de energia importada aumentou as pressões de custo sobre as empresas alemãs. Antes do início da guerra, a Rússia fornecia mais da metade do gás natural do país.

“A desaceleração das exportações começou”, disse Volker Treier, chefe de comércio exterior da Associação das Câmaras de Comércio e Indústria Alemãs. 

Segundo ele, uma das razões é o aumento do custo das mercadorias alemãs enviadas para o exterior. “Os exportadores são cada vez menos capazes de repassar os aumentos de custos causados ​​pelas cadeias de suprimentos para os clientes internacionais”, disse ele.  Os Estados Unidos continuaram sendo o destino mais importante das exportações de mercadorias alemãs em maio, com as vendas subindo mais de 5% em relação ao mês anterior, para 13,4 bilhões de euros. 

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Do lado das importações, a China ainda liderou a lista como o país que mais vendeu mercadorias para a Alemanha, no valor de 18 bilhões de euros em maio, uma queda de 1,6% em relação a abril. 

A diminuição das mercadorias alemãs vendidas na Rússia está entre as causas da queda nas exportações. Durante anos, a Rússia foi um mercado forte para os fabricantes alemães, mas desde a invasão da Ucrânia em fevereiro a tendência tem sido de queda, pois as empresas pararam de fazer negócios no país. 

Em comparação com um ano atrás, as vendas para a Rússia caíram mais de 50%. Economistas estão alertando que a situação econômica geral pode se tornar ainda mais séria se a Rússia decidir cortar completamente suas entregas de gás. 

Esse risco aumentou recentemente. Em junho, a Gazprom, gigante da energia russa, reduziu em 60% a quantidade de gás entregue à Alemanha via Nord Stream 1, um gasoduto crítico. 

Este mês, o oleoduto será fechado completamente para manutenção programada por cerca de duas semanas, levantando temores na Alemanha de que a empresa possa deixar as torneiras fechadas assim que o trabalho estiver concluído. O governo alemão promulgou planos de emergência em caso de eventual paralisação de todos os fornecimentos de gás.

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