Após adotar projetos com metragem maior, exigência que passaram a ter desde o início da pandemia, empresas que atuam no segmento de médio e alto padrão seguem estudando novas possibilidades de adaptação para oferecer uma ampla oferta de “amenities”, como coworking, academia, espaço de pilates e bicicletário, mais condizente com a vida atual.
Para a Eztec, o financiamento atrelado à poupança destravou a capacidade da população de média renda para comprar imóveis, gerando uma primeira parcela mais enxuta e puxando esse cliente para apartamentos maiores. E como mexer na metragem aumentaria os tíquetes dos imóveis, para não perder vendas, a empresa “tem focado na ampliação e na ressignificação dos espaços comuns, com maior importância e atenção a áreas de coworking e bem-estar, além dos tradicionais espaços de academia e do paisagismo das áreas comuns do prédio”, diz Emilio Fugazza, diretor financeiro e de Relações com Investidores.
Ocupando o 8.º lugar na categoria Construtoras, a Eztec – que fechou 2020 com 2.897 unidades vendidas, vendas brutas de R$ 1,315 bilhão, 64% superior a 2018 e 20% abaixo de 2019 – celebra a boa performance na média renda, segmento que havia registrado incremento de 42% sobre 2019. Também os empreendimentos no padrão smart living (com experiência mais high tech e facilidades tecnológicas) tiveram salto sobre o ano anterior: 26%.
Um dos maiores destaques de 2020 na empresa foi o Signature by Ott, localizado a 900 metros do Parque da Aclimação – com 2 torres, apartamentos de 3 e 4 suítes, 338 unidades, metragem de 120 m² a 176 m², piscina coberta de 25 m, piscina descoberta e rooftop com dois ambientes. E ainda contempla estúdios residenciais e não residenciais, além de três lojas.
Para este ano, segundo Fugazza, as projeções são positivas, embora não revele quanto esperam crescer. “Felizmente, não temos nenhuma obra parada e já contamos com aproximados R$ 280 milhões lançados e uma velocidade de vendas semelhante a 2020”, acrescenta. A companhia menciona ainda que a consolidação da subsidiária Ez Inc – que suspendeu a abertura de capital no início do ano pela volatilidade dos mercados – “servirá como principal veículo para os projetos comerciais”.
Zona Leste
Ocupando a 7.ª posição entre as construtoras e 8.ª entre as incorporadoras no ranking da Embraesp, a Diálogo Engenharia passou a investir em empreendimentos maiores, com duas ou três torres, e pretende seguir nessa toada.
“Vamos continuar desenvolvendo projetos de maior porte com mais de R$ 300 milhões de VGV”, diz Guilherme Nahas, co-CEO da empresa.
Em 2020, a Diálogo fez 12 lançamentos com 2.412 unidades e R$ 1,7 bilhão de vendas contratadas – um crescimento de 5% sobre 2019. Para este ano, a estimativa é um pouco maior: 10%, e o foco principal continua no médio-alto padrão, na Zona Leste, especialmente para famílias.
“Vamos manter a nossa estratégia na região, onde continuamos com fortes investimentos em 2021 em prospecção de novos terrenos”, diz. Mas outras localizações também despontam no mapa: “Estamos abrindo e nos consolidando em novos clusters como Butantã, Santa Cruz e Ipiranga”, aponta.
Ainda segundo Najas, a criação da linha High Class deve ganhar cada vez mais espaço. Seus produtos oferecem empreendimentos de alto padrão próximos à malha metroviária e com facilidades como terraço com churrasqueira a carvão, depósito privativo, dog wash, pet place e varandas maiores.
A linha GranDiálogo complementa esse posicionamento. “São grandes empreendimentos bem perto das linhas de metrô e monotrilho com lazer gigante no conceito mixed use”. E é um lançamento com essas características que foi o grande destaque da construtora: o GranDiálogo Vila Prudente.
O complexo terá 643 unidades, 3 e 2 dormitórios, estúdios, área com HIS ( as habitações de interesse social), lojas e salas comerciais. Está 76% vendido.
Em 2021, a empresa espera um incremento de 10% nas vendas, depois de um ano que, praticamente, repetiu o desempenho anterior. Sabe, porém, que precisará rever a meta, se a alta de preços dos materiais de construção não estacionar.
“Não tivemos nenhuma obra paralisada, estamos nos moldando e buscando alternativas construtivas para enfrentar esse aumento, visando uma maior produtividade na mão de obra”, explica Nahas.
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