PUBLICIDADE

Publicidade

Transferências de renda e emprego tiram 10,8 milhões de brasileiros da pobreza em 2022, diz FGV

Mais 3,67 milhões deverão sair da pobreza, e 3,91 milhões, da situação de miséria em 2023 com o novo Bolsa Família, segundo estudo

RIO – A ampliação de programas de transferências de renda em ano eleitoral e a melhora no mercado de trabalho reduziram em quase 11 milhões o número de brasileiros vivendo na pobreza no País no ano passado. A população em situação de pobreza extrema encolheu em 6,4 milhões. Com a remodelação do Bolsa Família neste ano, outros 3,67 milhões de pessoas deixarão a pobreza em 2023, enquanto 3,91 milhões sairão da situação de miséria, segundo cálculos de um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast.

Em 2022, havia 69,17 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza, o equivalente a 32,2% da população sobrevivendo com menos de R$ 22,35 por pessoa da família por dia. O resultado representa 10,83 milhões de pessoas a menos na pobreza em relação a 2021, quando o contingente sobrevivendo nessa situação alcançou um ápice de 80 milhões. O estudo tem com base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2022 - Rendimento de todas as fontes, divulgada na última quinta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

PUBLICIDADE

“Em 2022, o Brasil viu uma diminuição notável na pobreza, retornando aos mínimos históricos de 2020. Isso foi atribuído a melhorias na focalização dos programas de assistência social, já que o Auxílio Brasil era mais focalizado que o Auxílio Emergencial e com mais orçamento que o Bolsa Família, e a uma redução na desigualdade do mercado de trabalho. Curiosamente, a renda média geral permaneceu abaixo dos níveis de 2019, mas a renda dos mais pobres aumentou significativamente, enquanto a dos mais ricos diminuiu”, justificou Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), responsável pelo estudo.

Após ter alcançado um pico em 2021, o contingente de miseráveis também recuou, de um total de 21,91 milhões de pessoas em 2021 para 15,51 milhões em 2022. No entanto, o Brasil ainda tinha 7,2% da população estimada em 214,829 milhões de pessoas sobrevivendo em condições de miséria, com menos de R$ 7,02 por integrante da família por dia.

Programas assistenciais como o Bolsa Família ajudaram na redução da pobreza Foto: Rafael Zart/ASCOM/MDSA

Pelos critérios atualizados do Banco Mundial, a pobreza extrema é caracterizada por uma renda familiar per capita disponível inferior a US$ 2,15 por dia, o equivalente a um rendimento médio mensal de R$ 210,50 por pessoa em 2022, na conversão pelo método de Paridade de Poder de Compra (PPC) – que não considera a cotação da taxa de câmbio de mercado, mas o valor necessário para comprar a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada país em comparação com o mercado nos Estados Unidos. Já a população que vive abaixo da linha de pobreza é aquela com renda disponível inferior a US$ 6,85 por dia, o equivalente a R$ 670,60 mensais por pessoa em 2022, calculou Daniel Duque.

O redesenho do Bolsa Família pelo novo governo deve levar a uma nova redução na pobreza em 2023, previu Duque. Se confirmadas as projeções do pesquisador, a fatia da população vivendo em situação de pobreza descerá a 30,5% em 2023, para um montante próximo a 65,5 milhões de indivíduos, enquanto o total na extrema pobreza será reduzido a 5,4%, para cerca de 11,6 milhões de pessoas.

“Em 2023 deve ter uma nova redução da pobreza, a incógnita mesmo é 2024 para frente”, disse o pesquisador do Ibre/FGV. “Basicamente (por causa do) Bolsa Família, que criou o benefício de R$ 150 por criança (até 6 anos), que são as mais vulneráveis à pobreza, R$ 50 por criança/adolescente de 7 a 18 anos, e o benefício de superação à extrema pobreza de R$ 142. São benefícios que são muito efetivos em combater pobreza, bem mais que o benefício básico de R$ 600″, completou.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.