‘Transição ecológica pode ajudar o Brasil a dobrar PIB até 2040′, diz secretário da Fazenda

Rafael Dubeux cita ações do governo e afirma que outros países devem ajudar na preservação das florestas brasileiras

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Foto do author Luis Filipe Santos

A transição global para uma economia verde pode gerar mais oportunidades e aumentar o potencial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro se o País conseguir se adaptar à pauta, afirmou o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, nesta quarta-feira, 3, durante participação no Fórum Ambição 2030, promovido pelo Pacto Global da ONU no Brasil e pela AYA Earth Partners.

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Coordenador do Plano de Transformação Ecológica (PTE) da pasta, Dubeux citou que o Brasil pode dobrar o PIB até o final da próxima década se agir corretamente. Entre as medidas do governo para seguir o caminho adequado, o secretário citou seis eixos: o incentivo a finanças sustentáveis, como o lançamento de títulos atrelados a resultados ambientais realizado pelo governo em 2023; a inovação tecnológica na produção industrial, a bioeconomia (ou seja, a geração de renda a partir de produtos da biodiversidade brasileira); a transição energética para geração sem emissões de carbono; a economia circular; e a adaptação para evitar desastres climáticos que já ocorrem.

Apesar de ponderar que outros temas podem inteferir, Dubeux demonstrou otimismo. “Difícil dizer qual a taxa exata, porque são muitos outros fatores que podem se somar, mas a gente acredita que até o final da próxima década, podemos dobrar o PIB com a transição ecológica”, afirmou, antes de destacar medidas para além da pauta ambiental que podem acelerar o crescimento, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária.

Em relação às finanças sustentáveis, além do lançamento dos títulos ambientais, Dubeux mencionou a criação de um programa de proteção cambial no âmbito do G-20, para proteger os investidores de valorizações ou desvalorizações excessivas nas moedas de países emergentes, o que ajuda a atrair recursos no longo prazo.

Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Economia, fala durante o Fórum Ambição 2030, em São Paulo. Dubeux é coordenador do Plano de Transformação Ecológica (PTE) no Ministério da Fazenda Foto: André Tobias Antonio / Terra Preta Produções / Pacto Global da ONU no Brasil

Outros pontos foram a emissão de debêntures para atividades não ligadas a combustíveis fósseis para financiar investimentos em fontes de energia renováveis e outros produtos e infraestrutura ligados à transição ecológica. Assim, os que são ligados petróleo e gás natural deixarão de receber incentivos fiscais nessa modalidade de empréstimo.

O governo ainda tem a intenção de evitar exportações de minerais utilizados na produção de carros elétricos, como cobalto, níquel e terras raras, sem que ocorra um beneficiamento dentro do Brasil. Essa seria uma forma de agregar valor ao que for vendido para outros países.

O secretário ainda mencionou a importância dos órgãos de combate a crimes ambientais, como o Ibama e o ICMBio, e afirmou que o governo pretende recompor o orçamento das entidades. “A gente sabe que o crime organizado infelizmente se estruturou ao longo desses anos em que o Estado se absteve de fazer esse combate necessário”, afirmou ele, se referindo ao governo anterior, de Jair Bolsonaro.

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“Os órgãos ambientais ficaram desestruturados, perderam um grande volume de pessoal, perderam orçamento, perderam capacidade efetiva”, relatou o secretário, citando a realização de concursos como prova do retorno dos recursos. Contudo, os servidores do Ibama e do ICMBio estão em greve há três meses por recomposição salarial.

Por fim, Dubeux mencionou ainda a visão do governo brasileiro de que a manutenção da Floresta Amazônica em pé deve ser financiada também por outros governos, já que “serviços” ambientais como a preservação da biodiversidade, a estocagem de carbono e a proteção de rios e do ciclo de chuvas não beneficiam só o Brasil e os países em que a mata está localizada. “Isso não é precificado de maneira adequada. E uma discussão é como se paga por esse serviço ambiental”, disse.

“Um grupo de trabalho iniciado na última COP está estudando a criação de um fundo internacional para a preservação das florestas - bancado com recursos de fundos soberanos, de reservas de bancos centrais - para, com a diferença de taxa de juros, poder bancar um amplo programa de pagamento por serviços ambientais em todas as florestas tropicais do mundo”, relatou.

Esforços como o apoio ao Fundo Clima do governo brasileiro, a fundos regionais de desenvolvimento e outras atividades são considerados necessários para fortalecer a preservação entre a população local e evitar que atividades ilegais sejam mais rentáveis.

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