Brasil tem receita recorde de R$ 10 bi em melhor temporada de turismo estrangeiro desde 2018

País recebeu 2,411 milhões de estrangeiros entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, alta de 6,6% em relação ao mesmo período do ano anterior

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RIO – As últimas férias de alta temporada fizeram o Brasil recuperar, enfim, a atração de turistas estrangeiros em níveis superiores ao pré-pandemia. Entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, o País recebeu 2,411 milhões de turistas estrangeiros, alta de 6,6% ante o mesmo período do ano anterior, segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast. Os visitantes desembolsaram volume financeiro recorde, US$ 2,1 bilhões (R$ 10,8 bilhões, pela cotação de hoje), um salto de 31,2% em relação à alta temporada passada.

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A Argentina é, disparado, o país que mais envia visitantes ao Brasil, mas a crise econômica no vizinho fez seus cidadãos reduzirem as viagens ao território brasileiro na última temporada. Entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, o Brasil recebeu 1,056 milhão de turistas argentinos, quase metade de todos os estrangeiros que estiveram em solo brasileiro no período. Na temporada entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, o número de visitantes argentinos encolheu 13,6%, para 912,5 mil turistas provenientes daquele país.

“Se não fosse a crise na Argentina, seguramente a gente teria mais de 1 milhão, ou 1,2 milhão de turistas argentinos vindo para cá”, apontou o economista Fabio Bentes, responsável pelo estudo da CNC. “A crise (econômica) argentina foi um limitador a essa expansão mais vigorosa da indústria do turismo no Brasil”, completou.

Embora a Argentina ainda responda por quase 40% dos turistas estrangeiros que visitaram o Brasil na última temporada, o país foi o único com redução no número de visitantes no ranking de dez maiores emissores de turistas internacionais. Os demais registraram avanços no contingente de turistas em relação à temporada anterior: Paraguai (aumento de 20,6%); Chile (53,3%); Estados Unidos (11,2%), Uruguai (15,3%), Portugal (13,4%), França (41,2%), Alemanha (18,7%), Itália (27,8%) e Reino Unido (21,1%).

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Brasil ainda é bastante dependente do turismo interno em relação às economias de outros países Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Bentes ressalta que o turismo internacional no Brasil teve a melhor alta temporada desde o início de 2018 em termos de visitantes. Já em termos de arrecadação, o resultado alcançou o pico histórico da série iniciada em 2013. O bom resultado foi proveniente tanto de uma normalização do fluxo de turistas após o choque provocado pela pandemia de covid-19 quanto pelo câmbio mais favorável aos visitantes que vêm de outros países. A desvalorização do real ante o dólar torna o Brasil um destino mais barato, sendo mais atrativo ao estrangeiro, que acaba gastando mais também em solo brasileiro, argumentou Bentes.

“A taxa média de câmbio na alta temporada de 2017/2018 foi de R$ 3,24 por dólar. Na alta temporada deste ano, foi de R$ 4,92. Ou seja, 52% maior”, apontou Bentes. “Então são dois fatores aí interligados: o fluxo de turistas é maior e, além de ser maior, a moeda dele está valendo mais do que há seis anos”, completou.

Embora tenha ocorrido um maior impulso de estrangeiros que desembarcaram no Brasil, Bentes pondera que o País recebeu apenas 5,9 milhões de turistas internacionais em todo o ano passado, sendo ainda muito dependente do turismo doméstico.

“É muito pouco se comparado a outros países do mundo. A Embratur, ligada ao Ministério do Turismo, tem como meta alavancar esse número para 8 milhões, mas ainda assim é um número bem modesto”, frisou Bentes.

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Considerando tanto os viajantes domésticos quanto os visitantes estrangeiros, o setor de turismo brasileiro movimentou R$ 162,21 bilhões na última alta temporada (2023/2024), ante R$ 159,99 bilhões na temporada anterior (2022/2023). A atividade teve o melhor desempenho desde a alta temporada de 2013/2014, quando arrecadou R$ 165,23 bilhões.

“O grau de dependência do turismo interno ainda é muito elevado no Brasil se comparado a outras economias onde o turismo é mais desenvolvido. Então o turismo reage muito mais à evolução das condições de consumo internas do que uma melhoria do cenário lá de fora, de alguma questão cambial”, explicou Bentes. “As condições internas de fato melhoraram. A gente está com uma taxa de desemprego no menor patamar em 10 anos, os juros estão caindo, os preços do turismo estão desacelerando. Por exemplo, passagem aérea há três meses vem apresentando quedas”, justificou.

O estudo da CNC teve como base dados compilados de diferentes fontes, como Banco Central, Polícia Federal e Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).

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