Atualizado às 12h25*
- Um ano e meio após anunciar sua chegada ao Brasil vendendo apenas livros digitais, a Amazon começa hoje a vender livros físicos, mercado que movimentou mais de R$ 5 bilhões em 2013. Além de informar que trabalhará com preços baixos, a empresa anuncia que o frete será grátis, para todo o Brasil, no caso de pedidos de livros a partir de R$ 69.
Já a política de devolução da empresa se estende a 30 dias. Isso significa que o cliente receberá o dinheiro de volta se quiser devolver o livro em um mês - terá, apenas, de pagar o frete. No caso da devolução em sete dias, como prevê a legislação brasileira, não há cobrança de frete.
Essa prática de permitir o retorno do livro em um mês não é novidade para a Amazon, que faz o mesmo em outros países, como Estados Unidos e Reino Unido. Mas é inédita no mercado de livros do Brasil. A empresa ressalta que o produto tem de estar em bom estado.
Outra novidade é a entrega rápida, que funcionará apenas para algumas regiões de São Paulo. Dependendo do CEP, o pedido feito até 11h será entregue no dia útil seguinte.
Com estratégias como essas, a varejista americana quer atrair a atenção dos 85 milhões de internautas do País. "Qualquer brasileiro alfabetizado que tenha conexão à internet é nosso cliente em potencial", diz Alex Szapiro, diretor geral da Amazon.com.br.
A estreia da Amazon em livros físicos era mais que esperada pelo mercado. O setor está na raiz do negócio de Jeff Bezos, o fundador, que montou a empresa em 1994, em Seattle, porque ali estava uma grande distribuidora de livros e um ambiente fiscal mais favorável. Além disso, já se sabia que o depósito da empresa, em Barueri (SP), estava com os livros desde abril.
Para fazer o lançamento da nova operação, a companhia esperou o número de títulos em português ultrapassar 150 mil, catálogo que alega ser o maior do Brasil. A Livraria Cultura, no entanto, afirma ter 200 mil.
Inferno. Quando a empresa chegou ao País, falou-se da dificuldade que a Amazon teria de replicar o modelo de negócios dela no País. O ambiente hostil às empresas, com altos custos trabalhistas, impostos complexos e poucas estradas pavimentadas, tornaria árdua a caminhada da empresa, para executivos do mercado. Na época, Sérgio Herz, presidente da Livraria Cultura, chegou a dizer, em entrevista ao Estado: "Venha ao inferno conosco, Amazon."
Segundo Szapiro, a empresa está consciente dos desafios. Ele diz que a Amazon será realista na hora de estimar o prazo de entrega do livro.
Para especialistas, a entrada da Amazon no segmento de livros físicos ajuda a elevar o nível de gestão da venda online no Brasil. "Vejo isso com bons olhos porque, ao trabalhar com as melhores práticas e melhor gerenciamento, ela ergue o sarrafo da qualidade no mercado", diz Carlo Carrenho, consultor editorial e dono do site PublishNews, sobre o mercado editorial.
Entre essas práticas estão desde o acesso fácil ao 'fale conosco' da empresa até um bom trabalho de metadados - que reúne as informações dos livros (fornecidas pelas editoras) de uma forma inteligente, a fim de que o produto seja facilmente descoberto pelo internauta.
As livrarias brasileiras reconhecem a experiência da Amazon no setor, mas não se assustam. "É uma empresa muito grande, mas vamos trabalhar para competir de igual para igual ou melhor", disse Herz.
O presidente da Livraria da Vila, Samuel Seibel, acredita que a entrada de mais uma empresa sirva como um estímulo ao mercado. "Qualquer fato novo ajuda a movimentar o setor como um todo", diz.
A expectativa da Amazon é que a venda de livros impressos ainda estimule a venda de e-books (mercado que movimentou apenas 0,24% dos R$ 5 bilhões faturados pelo livro físico). Ao clicar em um título, no site da empresa, os dois formatos aparecem para o usuário.
*Este texto foi atualizado às 12h25, de 22/08/14, para inclusão de informações sobre política de devolução e entrega rápida.