Unigel demite e depois recontrata 280 funcionários em Sergipe e na Bahia

Maior produtora nacional de fertilizantes nitrogenados enfrenta dificuldades econômicas devido à forte concorrência de produtos importados

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Foto do author Jorge Barbosa

Em meio a dificuldades econômicas, a petroquímica Unigel demitiu e recontratou 280 funcionários. Pressionada por investidores no Brasil e no exterior, a empresa realiza um processo de reestruturação financeira para impedir uma eventual recuperação judicial.

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A assessoria de imprensa da Unigel confirmou o movimento e informou que a ação foi tomada devido a dificuldades operacionais que a empresa vem enfrentando, mas houve a recontratação dos quadros após pressão de sindicatos.

Questionada sobre a quantidade de funcionários, a empresa não confirmou o número exato de demitidos e recontratados. O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Química, Petroquímica, Plástica e Farmacêutica do Estado da Bahia (Sindiquímica) e o Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plásticos (Sindipetro) participaram das negociações para reverter as demissões nas fábricas de fertilizante nitrogenado (Fafens).

Segundo o Sindiquímica, foram realizadas 280 demissões em 9 de fevereiro. Assim que tomado conhecimento dos fatos, o órgão entrou em negociação com a Unigel para reverter a ação. Em 10 de fevereiro, a empresa recontratou todos os trabalhadores que haviam sido dispensados.

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Fábrica da Unigel Foto: Ulisses Dumas / Unigel

O Sindiquímica acrescentou que 148 trabalhadores foram demitidos e recontratados na unidade de Sergipe, em conjunto com 132 demissões que também foram revertidas em uma fábrica na Bahia. No total, 476 funcionários diretos trabalham nas duas plantas. A demissão em massa reduziria o quadro das duas unidades em 58,8% (em Sergipe, 70% dos funcionários foram demitidos e recontratados; na Bahia, 50%).

Dificuldades

A Unigel é uma das maiores empresas químicas da América Latina e a maior produtora nacional de fertilizantes nitrogenados. A empresa enfrenta o ciclo de baixa mais desafiador de sua história em relação aos produtos que comercializa, visto que os fertilizantes nacionais enfrentam forte concorrência contra os importados.

Em 29 de dezembro de 2023, a Unigel e a Petrobras firmaram um contrato de tolling (industrialização por encomenda), onde a estatal prevê o pagamento de R$ 759,2 milhões para que a petroquímica fique responsável pela produção, armazenagem, expedição, faturamento e pós-venda de fertilizantes.

A negociação foi fechada em meio a dificuldades que a petroquímica vem enfrentando para manter a operação das duas plantas (de Sergipe e da Bahia) em atividade.

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Em novembro, a Unigel chegou a colocar os 384 trabalhadores da fábrica de Camaçari, na Bahia, em aviso prévio e sinalizou um possível fechamento da planta. A parceria com a Petrobras por meio do contrato de tolling é tida como vital para garantir a continuidade das operações nas duas fábricas.

No início de fevereiro, contudo, o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou indícios de irregularidades no acordo e exigiu explicações das duas empresas. O órgão fiscalizador avaliou que o contrato poderia causar um prejuízo de até R$ 487 milhões ao caixa da Petrobras.

A Unigel enfrenta ainda uma difícil negociação com investidores nacionais e internacionais. No Brasil, a empresa está sob o risco de pagar R$ 500 milhões em debêntures e tem realizado esforços para encontrar uma alternativa junto aos credores. Em 14 de dezembro, a petroquímica obteve uma garantia cautelar para suspender eventuais execuções por 60 dias. O prazo, formalmente, termina nesta semana.

No fim de 2023, a Unigel divulgou os resultados operacionais referentes ao segundo e terceiro trimestre do ano anterior. A Deloitte, auditora independente, se absteve de dar uma conclusão sobre as demonstrações financeiras da empresa, mas avaliou existir “incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da companhia”.

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