O governo uruguaio vai recorrer ao aumento temporário de impostos para enfrentar o déficit fiscal de US$ 700 milhões a US$ 800 milhões por ano. O presidente Jorge Batlle anunciou neste domingo à noite, em rede de rádio e televisão, uma série de medidas, que incluem o início de um debate para a venda da participação estatal de 49% na companhia aérea Pluna e de estudos para a redução de ministérios ? alguns podem ser transformados em secretarias ? e do número de parlamentares na Câmara dos Deputados e nos municípios. Todos os assalariados e aposentados que ganham mais de 3,3 mil pesos uruguaios ? valor próximo de US$ 200 ? terão que pagar novas alíquotas do Imposto de Retribuições Pessoais (IRP). O Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) passará a incidir também sobre a água e o transporte público. A população, que parou para acompanhar o pronunciamento de Batlle, reagiu batendo panelas em diversos bairros de Montevidéu, como La Teja, Malvin, Buceo, Cordón e Prado. Batlle prometeu que as novas alíquotas ? não anunciadas em seu pronunciamento ? serão transitórias. Afirmou que os governos de Luis Alberto Lacalle e Julio Maria Sanguinetti adotaram soluções semelhantes diante das crises de 1990 e 1995, também provocadas por problemas na Argentina. O presidente disse que o Uruguai não pode continuar a depender do Brasil e da Argentina para justificar suas tentativas de incrementar o intercâmbio comercial com México, Estados Unidos, União Européia, China e Irã.
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