Usuários reclamam de mudanças no PayPal

Empresa de pagamentos online trava transferência de recursos quando o movimento de vendas registra forte aumento

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Por BRIAN X. CHEN

Jorge Espinoza, fundador do PreRace, um site no qual ciclistas e corredores podem fazer suas inscrições para participar de provas, recebeu muito dinheiro em março. Em três dias, seu site recebeu US$ 1 milhão em inscrições para uma importante corrida de bicicleta, muito mais do que acontece de costume. Então o PayPal, serviço que permite efetuar pagamentos online que seu site usava para processar transações com cartões de crédito, congelou a conta da companhia. Para o PayPal, o aumento de atividade levantou suspeita de fraude, portanto, informou que reteria o dinheiro. "Eles me criaram uma enorme dor de cabeça", disse Espinoza. Se não conseguisse levantar um empréstimo de US$ 500 mil para pagar os organizadores da corrida, o PreRace poderia ter de fechar. Embora o PayPal afirme que apenas uma pequena porcentagem dos seus clientes está sujeito a estes problemas, histórias de terror como esta têm surgido nos últimos anos. As vítimas podem ser tanto vendedores individuais quanto microempresas e filantropos. Todos eles tiveram de se virar quando o PayPal decidiu segurar o seu dinheiro. A empresa, de propriedade do eBay, continua sendo o maior serviço global de comércio eletrônico, por meio do qual, segundo algumas estimativas, são realizadas mais de 50% de todas as transações da rede. O PayPal não para de crescer. Mas algumas empresas que se sentiram frustradas com as medidas agressivas adotadas pela companhia contra as fraudes já procurar outras maneiras para as suas transações. Quando foi fundado em 1998, o PayPal era uma das primeiras companhias para transferir dinheiro pela internet. Ela tem hoje 113 milhões de usuários no mundo, e diz que adotou as medidas para proteger os usuários de possíveis caloteiros. Katherine Hutchison, diretora de gerenciamento de riscos do PayPal, informou que empregou centenas de matemáticos para elaborar um software destinado a detectar fraudes. Uma indicação possível de fraude, ela disse, é uma transação inusitadamente elevada. Por exemplo, se um comerciante vende normalmente artigos que custam US$ 30 a US$ 50, e de repente vende um produto por US$ 3 mil, o PayPal não sabe se o vendedor tem de fato um produto tão caro no seu estoque, portanto toma medidas para proteger o comprador. "Quando você entra numa loja de US$ 1 ou numa farmácia, evidentemente não pretende comprar uma joia cara", afirma. Segundo Hutchison, casos em que pessoas tiveram de esperar para ter acesso ao seu dinheiro foram raros, cerca de 2% das contas. Muito poucos teriam resultado em casos extremos, como quando uma conta é congelada. Concorrência. Algumas companhias competem com o PayPal baseando-se especificamente nas dores de cabeça que às vezes o serviço causa. Bill Clerico, diretor executivo do WePay, disse que decidiu criar a sua companhia de pagamentos eletrônicos por causa de sua experiência pessoal em 2007, quando o PayPal segurou milhares de dólares que ele havia ganhado dando aulas. O WePay utiliza muitos dos mesmos métodos de detecção de fraudes do PayPal, mas a principal diferença é que seu sistema leva em conta os perfis das redes sociais de uma empresa quando investiga transações suspeitas. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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