RIO - A mineradora Vale espera avançar nos próximos seis meses ou um ano com novos projetos do que vem chamando de “Mega Hubs”, complexos industriais voltados à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono. Segundo a diretora de Energia e Descarbonização da companhia, Ludmilla Nascimento, são analisadas áreas no Brasil, Estados Unidos e Oriente Médio — que já conta com três projetos do tipo, anunciados para Omã, Arábia Saudita e Emirados Árabes.
“A gente tem mais de 50 MOUs (memorandos de entendimento) assinados com clientes. Então, a gente imagina que esses projetos vão avançar nos próximos seis meses a um ano”, disse. Segundo a executiva, alguns desses clientes já estão nas três regiões analisadas, o que facilitaria a escolha. Ela falou a jornalistas no Fórum Brasil-União Europeia, que aconteceu nesta segunda e terça-feira no Rio.
Os “Mega Hubs” reúnem oferta de energia barata para que siderúrgicas clientes da mineradora fabriquem HBI (ferro-esponja) e outros insumos metálicos que, misturados à sucata em fornos elétricos, originam aço com menor emissão de carbono. No mesmo espaço, diz a executiva, a Vale estuda instalar uma unidade de transformação de minério em briquete, insumo à fabricação do HBI.
Nascimento diz que, enquanto no Oriente Médio as operações anunciadas serão inicialmente movidas a gás natural, o diferencial do Brasil para a realização do investimento, além do minério “na porta”, é a possibilidade de utilização de hidrogênio verde, ligada à oferta de energia renovável a preços competitivos.
“O Brasil não vai começar com gás natural. Aqui a gente vai começar com hidrogênio. Temos essa possibilidade pela competitividade da energia no País. A ideia é justamente criar esses hubs para produzir esse produto de baixo ou quase zero carbono e exportar como um adensamento. Vamos exportar, entre aspas, energia via produto”, disse a diretora da Vale.
No Oriente Médio, diz, há a facilidade de momento da abundância de gás natural, mas também um bom potencial de geração eólica e fotovoltaica à frente. Já nos EUA, além do bom potencial em geração renovável, há o atrativo dos incentivos dados pelo governo.
Emissões a zero
A executiva explica que a siderurgia tradicional usa minério de ferro e coque (carvão), com alto grau de emissão de carbono, um processo em que, para cada tonelada de aço produzida, são emitidas duas toneladas de CO₂ na atmosfera.
“Quando você vai para a rota elétrica, isso cai para uma proporção de uma tonelada de aço para 1 tonelada de CO₂ se é usado gás natural, e para zero se é utilizado hidrogênio”, diz. “Isso ajuda, de fato, a descarbonizar a indústria siderúrgica”.
Oriente Médio
Sobre os três projetos localizados no Oriente Médio, Nascimento disse que há clientes interessados e terreno alocado para a Vale.
“Estamos na fase de fazer as engenharias para aprovar e implementar. Estudando, finalizando os cases de investimento com clientes para que façam as aprovações e, depois, investimentos para começar a construção nos próximos anos”, afirma a executiva.
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