Puxada pelo forte consumo de serviços, que tiveram forte queda durante a pandemia, as vendas do varejo cresceram 4,9% no ano passado em relação a 2021, já descontada a inflação do período. 2022 foi o melhor ano da série do Índice Cielo de Varejo Ampliado, iniciada em 2015, mas não retornou ao nível pré-pandemia.
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O indicador, de âmbito nacional, é calculado a partir das transações de pagamentos eletrônicos por meio das “maquininhas” de cartão nas lojas físicas e vendas online, que entram no banco de dados da companhia. A empresa tem 1,1 milhão de varejistas credenciados, de pequenos a grandes. Portanto, os números são um indicador antecedente do desempenho dos setores de varejo e de serviços, monitorados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do avanço significativo, o desempenho global das transações para compra de bens e serviços no varejo encerrou o ano passado 9,1% abaixo de 2019, o período pré-pandemia, descontada a inflação.
Com o arrefecimento da crise sanitária, houve mudança no comportamento de consumo dos brasileiros no ano passado, observa Vitor Levi, superintendente de dados e responsável pelo indicador. “Isso ajudou a alavancar o crescimento.”
Nos anos anteriores, o isolamento social imposto pela pandemia fez a receita real de vendas de materiais de construção (2020), móveis e eletrodomésticos (2021) disparar, enquanto os serviços despencaram (2020). O que se viu no ano passado foi uma reversão, observa Levi.
A receita real do setor de turismo e transportes, o mais afetado pela pandemia, cresceu 30,2% em termos reais no ano passado, e liderou o ranking dos melhores desempenhos. Ele foi seguido pelo setor de alimentação, bares e restaurantes (16,8%) e postos de combustíveis (14,9%). Este último foi impulsionado pela queda de preços por conta das decisões do governo, observa Levi.
Em contrapartida, as vendas reais de materiais de construção e móveis e eletrodomésticos em 2022 tiveram retrações de -10,7% e -4,1%, respectivamente, na comparação com o ano anterior.
Já a receita de setores que vendem produtos mais essenciais, como supermercados, drogarias e itens de vestuário, registram altas, porém mais moderadas comparadas aos serviços. Os supermercados avançaram 1,9%, as drogarias 4,6% e o vestuário, 4,2%, ante 2021.
Levi diz que é difícil fazer previsões para este ano, mas pondera que é improvável que ocorra um novo salto no consumo de serviços, como houve em 2022. A expectativa é que o ritmo de crescimento do setor retome os padrões normais.
Quanto ao desempenho das vendas de produtos, como itens de supermercados, materiais de construção, móveis, eletroeletrônicos e vestuário, ele acredita que o fator decisivo é o comportamento da inflação. “Com inflação em alta o consumidor compra menos.”
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