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Varejo regional: baiana Guaibim, de eletromóveis, está em 36 cidades aonde concorrentes não chegam

Rede regional que nasceu em 1972, na cidade de Valença, no litoral Sul da Bahia, quer ter mais presença em cidades menores

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Foto do author Márcia De Chiara

Dono das redes Guaibim, de móveis e eletrodomésticos, e da Casa + Fácil, de materiais de construção, o Grupo Ramiro Campelo, que se apresenta no seu site com um “DNA 100% baiano”, avalia ser um varejista ainda mais regional. Isto é, o grupo quer ter presença em cidades menores, onde as grandes concorrentes não estão.

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O regionalismo é uma marca do varejo brasileiro. Quase a metade (46%) das 300 maiores empresas em faturamento do País — ou 139 companhias —, operam em apenas um Estado. Nesta série de reportagens, o Estadão irá apresentar as empresas que vêm se destacando em suas regiões. São redes varejistas muito fortes localmente e que têm como um dos seus grandes ativos conhecer as preferências do consumidor. Muitas vendem até mais de R$ 1 bilhão por ano.

A Guaibim começou em 1972, na cidade de Valença, no litoral Sul da Bahia, onde o empreendedor Ramiro José Campelo Queiroz, abriu a primeira loja chamada Casa do Fazendeiro. Lá eram vendidos, produtos para agricultura, pesca e itens náuticos.

Com o tempo, o negócio virou um comércio de materiais de construção. E, em 1982, com uma nova bandeira, o empresário ingressou no segmento de móveis e eletrodomésticos.

Ramiro Queiroz Junior, sócio-diretor da Lojas Guaibim (eletromóveis), e da rede Casa+Fácil (materiais de construção), do grupo baiano Ramiro Campelo. Foto: Adilton Venegeroles /Estadão

”Penso em voltar às minhas origens, ter lojas da Guaibim em cidades com 50 mil a 100 mil habitantes (como em Valença), do que abrir em Salvador (BA)”, diz Ramiro Queiroz Júnior. Ele ressalta que essa estratégia ganha força, especialmente em momentos como atual, que não é tão favorável ao varejo de eletromóveis e materiais de construção. O empresário é filho do fundador e hoje divide a direção do Grupo com irmão e sócio Marcio Queiroz.

No resgate dessa estratégia, Ramiro Júnior lembra que a empresa cresceu em cidades menores, onde a concorrência é menos acirrada, o custo de locação é menor e a proximidade com o consumidor é maior.

Aliás, essa baianidade no atendimento, ressaltada no site da companhia e que se traduz na maior proximidade do consumidor, é tida pelo empresário como um dos diferenciais da varejista. Isso porque os produtos vendidos — TV, tijolo, geladeira, por exemplo — são basicamente os mesmos da concorrência.

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Outro diferencial da varejista regional é a entrega. Ele lembra que em alguns casos as mercadorias vão de barco até a casa do cliente. A rapidez na entrega da compra é outro ponto importante, especialmente no mercado de consumo popular. “O consumidor de baixa renda não tem paciência para esperar, se tiver o produto na loja, ele leva na hora”, diz o diretor.

Devagar e sempre

Os irmãos Queiroz assumiram a direção do negócio em 1990, com a saída do pai do comando do Grupo. De 1991 a 2003 abriram apenas mais uma loja em Ituberá (BA), cidade vizinha de Valença. Em Valença já havia uma unidade da Guaibim e outra da Casa + Fácil.

A partir de 2003, com o boom do consumo popular e do crediário, a varejista, até então com três pontos de venda, acelerou a expansão para um raio de 400 quilômetros dos dois centros de distribuição situados em Valença.

Chegou com lojas à Região Metropolitana de Salvador em 2008 e à capital baiana em 2011, inclusive com a sede do Grupo. Com recessão a partir de 2015, o impulso do consumo popular esfriou e a varejista redobrou cautela.

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Hoje as margens no varejo estão comprimidas, diz Ramiro Júnior, o que é um grande problema, sobretudo, para as grandes redes que usam capital de terceiros. Ele ressalva que esse não é o seu caso. “Sempre fomos muito conservadores: nunca tivemos crescimento alavancado por meio de endividamento.”

Apesar de trabalhar com capital próprio, faz dois anos que o Grupo não abre lojas. Também nesse período fechou duas unidades da Casa+ Fácil, em Salvador, que não desempenhavam bem. Encerrou o ano passado com 81 pontos de venda em 36 cidades. São 49 lojas de eletroeletrônicos, 17 de materiais de construção e 15 quiosques da Motorola, operados pela empresa.

A estratégia defensiva, de jogar parado, sem expandir pontos de venda, e tentando conquistar fatias de mercado deixadas pela concorrência, garantiu o faturamento no ano passado de R$ 584 milhões. Para este ano, a perspectiva é avançar 10%, em média. Esse crescimento deve ser puxado pelas vendas de eletroeletrônicos e móveis.

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Para 2024, a companhia não descarta a possibilidade de voltar a abrir lojas. No entanto, existem obstáculos, como o elevado valor de locação de pontos em cidades menores que têm apenas poucas ruas comércio. “Para abrir um ponto de venda hoje tem que fazer muita conta”, diz o empresário.

Também a possibilidade de expandir a rede para outros Estados está fora de cogitação por causa do desafio logístico. “Com a exigência cada vez maior de entregas mais rápidas, uma loja não pode estar a mais de mil quilômetros de distância do centro de distribuição.”

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