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Veja quem são as ‘perigosas indicações’ do alerta a Gleisi Hoffmann para conselho da Petrobras

Ex-secretários de Guedes e de Sachsida, além de empresário que doou para campanha de Romeu Zema em 2018, foram indicados pelo ministro de Minas e Energia

Foto do author Tácio Lorran
Atualização:

BRASÍLIA – Mais um ministro tem descumprido ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para “desbolsonarizar” o governo federal. Além do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o chefe de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), indicou para o Conselho de Administração da Petrobras pessoas que trabalharam em cargos importantes nos governos de Jair Bolsonaro e Michel Temer ou que são ligadas a políticos da direita.

Como revelou o Estadão a partir de uma imagem feita pelo fotógrafo do jornal Wilton Junior, esses nomes são vistos como “perigosas indicações” pelo líder dos petroleiros aliado aos petistas. Em mensagem à presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, reclamou das indicações e pediu uma reunião com Lula em uma tentativa de barrar as escolhas.

Deyvid Barcelar disse a Gleisi que indicações de Silveira ao conselho de administração da Petrobras são 'perigosas'. Foto: WILTON JUNIOR

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A Petrobras informou na terça-feira, 28, ter recebido um ofício do Ministério de Minas e Energia com as oito indicações para o Conselho de Administração da estatal. Eles serão submetidos à votação da Assembleia Geral Ordinária (AGO), que deverá ocorrer na segunda quinzena de abril. Metade, contudo, é vista pelos petistas como nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de uma agenda liberal da economia, como as privatizações.

Pietro Adamo Sampaio Mendes foi sugerido para a presidência do Conselho. Ele é funcionário de carreira da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e atuou como secretário-adjunto do ex-ministro bolsonarista Adolfo Sachsida. Suas redes sociais acumulam elogios ao trabalho do ex-ministro da pasta de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, e curtidas em publicações de feitos do governo passado. Além disso, o servidor também teria sido alvo de perseguição na ANP após ter denunciado supostas irregularidades de indicados políticos na agência durante o governo de Dilma Rousseff, em 2011.

Outro indicado que entrou na mira é o empresário Carlos Eduardo Turchetto Santos. Ele atua no setor do agronegócio, mais especificamente, com açúcar e álcool. O Estadão apurou que ele doou R$ 100 mil à campanha para governador de Minas Gerais do bolsonarista Romeu Zema (Novo), em 2018. Turchetto também foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais, acusado de destruir, desde 2021, floresta situada na Mata Atlântica, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes.

Vitor Eduardo de Almeida Saback, por sua vez, é diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e ex-assessor do ministro da Economia Paulo Guedes. Ele é ligado ao senadores Davi Alcolumbre e Rogério Marinho, que também foi ministro de Jair Bolsonaro. Saback já defendeu publicamente o livre mercado e acumula condecorações de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e das Forças Armadas. Já Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira foi sócio do ex-senador Clésio Andrade, que foi filiado ao antigo MDB.

Na avaliação de Bacelar, da FUP, esse novo Conselho de Administração, se aprovado, vai impor obstáculos para o cumprimento de programa de governo do presidente Lula, que inclui mudanças na política de preços de combustíveis, na sistemática de dividendos da estatal e é contra as privatizações na companhia. Na mensagem encaminhada à Gleisi e flagrada pelo Estadão, o coordenador-geral da FUP ressalta que, dessa maneira, Lula não terá controle do Conselho.

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A batalha ideológica tem travado também a nomeação do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, considerado o número dois da pasta. O cargo está vago há dois meses. Silveira quer emplacar Bruno Eustáquio, que atuou na privatização da Petrobras e foi secretário dos ministérios de Minas e Energia e da Infraestrutura no governo Bolsonaro, como também no Programa de Parcerias de Investimento (PPI) da Presidência da República. A indicação de Eustáquio foi vetada pela Casa Civil, de acordo com o Estadão.

Em nota, Pietro Mendes afirmou que é servidor concursado da ANP desde 2006 e que atuou em diversas funções técnicas e de gestão desde o primeiro governo Lula. Sua assessoria explicou ainda que o indicado está cedido desde 2020 pela agência e não faz parte da estrutura decisória do órgão regulador, “não havendo qualquer impedimento de ocupação do cargo indicado”. Procurados, os outros citados não responderam.

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