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Venda de veículos novos cresce 24% em julho, ainda reflexo do incentivo do governo federal

Automóveis de até R$ 120 mil foram vendidos com descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil; receio agora é de que antecipação de compras derrube negócios nos próximos meses

Foto do author Cleide Silva
Atualização:

Puxada ainda pelos descontos proporcionados pelo programa do governo federal, as vendas de veículos em julho cresceram 24% em relação ao mesmo mês do ano passado, e 19% se comparado a junho. Foram emplacados no mês passado 225,6 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

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Segundo dados preliminares das revendas, julho teve o melhor mês em vendas desde dezembro de 2020, quando foram comercializados 244 mil veículos. O dado mais próximo ao registrado no mês passado foi o de novembro de 2020, com 215 mil unidades. Em junho passado, quando o programa teve início, as vendas aumentaram 6,4% ante o mesmo mês de 2022 e 7,4% ante maio.

A previsão de analistas para os próximos meses, contudo, é de queda, pois boa parte dos negócios foram antecipação de compras, embora exista expectativas de queda dos juros na reunião do Copom, que termina amanhã, o que pode dar um certo ânimo aos consumidores. No acumulado dos sete meses foram vendidos 1,224 milhão de veículos, alta de 11,3% em relação a 2022.

No programa governamental, que para os automóveis durou um mês, foram concedidos descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil para modelos de até R$ 120 mil. Incentivos para caminhões e ônibus continuam. Nesse segmento foram licenciadas 214,6 mil unidades, alta de 27% na comparação com julho do ano passado e de 19% em relação a junho passado, segundo dados da Bright.

Para Cássio Pagliarini, sócio da Bright, houve antecipação de compras por parte do consumidor, para aproveitar os descontos, “e teremos agosto e setembro em ritmo inferior ao que estava planejado antes da disponibilidade do incentivo”. No acumulado do ano foram vendidos até agora 1,146 milhão de automóveis e comerciais leves, 12% acima do volume de igual intervalo em 2022.



Pátio da Volkswagen em Taubaté (SP): lay-off foi suspendo em razão das vendas do Polo Foto: Paulo Whitaker /Reuters

Locadoras

Outra explicação para os resultados de julho foram as vendas para locadoras e frotistas, que só tiveram acesso aos descontos quase ao final do programa. Chamada de venda direta (da fábrica para a empresa), a modalidade representou 43,7% dos negócios.

Parte dos veículos vendidos era de estoques, tanto que várias fabricantes anunciaram férias coletivas e lay-off (suspensão de contratos) no mês passado. A Volkswagen chegou a anunciar lay-off por dois meses para parte dos trabalhadores da fábrica de Taubaté (SP), mas logo depois suspendeu a medida em razão do bom desempenho do Polo, fabricado na unidade. O modelo foi líder em julho, com 16.471 mil unidades vendidas. Ainda assim, a montadora concedeu 10 dias de férias para todos os funcionários.

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A medida do governo “deu efeito no escoamento da produção que estava em estoque, tanto é que o orçamento para o programa foi consumido rapidamente”, avalia Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

“Leio este pacote como uma ação pontual, anticíclica, que permite estabilizar a trajetória do setor nessa segunda metade do ano, na expectativa de que o Banco Central reduza a Selic (taxa oficial de juros) ao longo dos próximos meses”, diz Cagnin. Ainda que isso ocorra, ressalta ele, os juros menores serão repassados às taxas de empréstimo só em 2024.

O resultado oficial das vendas será divulgado entre hoje e amanhã pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Já dados de produção, empregos e exportações serão apresentados pela Associação Nacional dos Fabricantes d Veículos Automotores (Anfavea) na segunda-feira, 7.

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