A indústria da aviação se prepara para a possibilidade de greves durante a temporada de viagens, o que torna mais arriscado embarcar em uma viagem de férias na Europa neste verão.
Greves já ocorreram em aeroportos da França, Reino Unido e Suíça, afetando empresas como Ryanair Holdings, Air France-KLM e Deutsche Lufthansa.
Agora, funcionários do órgão de coordenação de rotas aéreas da Europa também podem entrar em greve. Milhares de voos podem ser atrasados ou cancelados como resultado disso.
O que está acontecendo?
A Eurocontrol, Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea, informou que um sindicato representando os trabalhadores de seu centro de operações de gerenciamento de rede está ameaçando fazer greves por um período de até seis meses. Não foi especificada a data de início.
A Eurocontrol disse que está dialogando com o Sindicato de Bruxelas para tentar chegar a um acordo e espera fazer um comunicado na próxima segunda-feira.
Quão importante é a Eurocontrol?
O centro de operações gerencia o tráfego ao longo das movimentadas rotas aéreas do continente. Ele trabalha em conjunto com aeroportos e órgãos nacionais de controle de tráfego aéreo para coordenar a capacidade e garantir um fluxo contínuo de voos, mesmo em períodos de alta atividade. Supervisiona 10 milhões de voos por ano e recebe 96 mil mensagens por dia.
O que acontecerá se os funcionários da Eurocontrol entrarem em greve?
No pior dos casos, todo o continente poderá enfrentar problemas nas viagens. As greves de controle de tráfego aéreo são especialmente disruptivas, pois não afetam apenas voos de e para o país onde ocorrem, mas forçam as companhias aéreas a desviar outros voos para evitar o espaço aéreo desse país, resultando em atrasos prolongados.
Como as operações aéreas dependem de cronogramas apertados de decolagem e pouso, a interrupção em uma região pode se espalhar rapidamente, e pode levar dias para restabelecer os horários.
O que isso significa para as companhias aéreas?
Embora a demanda tenha se recuperado após a pandemia, a indústria de viagens aéreas ainda enfrenta uma crise de pessoal, em parte autoinfligida, pois algumas companhias aéreas e operadores de aeroportos demitiram funcionários durante os bloqueios.
A Eurocontrol já alertou os passageiros que voam para destinos turísticos populares, como Marselha ou Atenas, para esperar interrupções devido à pressão sobre as companhias aéreas e serviços em terra que ainda lidam com escassez de pessoal.
Além disso, há o risco de greves de controle de tráfego aéreo: companhias aéreas, incluindo a Ryanair, cancelaram milhares de voos desde o início do ano devido a greves do controle de tráfego aéreo francês.
John Strickland, analista de aviação da Jls Consulting, disse que possíveis greves na Eurocontrol podem levar a organização a limitar a capacidade em algumas rotas, resultando em atrasos e cancelamentos./WP Bloomberg
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