Britânica Vesuvius adota biometano em planta no Rio para zerar emissões de carbono em 2025

Fabricante de materiais para a indústria metalúrgica irá substituir o gás natural após fechar acordo com a Gás Verde, empresa do grupo Urca Energia, que opera usinas em aterros sanitários para purificar o biogás gerado a partir do lixo

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RIO - A fabricante britânica de materiais para a indústria metalúrgica Vesuvius vai substituir o gás natural pelo biometano como combustível da planta localizada em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro. O biometano, cuja queima não emite carbono, vai ser produzido pela Gás Verde, empresa do grupo Urca Energia, que opera usinas em aterros sanitários para purificar o biogás gerado a partir do lixo.

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A Vesuvius tem 54 fábricas pelo mundo, três das quais na América do Sul, sendo duas no Brasil (no Rio de Janeiro e em Resende) e uma terceira em Los Cardos, cidade da província de Santa Fé, na Argentina. A escolha por abrir a estratégia de descarbonização pela planta do Rio, se deve ao tamanho da unidade, que produz componentes como refratários, envolvidos em 80% da produção de aço do continente.

“Enxergamos essa adaptação na planta do Rio como uma espécie de piloto. É a fábrica com maior produtividade na região, com o tamanho e a distância ideal para o parceiro (Gás Verde)”, diz o diretor de operações da Vesuvius, Julio Esteves. A fábrica da Vesuvius fica a pouco menos de 25 quilômetros do Aterro Sanitário de Seropédica, onde está instalada a usina da Gás Verde.

“Há sim a intenção de expandir a operação com biometano para Resende e migrar para uma matriz 100% renovável, mas antes vamos amadurecer o projeto em Campo Grande, o que já é muito relevante”, completa Esteves.

Gás Verde opera atualmente no Rio e em São Paulo Foto: Ricardo Ziner/Gás Verde

O primeiro contrato de fornecimento de biometano tem prazo de cinco anos e prevê a entrega de um total de 6,9 milhões de metros cúbicos de biometano, cerca de 1,4 milhão m³/ano. O objetivo é inaugurar a operação no início de julho para zerar a emissão líquida de carbono já em 2025.

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Segundo Esteves, o volume atende 100% do processo industrial, correspondendo a seis fornos, quatro estufas e um incinerador, mas 99% da operação total da planta, porque não vai contemplar o funcionamento das empilhadeiras, que ainda usam combustíveis fósseis. No futuro, porém, essas 12 máquinas também devem ser adaptadas para gás, porque não podem usar energia elétrica devido às restrições de segurança.

Como o biometano é intercambiável com gás natural, não há necessidade de adaptações na planta, apenas a instalação de um posto para recebimento das carretas dedicadas ao transporte do combustível, que devem ser quatro com fluxo diário, e aparato para descomprimir o gás comprimido.

Gás Verde

Atualmente, a Gás Verde opera no Rio e em São Paulo, atendendo a clientes como as fabricantes Ternium (aço), Ambev (bebidas) e Saint Gobain (materiais de construção), além do sistema de logística da L’Oréal.

O presidente da companhia, Marcel Jorand, diz que a maior parte dos 170 mil m³/dia de biometano produzidos hoje (150 mil m³/dia) vêm da usina no Aterro Sanitário de Seropédica, produção que deve chegar a 180 mil m³/dia até o fim deste ano. Mas a Gás Verde está construindo unidades produtoras em seis estados (Pernambuco, Maranhão, Bahia, Minas Gerais, além de outras no Rio e São Paulo. A meta, segundo Jorand, é chegar próximo a 600 mil m³/dia em 2026.

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