A Volkswagen vai contratar 100 trabalhadores temporários - de maio a dezembro - para a fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O anúncio ocorre num momento em que a marca alemã está com a linha de produção paralisada em São José dos Pinhas (PR) e operando parcialmente nas unidades de Taubaté e de São Carlos, ambas no interior de São Paulo, em razão da falta de componentes, adequação à demanda do mercado e serviços de manutenção.
A companhia informa apenas que as contratações “atenderão a uma demanda específica de produção”. Já o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos dos ABC, Wellington Damasceno, afirma tratar-se de uma demanda maior pela picape Saveiro.
Segundo ele, “diferentemente do cenário de queda na produção e nas vendas de outros modelos, inclusive da própria Volkswagen, na Anchieta há uma previsão de aumento na produção de Saveiro, pois o mercado tem pedido mais por esse tipo de veículo”.
A planta emprega 8,2 mil funcionários, sendo 5 mil na área de produção. A abertura das 100 vagas temporárias foi aprovada em assembleia dos trabalhadores no final de semana prolongado. A unidade também produz os modelos Nivus, Polo e Virtus.
Damasceno ressalta, porém, que apesar de medida, o cenário da indústria automotiva no geral “é negativo e a projeção anual é de queda”. Ele credita a nova onda de paradas, férias coletivas e suspensão de turnos à alta taxa de juros e falta de linha de crédito para a compra de automóveis, entre outros fatores.
A Mercedes-Benz, em São Bernardo, divulgou aos trabalhadores um boletim sobre a necessidade de redução do programa de produção para 2023 e adoção de turno único na fábrica de caminhões por um período de dois ou três meses a partir de maio. Entre os motivos estão a queda da produção, a falta de peças e as altas taxas de juros no país.
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Produção abaixo do previsto
Na manhã desta segunda-feira, 10, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, informou que a produção de veículos no primeiro trimestre está abaixo da prevista pelo setor no início do ano.
“Tivemos oito paradas de fábricas em março e dois cancelamentos de segundo turno”, disse Leite. Com a produção de 536 mil unidades de janeiro a março, ele disse que a indústria “está praticamente repetindo o primeiro trimestre de 2004, que foi o pior da história do setor.”
Em relação a igual período de 2022, a produção foi 8% maior porque março teve mais dias úteis. Já as vendas cresceram 16,3%, para 471,8 mil unidades, das quais 436,9 mil foram automóveis e comerciais leves. Desse total, contudo, 25% foram para locadoras.
As montadoras realizaram 308 demissões no mês passado, e encerraram o mês com 101,6 mil funcionários.
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