Volta dos pisos de saúde e educação em 2023 significaria ‘shutdown’ em alguns ministérios, diz Tebet

Com sanção do novo arcabouço e revogação do teto de gastos, passariam a valer os pisos constitucionais; ministra sinalizou que governo vai buscar solução com TCU para não aplicar regra neste ano

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Bianca Lima
Foto do author Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA – A ministra do Planejamento, Simone Tebet, admitiu que aplicar os pisos constitucionais da educação e saúde ainda neste ano significaria “shutdown”, termo em inglês usado na linguagem orçamentária como paralisação da máquina pública. Tebet sinalizou que o governo vai buscar uma solução para não aplicar a regra em 2023.

Com o fim do teto de gastos após a sanção do novo arcabouço fiscal, voltam a valer os pisos constitucionais de saúde e educação (aplicação mínima prevista na Constituição), que são corrigidos acompanhando a evolução da receita do governo: 15% da Receita Corrente Líquida (RCL) para a saúde e 18% da Receita Líquida de Impostos (RLI) para a educação. Durante a vigência do teto, essas despesas eram corrigidas apenas pela inflação.

Tebet sinalizou que o governo vai buscar uma solução para não aplicar a regra em 2023.  Foto: Sebastião Moreira/EFE

PUBLICIDADE

“Diante do Orçamento que nós temos, estamos consultando o TCU, e o faremos de forma formal, para saber em relação a educação e saúde. Se tivéssemos que aplicar os pisos, ainda que proporcionalmente esse ano, significaria, muitas vezes, shutdown em relação a alguns ministérios”, afirmou Tebet em pronunciamento a jornalistas sobre o Orçamento, que será enviado ao Congresso nesta quinta-feira, 31. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participou.

“Portanto, diante da impossibilidade fática e jurídica, a nossa interpretação é: o teto de gastos vigora até o final do ano para efeitos orçamentários”, disse.

O Estadão já mostrou, em reportagem publicada em julho que o presidente do TCU, Bruno Dantas, aconselhou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a fazer uma consulta oficial à Corte de Contas sobre como tratar o cumprimento do piso em 2023.

Haddad se reuniu com Dantas, no início de julho, para falar sobre o problema. A alternativa discutida entre elas foi justamente foi conseguir um aval do governo para não aplicar a regra em 2023. Na época, o aumento estimado era de R$ 3 bilhões.

A chamada PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Transição, aprovada no final do ano passado para aumentar o espaço para despesas em 2023, tem um comando que revoga o teto de gastos com a lei do arcabouço fiscal – nova regra para controle das contas públicas. Desde 2017, porém, os dois pisos - durante a vigência do teto de gastos – foram corrigidos apenas pela inflação (IPCA).

Publicidade

2024

Para o ano que vem, a ministra disse que a volta dos pisos está “resolvida”. Tebet ressaltou que essas despesas vão comprometer a maior parte do espaço que o novo arcabouço fiscal abriu no limite para os gastos públicos – sobretudo a área da saúde, que terá um aumento de verba de 140% com a retomada do piso. No Orçamento de 2024, as despesas do governo serão ampliados em R$ 129 bilhões.

“Aquele espaço fiscal que o arcabouço abriu no Orçamento, basicamente, é consumido para a saúde. Fala-se: ‘nossa, se abriu espaço fiscal para gastos muito grande’. Mas quando se coloca piso do investimento, piso da educação, piso da saúde e todo o impacto da valorização do salário minimo, sobra muito pouco para os demais ministérios”, afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.