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Volume de serviços cresce 0,2%, e ganhos de maio e junho eliminam perdas de abril, diz IBGE

Setor operava em junho em patamar 1,5% abaixo do pico registrado em dezembro de 2022, que foi o mais elevado da série histórica iniciada em 2011

RIO E SÃO PAULO - Assim como o varejo e a indústria, o setor de serviços ficou próximo à estabilidade em junho. O volume de serviços prestados cresceu 0,2% em relação a maio, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nesta quinta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O indicador está mais ou menos estável em um nível bem alto de atividade, mas como tendência no mês a mês temos visto variações bem grandes”, avaliou o economista Carlos Lopes, do Banco BV.

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Diante do elevado nível de atividade atingido pelo setor, o Banco BV não crê em crescimento expressivo nas próximas leituras, mas projeta uma alta de 2,6% para os serviços no ano de 2023.

“É uma desaceleração em relação ao que vimos no ano passado, mas justamente porque estamos falando de um nível já muito alto de atividade. Crescer cerca de 2,5% não é ruim, é bom para um setor que manteve o ritmo forte”, opinou Lopes.

Setor de Serviços se destaca pelo alto número de empregos gerados Foto: Leonardo Soares / AE

Para o Bradesco, os dados dos serviços em junho, assim como os do varejo no mês, mostram uma atividade econômica em desaceleração bastante gradual. Com o resultado, o Bradesco manteve a expectativa de crescimento de 2,1% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. O C6 Bank permaneceu com projeção de crescimento de 2,5% para o PIB do ano.

Na passagem de maio para junho, três das cinco atividades de serviços registraram crescimento: serviços profissionais, administrativos e complementares (0,8%), serviços prestados às famílias (1,9%) e informação e comunicação (0,5%). As perdas ocorreram em transportes (-0,3%) e outros serviços (-0,4%).

Na média global, o volume de serviços prestados cresceu 0,5% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior, após uma queda de 0,7% no primeiro trimestre deste ano.

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Segundo Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE, o setor de serviços construiu uma base de comparação elevada ao longo de 2022, o que levou a iniciar 2023 no negativo, mas os resultados seguintes reaproximaram o volume de serviços prestados no País do ápice alcançado no fim do ano passado.

Lobo lembra que, na série com ajuste sazonal, após atingir patamar recorde em dezembro de 2022, os serviços colecionam em 2023 quatro meses com taxas positivas contra duas negativas: janeiro (-3,4%), fevereiro (0,8%), março (1,2%), abril (-1,6%), maio (1,4%) e junho (0,2%).

“Os ganhos de maio e junho eliminam completamente a perda de abril”, frisou Lobo. “O setor de serviços reduz o ‘gap’ em relação a dezembro.”

O setor de serviços operava em junho em patamar 1,5% abaixo do pico registrado em dezembro de 2022, que foi o mais elevado da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços, iniciada em 2011 pelo IBGE.

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Lobo mencionou que o transporte de cargas, um dos principais pilares da recuperação dos serviços após o choque inicial da pandemia de covid-19, renovou patamar recorde em junho de 2023, graças à demanda persistente de escoamento de insumos agrícolas e de produtos da safra recorde, ao boom do comércio eletrônico e ao transporte de matérias-primas e mercadorias da indústria. O segundo pilar, que é o segmento de tecnologia da informação, também funcionava em junho no maior nível da série histórica.

Os serviços prestados às famílias mostraram crescimento contínuo nos últimos três meses, mas a migração de parte da receita de restaurantes e hotéis para aplicativos de entrega e de hospedagem explica a dificuldade de essa atividade retornar ao patamar pré-pandemia, avaliou Rodrigo Lobo.

O setor de serviços como um todo funcionava em junho em patamar 12,1% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária no Brasil. Entre as atividades pesquisadas, os transportes operavam 23,5% acima do nível pré-covid; serviços de informação e comunicação, 18,3% acima; outros serviços, 0,3% acima; e serviços profissionais e administrativos, 9,8% acima. Já os serviços prestados às famílias ainda estavam 2,5% abaixo.

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“Esse é o menor nível de distância que serviços prestados às famílias têm em relação ao pré-pandemia (desde o início da crise sanitária)”, ponderou Lobo, frisando a melhora proporcionada pelo retorno à normalidade do consumo desse tipo de serviço após o fim das restrições impostas pela covid-19.

Por outro lado, o pesquisador do IBGE lembra que os aplicativos de entrega se popularizaram e, atualmente, “detêm uma parte das receitas de restaurantes”.

“Então parte dessa receita migra para os serviços profissionais, complementares e administrativos, onde está a receita desses aplicativos de entrega”, justificou Lobo.

No caso dos hotéis, as outras formas de hospedagem contratadas através de sites e aplicativos também são investigadas na atividade de serviços profissionais, complementares e administrativos. Segundo ele, esse movimento de compartilhamento de receita e perda de faturamento em função dos aplicativos e novas formas de intermediação de serviços “é natural” na economia.

“As famílias estão consumindo hospedagem, mas não necessariamente os recursos estão indo para serviços prestados às famílias”, disse ele. “Parte dessa receita não voltou para os serviços prestados às famílias, ela foi para outra atividade econômica (serviços profissionais e administrativos).”

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