Em meio às crescentes discussões (e campanhas) em torno do voto útil, o ex-presidente do Itaú Unibanco Candido Bracher afirmou considerar a manobra uma “violência”. “Acho que a campanha pelo voto útil é uma violência. Quando alguém deixa de fazer o que quer por medo de golpe, está cedendo a uma ameaça. Já deixou quem está ameaçando ganhar.”
Bracher disse acreditar que as instituições brasileiras são fortes e que não teme um golpe. Ele voltou a declarar seu voto a Simone Tebet (MDB). O executivo, inclusive, doou R$ 125 mil à direção nacional do MDB.
Para ele, a candidata tem um “histórico excelente”, que combina vida acadêmica com funções executivas. “É um histórico coerente e bonito. Você pode colocar na primeira página do jornal tudo que ela fez. Entre as alternativas, é de longe a melhor.”
Bracher disse não querer antecipar seu voto em um possível segundo turno entre o ex-presidente Lula e o atual presidente, Jair Bolsonaro, por estar totalmente comprometido com a emedebista. “Acho que, no primeiro turno, a gente vota em quem a gente acredita. No segundo, a gente vota para evitar o que a gente não quer.”
O ex-presidente do Itaú é o oitavo maior doador do País a campanhas nestas eleições, com R$ 2,5 milhões. Ele destacou que os repasses aos candidatos foram feitos por ele e sua esposa, Teresa. “São doações que nascem do sentimento de responsabilidade para com o País.”
Do total doado, 89% foi destinado a candidatos ao Poder Legislativos. Ao todo, dois candidatos ao Senado e 25 à Câmara dos Deputados receberam recursos. Bracher afirmou que, com as doações, pretende “fortalecer a democracia no País, especificamente o Legislativo”.
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“Vejo o Legislativo muito aquém do que o Brasil merece e necessita, com questões sendo resolvidas por troca de favores. Tem também essa questão do orçamento secreto. O Legislativo está se tornando mais poderoso e não está usando esse poder como deveria. Precisamos de mais gente comprometida com o País e menos consigo mesma.”
Dos 27 candidatos ao Legislativo beneficiados pelos recursos de Bracher, 27% são do PSDB. O restante se divide entre PSD, Podemos, PSB, União, Novo, Cidadania, Republicanos, Patriota e MDB.
Bracher disse que buscou distribuir os recursos entre candidatos de diferentes Estados, procurando, sobretudo, nomes éticos. “São mais do que candidatos ficha limpa, são pessoas que podem melhorar muito a qualidade do nosso Congresso”. Segundo ele, colegas ajudaram a selecionar os beneficiados.
O executivo ainda destinou R$ 100 mil ao candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PSOL, Marcelo Freixo, e R$ 50 mil ao do Acre pelo PT, Jorge Viana. Bracher destacou que o apoio ao Freixo decorre da percepção de que o Estado do Rio se encontra em uma situação “grave” e precisando de mudança. “Há várias áreas onde o Estado não penetra, em que a lei não impera. Tem a questão das milícias. Minha impressão é muito boa do Freixo, embora não divida das ideias econômicas dele.”
Em relação a Jorge Viana, acrescentou que a doação ocorreu devido a sua preocupação e a de sua mulher com o meio ambiente. Teresa Bracher é reconhecida pelo seu trabalho como ambientalista - ela atua na criação de corredores ecológicos no Pantanal.
Também pela causa ambiental, Bracher doou R$ 50 mil a Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro. Mandetta concorre pelo União Brasil ao cargo de Senador pelo Mato Grosso do Sul.
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