54% dos professores identificam racismo entre alunos, diz pesquisa; educadores apontam saídas

Estudo do Observatório Fundação Itaú e da Equidade.Info aponta ainda que um em cada cinco professores brancos não sabe sobre discriminação racial

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Foto do author Gonçalo Junior

Mais da metade dos professores de escolas privadas e públicas (54%) reconhece a existência de situações de racismo entre os estudantes. Este número chega a 67% entre os docentes do ensino fundamental II, que atuam do 6º ao 9º ano.

Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita do Observatório Fundação Itaú, em parceria com a Equidade.Info, plataforma vinculada à Stanford Graduate School of Education, entre abril e maio. Foram 2.889 alunos, 373 docentes e 222 gestores do universo de 160 escolas públicas e privadas.

Pesquisa aponta que 54% dos professores reconhecem a existência de racismo entre estudantes. Foto: wavebreak3 /adobe.stock

Na visão de especialistas, a percepção direta dos professores mostra os desafios de alunos pretos e pardos no cotidiano escolar e evidencia a necessidade de um projeto sistêmico e duradouro de combate ao racismo. Outros dados reforçam essa percepção.

  • Entre os gestores, apenas 37% concordam que os profissionais da secretaria da escola passaram por alguma formação ou discussão coletiva sobre racismo.
  • 21% dos professores autodeclarados brancos disseram não saber sobre o tema (entre professores negros, a porcentagem é de 9%.

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“Pelos resultados, fica evidente que uma oferta maior de formação dos gestores escolares e professores é um dos principais caminhos no enfrentamento ao racismo, uma vez que auxilia a comunidade escolar a reconhecer e acompanhar os problemas desta natureza, bem como de planejar ações preventivas “, diz Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório Fundação Itaú.

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Por outro lado, o levantamento também revela avanços na luta contra o racismo:

  • 70% dos estudantes concordam que os alunos negros são respeitados nas escolas em relação ao seu fenótipo;
  • 75% dos professores disseram que na sua escola há procedimentos para lidar com casos de racismo. No ensino médio, especificamente, a taxa sobe para 86%.

Especialistas destacam importância da ação coletiva e de longo prazo

Cida Bento, co-fundadora e conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) afirma que os resultados indicam a necessidade de aceleração dos protocolos antirracistas.

“É preciso que existam canais de denúncia e que elas sejam apuradas. Também é importante um projeto sistêmico para tratar desses temas. Não são apenas ações pontuais e episódicas, como no dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra)”.

Na opinião da educadora, a criação de um ambiente escolar hospitaleiro envolve desde a escolha dos brinquedos e do material didático e paradidático até o tratamento aos professores – ele lembra que esse segmento também é vítima de discriminação.

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Esmeralda Macana destaca que os possíveis avanços não estão apenas nas mãos dos professores. “Uma Secretaria de Educação pode fomentar políticas intencionais, como ouvir os diretores, coordenadores pedagógicos, professores, estudantes e suas famílias para criar um plano de ação de combate ao racismo”.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), organização da sociedade civil que atua pela equidade racial e de gênero.

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