A engenharia é para elas

Iniciativas acadêmicas, mentorias e redes de apoio transformam trajetórias de engenheiras em exemplos de sucesso

27/03/2025 | 11h25

Hoje, a engenheira de produção Priscila Pantarotto é supervisora de projetos em Safety, Health and Environment (SHE) no Mercado Livre, onde desenvolve soluções em segurança e meio ambiente para toda a América Latina. Mas chegar lá não foi fácil. “No meu início de carreira, perdi oportunidades de emprego para homens, não conseguia ser ouvida em fóruns predominantemente masculinos e, algumas vezes, aplicavam o ‘man explaining’ em discussões técnicas”, conta.

Priscila precisou se posicionar para conquistar espaço em um mercado majoritariamente masculino — apenas 20% dos profissionais de engenharia são mulheres, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Para ela, é fundamental criar redes de apoio, participar de grupos profissionais e compartilhar vivências. “Faço parte de dois grupos de engajamento feminino, onde aprendo e ensino sobre como me posicionar e ultrapassar dificuldades com apoio de mulheres que passaram por situações semelhantes”, diz.

Priscila se posicionou e conquistou espaço em um ambiente majoritariamente masculino Foto: Diego Padgurschi/Estadão Blue Studio

Pioneirismo e inspiração

Décadas antes de Priscila ingres­sar na profissão, Monica Porto também precisou romper barreiras. Quando entrou na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), em 1974, era uma das poucas mulheres entre os cerca de 180 alunos da Engenharia Civil.

Monica seguiu carreira acadêmica, tornou-se professora na Poli em 1984 e ocupou cargos estratégicos no setor público. Em 2016, foi a primeira mulher premiada como Eminente Engenheira do Ano pelo Instituto de Engenharia.

Caminho para a equidade

Ampliar a presença feminina na engenharia começa na formação acadêmica. No Centro Universitário Senac Santo Amaro, onde Priscila Pantarotto estudou, ações incentivam a participação de alunas e as preparam para o mercado. “O número de alunas tem crescido gradualmente, e isso é muito positivo”, diz Ricardo Luiz Ciuccio, coordenador dos cursos de Engenharia de Produção e de Computação.

A instituição promove mentoria com profissionais experientes e eventos que estimulam redes de apoio e ações por equidade. “Temos palestras sobre empoderamento feminino, parcerias com empresas que valorizam a diversidade e redes de apoio entre as alunas”, diz Anna Cristina Baptista Pereira, coordenadora de Pós-Graduação em Engenharia.

Assim, mais mulheres seguem os passos de profissionais como Monica e Priscila, que abrem caminhos e inspiram novas gerações.

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