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'A gente olha para a USP e não parece que está no Brasil', diz aluna negra aprovada em 1º lugar

Estudante de Medicina, Bruna Sena comemorou aprovação de cotas raciais na universidade: 'vai refletir a diversidade da sociedade'

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Atualização:
Bruna Sena passou em 1º lugar no curso mais concorrido da USP Foto: Bruna Sena/Reprodução Facebook (foto cedida)

SÃO PAULO - A estudante Bruna Sena, aprovada neste ano em 1º lugar no curso de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, comemorou a decisão da USP desta terça-feira, 4, de aprovar cotas raciais e sociais no vestibular. "A gente olha para a USP e não parece que está no Brasil", diz a aluna de 17 anos, que é negra e estudou em escola pública. 

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Pela primeira vez na história, a USP terá cotas no vestibular para alunos de escola pública e pretos, pardos e indígenas (PPI) em todos os cursos. A meta é ter 50% de calouros da rede pública até 2021 e, dentro desse grupo, ter 37% de estudantes PPI. A decisão já vale para o próximo processo seletivo. 

A medida foi aprovada nesta terça-feira, 4, pelo Conselho Universitário (CO), órgão máximo da instituição. A universidade vai manter a Fuvest, a prova de ingresso tradicional, e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como métodos de entrada.

"Eu fiquei muito feliz. Foi uma coisa histórica. Já estava na hora. A Unesp (Universidade Estadual Paulista) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) já têm cotas e a USP estava na retaguarda", destacou a aluna, em entrevista ao Estado

Após anos de pressão dentro e fora da comunidade universitária, a USP é a última a aderir às cotas entre as estaduais - a Unicamp aprovou reserva de vagas em maio deste ano e a Unesp, em 2013. Já o ensino superior federal usa cotas desde 2012. 

"Finalmente isso vai refletir a diversidade da sociedade, a diversidade étnica e social. A gente olha para a USP e não parece que está no Brasil. Não reflete o que a gente vê na rua", critica a estudante, uma entre os poucos alunos negros em sua turma. "Na minha sala, não tem nem cinco. Não chega a 10%". 

A aluna, que recebeu bônus em sua nota no vestibular pelo Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), destaca o valor das cotas. "Os bônus são importantes, mas a reserva de vagas, o sistema de cotas, é muito mais efetivo."

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O reitor da USP, Marco Antonio Zago, admite que a novidade vai demandar mais recursos para a permanência estudantil e a USP precisará de ajuda financeira do Estado para conceder bolsas aos alunos de baixa renda. A demora em aprovar a mudança, diz ele, se deve ao perfil divergente entre as unidades. “A USP é muito heterogênea na sua origem, na vida acadêmica das unidades.”

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