Atualizada às 22h30
Uma reunião extraordinária da Congregação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp), órgão máximo da instituição, vai apresentar nesta quinta-feira, 9, o resultado de um processo interno de um aluno acusado por três estudantes de tê-las estuprado. A participação do aluno na colação de grau, que ocorrerá no próximo dia 14, depende do resultado da apuração.
O aluno já cumpriu os créditos exigidos na graduação, mas pode não se formar. Nesta segunda-feira, o advogado do estudante apresentou sua defesa formal à universidade. Apesar de a Fmusp não confirmar, um e-mail enviado aos membros da Congregação ao qual o Estado teve acesso confirma o teor da reunião: "Ordem do dia - processo administrativo disciplinardecorrente de denúncia formalizada perante Comissão Sindicante, instaurado contra aluno do Curso de Graduação em Medicina da FMUSP - Relatório da Comissão Administrativa Disciplinar".
Na terça-feira, 7, cerca de 20 alunos e alunas da Fmusp, além de ativistas da Marcha Mundial das Mulheres e da Ong ITTC foram à frente da universidade às 12h para entregar ao diretor José Otávio Costa Auler Junior um documento em repúdio à falta de punição nos casos de violência sexual na instituição. A nota era assinada por cerca de 1 mil pessoas, principalmente advogados, sociólogos e estudantes. Os alunos chegaram a afixar nos portões da instituição panos pintados com as frases "médico estuprador não cola" e "USP, 1ª no ranking de conivência com estupro".
CPI. O aluno acusado chegou a ser convocado a participar de uma das audiências da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou os casos de violações de direitos humanos em universidades do estado de São Paulo, mas não compareceu. A CPI foi criada depois de duas alunas da USP denunciarem, em audiência pública, terem sido estupradas em festas organizadas por alunos da instituição. O relatório final do trabalho, entregue em março, chegou a propor até a proibição de qualquer aluno punido em sindicâncias de participar de concursos públicos.
A Fmusp informou, em nota, que não pode comentar o caso, já que ocorre em sigilo. Ressaltou ainda o conjunto de medidas criados para promover "Um ambiente de tolerância e respeito e coibir quaisquer formas de abuso", como o Núcleo de Estudos dos Direitos Humanos, o Núcleo de Acolhimento e Escuta e a ouvidoria.
O advogado do aluno, Daniel Casagrande, afirmou que não vai comentar o caso por se tratar de um processo sigiloso, mas que confia "plenamente" na absolvição de seu cliente. Informou ainda que foram apresentadas "uma série de provas" da inocência do estudante.