Depois de 55 dias de ocupação, passando por Natal e virada de ano, os estudantes da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste da capital paulista, deixaram completamente a unidade no início da noite desta segunda-feira, 4. A desocupação ocorreu em um clima tranquilo, sem violência, com a presença de membros da secretaria estadual de Educação.
Primeira escola ocupada inicia reposição das aulas
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Fernão Dias Paes
Reposição na Fernão será feita até o início do ano letivo de 2016 Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Escola Estadual Fernão Dias Paes
A desocupação ocorreu em um clima tranquilo, sem violência, com a presença de membros da Secretaria Estadual de Educação Foto: Alex Silva/Estadão
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Polícia Científica faz perícia na Escola Estadual Fernão Dias Paes Foto: Alex Silva/Estadão
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Com organização para a limpeza da unidade e gestão dos próprios estudantes, a escola virou uma referência para outras ocupações Foto: Gabriela Biló/Estadão
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Os alunos limparam a escola e recolheram sacos de lixo, colchões e cobertas pessoais antes de saírem Foto: Gabriela Biló/Estadão
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Sala de aula foi limpa pelos estudantes da Fernão Dias Foto: Gabriela Biló/Estadão
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Estudantes dormiam nas salas de aula durante a ocupação Foto: Gabriela Biló/Estadão
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Estudantes retiram cartaz fixado na Escola Estadual Fernão Dias Paes Foto: Alex Silva/Estadão
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A ocupação recebeu o apoio de intelectuais e personalidades, que realizaram aulas e debates no local Foto: Gabriela Biló/Estadão
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A exemplo de outras ocupações, o movimento se manteve sem lideranças Foto: Alex Silva/Estadão
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Alunos se reencontram nesta quarta-feira, 6, na Escola Estadual Fernão Dias Paes, no primeiro dia de reposição das aulas após o fim da ocupação das un... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
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Primeira escola a ser ocupada em São Paulo, aFernão Dias Paes virou uma espécie de símbolo do movimento Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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Entrada nesta quarta-feira, 6, aconteceu de forma tranquila Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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Depois de 55 dias de ocupação, passando por Natal e virada de ano,os estudantes da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste da capit... Foto: Alex Silva/EstadãoMais
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Cerca de 50 alunos participaram da desocupação da escola Foto: Gabriela Biló/Estadão
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Na manhã seguinte à desocupação, pais de alunos foram à Fernão Dias Paes para saberinformações sobre o retorno das aulas Foto: Werther Santana/Estadão
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Entre os estudantes, o clima era de satisfação pela repercussão e resultado do movimento Foto: Gabriela Biló/Estadão
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A dirigente de ensino da regional Centro-oeste da Secretaria de Educação, Rosângela Aparecida de Almeida Valim, esteve na escola para conversar com os... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Escola Estadual Fernão Dias Paes
'Não é uma vistoria, vim para conhecer e acompanhar como estão as coisas', diz a dirigente de ensino da regional Centro-oeste da Secretaria de Educaçã... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
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A ocupação na Escola Estadual Fernão Dias começou na manhã do dia 10 de novembro. Foi a primeira escola da capital a ser ocupada e a segunda no Estado... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Escola Estadual Fernão Dias Paes
Os alunos também recolheram a maioria das faixas sobre a ocupação que adornavam a fachada do prédio Foto: Alex Silva/Estadão
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A ideia da reorganização era fechar 93 escolas no ano que vem e transformar 754 prédios em unidades de ciclos únicos Foto: Gabriela Biló/Estadão
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Cerca de 50 alunos participaram da desocupação. Às 19h15, eles leram em conjunto uma declaração de desocupação "voluntária" e fizeram uma pequena lista de reparos pelos quais se responsabilizaram a arcar: os vidros de duas janela, fechadura de um arquivo, um espelho, uma mesa de mármore e uma mesa de pingue-pongue.
Entre os estudantes, o clima era de satisfação pela repercussão e resultado do movimento. Enquanto cantavam gritos contra o governo, muitos se abraçavam. "Dá uma tristeza de acabar por causa da família que se formou aqui. Aprendi muito na ocupação. Sobre falar, sobre política, sobre os problemas da educação no Brasil", disse a aluna do 1° ano Camilla Rodrigues, de 15 anos.
Após a desocupação, os estudantes fizeram uma breve interrupção no trânsito da Avenida Pedroso de Morais. Eles carregavam faixas contra o aumento da tarifa de ônibus.
Veja rotina das escolas ocupadas em SP
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Veja rotina das escolas ocupadas em SP
Cartaz sobre limpeza naEscola Estadual Silvio Xavier, bairro do Piqueri, zona norte da cidade de São Paulo Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Veja rotina das escolas ocupadas em SP
Estudante faz aula de quadrinhos em escola ocupada na capital paulista Foto: ALEX SILVA ESTADAO
Reorganização
A Secretaria daEducação de São Paulo apresentou, em setembro, a reorganização de sua rede.A ação pretende reduzir o número de segmentos das escolas es... Foto: SÉRGIO CASTRO/ESTADÃOMais
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Foto na escola EscolaEstadual Padre Sabóia, na zona sul de São Paulo,ocupada por alunos Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO.
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Alunos se dividem nas tarefas durante ocupação naEscola Estadual Silvio Xavier, zona norte da cidade. Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Secretaria 'desocupou' escolas nunca invadidas
A Secretaria da Educação divulgou a informação de que teria conseguido desocupar 38 escolas invadidas por meio do diálogo.Ao menos em seis delas, visi... Foto: Tiago Queiroz/EstadãoMais
Futuro incerto
A Secretaria garanta que todas as escolas fechadas serão utilizadas como equipamento educacional, mas as prefeituras que receberão os prédios ainda nã... Foto: Sérgio Castro/EstadãoMais
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A Escola Estadual Ciridião Buarque, ocupada por estudantes contra o processo reorganização da rede, teve um oficina de quadrinhos Foto: ALEX SILVA ESTADAO
Caso a caso
A secretaria disse estar disposta a rever caso a caso e dialogar com a comunidade.Após reportagem doEstadorelevar que uma das escolas reorganizada rec... Foto: Tiago Queiroz/EstadãoMais
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Lado de fora da Escola Estadual Silvio Xavier, ocupada por estudantes contra mudanças na rede estadual de SP Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
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Escola ocupada tem apresentação musical na zona norte da capital paulista Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
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Estudantes se comunicam durante ocupação de escola na capital paulista Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Veja rotina das escolas ocupadas em SP
Entrada da Escola Estadual Fernão Dias, ocupada por alunos desde o dia 9 de novembro Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO.
A ocupação no Fernão começou na manhã do dia 10 de novembro. Foi a primeira escola da capital a ser ocupada e a segunda no Estado. No auge do movimento, 196 escolas foram tomadas por alunos em São Paulo.
Com organização para a limpeza da unidade e gestão dos próprios estudantes, a escola virou uma referência para outras ocupações. O prédio passou uma semana cercado por policiais militares, o que colaborou para que a unidade se tornasse símbolo da ação dos estudantes contra a reorganização anunciada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) - e suspensa no dia 4 de dezembro.
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A desocupação estava marcada para as 18h desta segunda. Os estudantes entregaram a chave da escola às 21h05, após perícia da Polícia Civil. Também entregaram uma carta com reivindicações como renovação do grêmio estudantil, mudança em alguns horários da escola, como o de entrada para atrasados, abertura da escola fora do horário de aula, participação dos alunos no projeto pedagógico e merenda nas noites de sexta-feira.
Os alunos limparam a escola e recolheram sacos de lixo, colchões e cobertas pessoais antes de saírem. Também recolheram a maioria das faixas sobre a ocupação que adornavam a fachada do prédio. O saco plástico que cobre a estátua do bandeirante que dá nome à escola foi mantido.
No meio da tarde, a dirigente de ensino da regional Centro-oeste da Secretaria de Educação, Rosângela Aparecida de Almeida Valim, esteve na escola para conversar com os alunos e ver as condições da escola. "Não é uma vistoria, vim para conhecer e acompanhar como estão as coisas", disse ela, que ressaltou a urgência de reiniciar as aulas. "Faremos uma reunião com os professores amanhã e queremos recomeçar as aulas no dia seguinte".
Segundo a dirigente, haverá 28 dias de aula para que se complete os 200 dias letivos previstos na legislação. As reposições devem ocorrer antes do dia 15 de fevereiro, quando está marcado o início do ano letivo de 2016. "Temos urgência para resolver os históricos escolares de quem está se formando e também a documentação de aposentadorias de professores", diz Rosângela.
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Ao longo da tarde, os estudantes realizaram reuniões fechadas no interior da unidade. Por volta das 17h30, expuseram na porta da escola uma faixa com os dizeres "ocupar para educar".
A ocupação recebeu o apoio de intelectuais e personalidades, que realizaram aulas e debates no local. A cartunista Laerte e o escritor e autor Gregório Duvivier foram alguns nomes que passaram pela escola. A chef Paola Carosella também cozinhou no local. "Mas o melhor prato que fizemos aqui foi um peru com abacaxi, pouco antes do Natal", disse o aluno Heudes Oliveira, de 18 anos, aluno do 3° ano.
A exemplo de outras ocupações, o movimento se manteve sem lideranças. Oliveira, no entanto, foi o mais proeminente participante. Aluno do Fernão há seis anos, ele preferiu neste ano se dedicar ao movimento a se preparar para o vestibular. Oliveira quer estudar Direito.
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"Estava no cursinho (paralelamente ao 3°ano), mas parei porque vi que essa luta era mais forte do que passar no vestibular neste ano", diz ele, que mora em Embu das Artes, região metropolitana. "Tudo isso aconteceu porque o governo teve uma atitude autoritária, sem nos ouvir. Demos o exemplo que os alunos querem participar e se interessam pela sua educação. E a luta continua".
Alguns pais e professores também acompanharam a saída dos estudantes. "Apoiei desde o começo o movimento, é o despertar político deles, que estão lutando pelo que acreditam", disse a analista Marcia Balades, de 54 anos, mãe de uma das alunas do Fernão.
A professora de Filosofia Dalva Garcia, de 50 anos, que leciona há 13 anos na escola, fez a primeira aula pública na unidade depois da ocupação. "Alguns alunos meus não me surpreenderam por toda essa mobilização e outros tiveram um grande aprendizado. Isso tudo foi um sintoma do desgaste de uma gestão não democrática da educação", disse ela, professora da rede estadual há 25 anos.
A ideia da reorganização era fechar 93 escolas no ano que vem e transformar 754 prédios em unidades de ciclos únicos. O governo argumenta que esse tipo de escolas tem melhor desempenho no Idesp, o indicador de qualidade do Estado. Sobre o fechamento das unidades, a gestão defende que houve queda no número de alunos.
Depois da suspensão do projeto para 2016, estudantes mantiveram a mobilização exigindo um sinal de que a reorganização não seria retomada sem discussão efetiva com as comunidades escolares. Ainda há 7 escolas ocupadas, cinco na capital e duas em Santos. O governo promete voltar a discutir o projeto neste ano, mas ainda não anunciou um calendário.