O ambiente escolar, em qualquer fase da vida, vai além de oferecer conhecimento. Ele também contribui para novas vivências. Proporciona, por exemplo, a descoberta de novos horizontes e o pensamento crítico para encarar os desafios de um mundo que está sempre mudando. Também oferece a oportunidade de superar questões como a vulnerabilidade social e fazer parte de revoluções – como a tecnológica –, entre tantas outras experiências. Todos esses fatores são capazes de garantir um clima escolar positivo.
Ivy Sandim, gerente de Educação Básica do Sesi-SP, destaca que a escola é considerada o berço das relações sociais. “É nela que os conhecimentos gerados pela humanidade começam a fazer sentido diante de práticas educacionais que coadunam com uma aprendizagem que ocorre no coletivo, nas descobertas e nas dúvidas e questionamentos”, diz.
No último mês, as instituições de ensino Sesi-SP e Senai-SP lançaram uma campanha para comemorar o Dia da Educação (28 de abril). O objetivo é destacar a relevância e os valores do ensino, das escolas e dos professores, além dos compromissos interdisciplinares das duas instituições com a formação dos alunos. As ações são fundamentadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e são realizadas em parceria com as famílias. A campanha traz como tema os seis pilares trabalhados pelo Sesi e Senai de São Paulo, instituições que estão entre as melhores escolas do País.
São eles:
- Conhecimento e Descoberta
- Diversidade e Inclusão
- Criatividade e Inovação
- Respeito e Ética
- Soft Skills (habilidades comportamentais)
- Corpo e Mente
Segundo Ivy, a busca é pelo desenvolvimento integral. E, quando se fala em desenvolvimento integral, amplia-se a visão tradicional de ensino para uma escola que está preocupada com o biopsicossocial, os aspectos culturais, educacionais, esportivos e de desenvolvimento de competências socioemocionais.
Impacto da pandemia na educação e a importância do ambiente escolar
Nos primeiros anos de pandemia, os seis pilares que dão suporte ao trabalho do Sesi-SP e do Senai-SP ganharam ainda maior visibilidade entre aqueles que valorizam a educação. Muitos pais e estudantes enfrentaram dificuldades diante da impossibilidade de estar na sala de aula. A covid evidenciou as diferenças e carências. Uma pesquisa feita pelo Ipec para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgada em setembro do ano passado, revelou que cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes, com idade entre 11 e 19 anos, estavam naquele momento sem frequentar a escola. O que equivale a mais de um a cada 10 estudantes nessa faixa etária.
Já o levantamento Impactos da Pandemia na Educação Brasileira, encomendado a dois pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pela associação D3e e pela Fundação Lemann, confirma os impactos deste período no aprendizado.
A perda de aprendizagem foi de 4 a 10 meses, de acordo com a etapa escolar. A pesquisa mostra que crianças de nível socioeconômico baixo aprenderam metade do assimilado por aqueles com melhor condição. De uma forma geral, foram ao menos cinco meses de perda de aprendizagem antes do retrocesso na evasão escolar.
Ivy concorda que hoje, como resultado do isolamento social vivido no início da pandemia, há uma corrida pelas aprendizagens não desenvolvidas. Essa busca se justifica, já que a sua ausência interfere no desenvolvimento das complexidades, dos conhecimentos e na própria conduta social, explica a especialista do Sesi.
“Precisamos retomar, recuperar, reforçar e propor aulas mais significativas, disruptivas, interdisciplinares, na percepção de que quanto mais professores pensam em planejar juntos, mais conexões serão realizadas. E bingo! Essa é a aprendizagem significativa. Aquela em que os estudantes poderão acessar em qualquer fase da vida”, completa a gerente de Educação Básica do Sesi-SP.
Sala de aula atua como ambiente transformador
Números como os revelados pelo levantamento da Fundação Lemann e a D3e mostram os efeitos do distanciamento das escolas provocado pela pandemia e reforçam o papel da sala de aula em diferentes fases da vida e suas percepções distintas sobre essa vivência, como ocorre quando se chega à adolescência.
Na avaliação de Cássia Cruz, gerente de Educação do Senai-SP – instituição que está entre os cinco maiores complexos de educação profissional do mundo e o maior da América Latina –, jovens e adultos têm uma identificação maior com aquilo que é desenvolvido em sala de aula. Eles entendem os porquês e para que estão estudando.
“Especificamente na educação profissional, aplicar esse conhecimento é de extrema relevância, o que é a natureza das nossas escolas no dia a dia. Quando o conhecimento é aplicado, ele ganha mais sentido, o que permite uma aprendizagem mais contextualizada, evitando uma fragmentação”, conclui Cássia.
Assista ao teaser da campanha:
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.